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Mercado de Capitais

- Publicada em 14 de Agosto de 2018 às 22:07

Crise na Turquia afeta procura por dólares

Nas casas de câmbio de Porto Alegre, demanda pela divisa diminuiu

Nas casas de câmbio de Porto Alegre, demanda pela divisa diminuiu


/FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC
A tensão crescente entre EUA e Turquia mexeu fortemente com o mercado de câmbio nesta terça-feira. No segmento turismo, a procura pela moeda caiu nas principais casas de câmbio da capital gaúcha. "A calmaria que vivia a moeda americana parece ter chegado ao fim e isso já era esperado, tanto por fatores externos quanto internos", observa o diretor de câmbio da FB Capital, Fernando Bergallo, que acredita que as eleições para presidente no Brasil devem provocar novas variações bruscas do dólar até outubro. Por isso, opina, vale a pena comprar a moeda em momentos em que ocorrem quedas da taxa de câmbio.
A tensão crescente entre EUA e Turquia mexeu fortemente com o mercado de câmbio nesta terça-feira. No segmento turismo, a procura pela moeda caiu nas principais casas de câmbio da capital gaúcha. "A calmaria que vivia a moeda americana parece ter chegado ao fim e isso já era esperado, tanto por fatores externos quanto internos", observa o diretor de câmbio da FB Capital, Fernando Bergallo, que acredita que as eleições para presidente no Brasil devem provocar novas variações bruscas do dólar até outubro. Por isso, opina, vale a pena comprar a moeda em momentos em que ocorrem quedas da taxa de câmbio.
O especialista da FB Capital destaca que o movimento global de fuga do risco está se refletindo claramente na queda dos juros soberanos de 10 anos, que caíram de 2,96% para os títulos dos EUA e de 0,44% para 0,34%. "Em uma conjuntura onde o real e diversas moedas ao redor do mundo sofrem a desvalorização em função da briga entre o governo Trump e a Turquia, o investidor se vê obrigado a procurar lugares seguros para enviar capital em meio ao caos e segurança significa estar com os ativos em dólar", explica.
Cotado a R$ 4,08 na Prontur, o dólar teve pouca saída ontem. "Só quem está com viagem marcada se viu obrigado a comprar", resume o proprietário da empresa, Pietro Predebon. Ele destaca que este ano o enfraquecimento da demanda é visível, mesmo em período de férias, chegando a 10% frente a julho do ano passado.
Também na Câmbio Ideal, em Porto Alegre, a procura foi baixa. "Na segunda-feira, vendemos o dólar americano em R$ 4,13 - nossa maior taxa do ano, já com impostos inclusos", comenta o sócio da empresa, Lucas Xavier Rech. "Com a saída de capital volátil dos mercados emergentes (para países de primeiro mundo, com economia mais sólida), a bolsa teve queda em torno de 2%", observa Rech, ao destacar que acredita que a moeda não deva aumentar tão bruscamente no Brasil, uma vez que o Banco Central (BC) vem intervindo no mercado financeiro, anunciando a venda de dólares em swaps cambiais. Rech comenta que em julho a moeda americana chegou a R$ 3,76. "As vendas da primeira semana do mês passado foram muito boas, mas começaram a decair há uns 10 dias."
Na Cambionet do Praia de Belas, ontem a cotação do dólar turismo estava em R$ 4,09 - com pouca procura. "Na terça-feira passada a moeda americana estava sendo vendida por R$ 3,92", compara a atendente Suelen Costa, ressaltando que esta cotação chegou a permanecer por 15 dias inalterada. "Porém, começou a subir já na semana passada." Predebon observa que uma melhora da demanda ocorreu quando foram definidos os candidatos a presidente do Brasil. "Neste momento, o mercado ficou mais seguro." Ele aconselha que as pessoas que precisam comprar a moeda para viajar procurem evitar deixar para a última hora, correndo o risco de comprar dólar com a taxa mais alta do período. "Ideal mesmo é a compra fracionada, para garantir uma taxa média."
Rech destaca que é possível acompanhar análises gráficas do mercado financeiro, para entender o comportamento (de altas e quedas) do dólar. Já o sócio da Prontur pondera que, no final das contas, a conjuntura é mesmo o que determina. O economista chefe da DMI Group, Daniel Xavier, avalia que no País "os gestores já estão mais cautelosos porque os índices bateram em seus valores máximos históricos, e não conseguiram superá-los pela segunda vez".

Lira turca se recupera e dá alívio a emergentes; dólar recua 0,68%

Depois de ter subido mais de 3% em três sessões consecutivas de alta e bater R$ 3,93 na segunda-feira (13), o dólar à vista fechou em baixa de 0,68% ante o real ontem, em um movimento de acomodação em sintonia com o exterior após dois dias turbulentos devido à crise cambial na Turquia. A moeda dos Estados Unidos foi cotada a R$ 3,8620 nesta terça-feira. Os negócios no "spot" foram reduzidos e somaram US$ 626,1 milhões. A cautela, no entanto, deve limitar uma correção mais forte, uma vez que o noticiário eleitoral tende a se intensificar novamente até o fim da semana.
O clima em relação à crise da Turquia ficou menos tenso depois que grupos empresariais influentes do país pediram ao governo que implemente uma política monetária mais rígida para ajudar a superar a crise cambial, além de um roteiro para reduzir a inflação. Também foram notícia os esforços diplomáticos para resolver as disputas com os EUA e melhorar as relações com a União Europeia (UE), o principal parceiro comercial da Turquia.
Bancos europeus são os maiores financiadores do governo e de empresas turcas, que têm uma dívida em dólar considerada elevada. Conforme a lira turca perde força, o temor é que fique mais difícil para elas honrarem suas obrigações junto às instituições.
O BCE (Banco Central Europeu) já demonstrou receio, principalmente em relação aos bancos BBVA, UniCredit e BNP Paribas. O ministro das Finanças turco, Berat Albayrak, tentou acalmar os mercados informando que realizará uma teleconferência com investidores dos EUA, Europa e Oriente Médio na quinta-feira, a primeira desde que assumiu o cargo há quase dois meses. Albayrak disse que a Turquia protegerá a lira e espera que a moeda se fortaleça. Afirmou ainda que continuará a tomar medidas dentro das regras do livre mercado e que agirá para diminuir os riscos cambiais às empresas.
A declaração de outros membros do governo turco, no entanto, ameaça reverter o quadro de trégua. O ministro do Meio Ambiente e Urbanização, Murat Kurum, disse que a Turquia não vai utilizar produtos americanos para construções. Mais cedo, o próprio presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que o país boicotará produtos eletrônicos dos EUA, em mais um capítulo na disputa com Washington que contribuiu para provocar quedas recordes da lira.
A moeda entrou em queda livre devido a preocupações com a direção da política monetária de Erdogan, e o agravamento das relações do país com os Estados Unidos.

Bolsa tem nova recuperação e registra alta de 1,43%

A bolsa brasileira, que conseguiu se segurar em alta na segunda-feira, subiu 1,43%, a 78.602 pontos. Além da trégua no exterior, o índice ganha na correção da semana passada, marcada por perdas, e com resultados corporativos fortes.
A bolsa deu sequência a mais um dia de recuperação, desta vez lastreada na alta registrada em suas pares em Nova Iorque e também nos índices de ADR (American Depositary Receipt) de empresas brasileiras negociados por lá. Tanto Brasil Titans quanto o EWZ subiram mais de 2% pouco antes do fechamento do pregão por aqui.
As blue chips apontaram forte alta na sessão. O destaque veio do bloco financeiro onde os papéis dos bancos tiveram ganhos expressivos, com Banco do Brasil ON ganhando 3,45%, seguido de Itaú Unibanco (2,07%), Bradesco (1,70%) e as units do Santander (0,22%).
As preocupações com a crise na Turquia deram uma trégua, muito embora a maioria dos mercados acionários da Europa ainda tenha fechado em baixa em reação à alta exposição de bancos europeus ao país. O respiro deu espaço para a alta nos mercados acionários dos EUA que, por sua vez, deu suporte para os ganhos do Ibovespa.
Alia-se aos motivos para a alta na bolsa o vencimento de opções sobre o índice futuro que ocorre hoje. Segundo um profissional de renda variável, há impulso para defesa de posições. De acordo com esse operador, os estrangeiros têm posição comprada em cerca de 120 mil contratos no Ibovespa Futuro.
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