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mercado financeiro

- Publicada em 13 de Agosto de 2018 às 01:00

Apostas 'contra' a bolsa ganham do Ibovespa

Nem todo investidor perde com a desvalorização das ações na bolsa neste 2018. Existem os aplicadores "do contra", que apostam na queda dos ativos e, ultimamente, têm ganhado dinheiro com isso. É o caso dos fundos que, no jargão do mercado financeiro, "operam vendidos". Nos últimos seis meses deste ano (de fevereiro a julho), eles se deram bem. Enquanto o Ibovespa, índice com as principais ações da B3, registrou queda de 6,70% no período, esses fundos fecharam, em média, com alta de 3,21%.
Nem todo investidor perde com a desvalorização das ações na bolsa neste 2018. Existem os aplicadores "do contra", que apostam na queda dos ativos e, ultimamente, têm ganhado dinheiro com isso. É o caso dos fundos que, no jargão do mercado financeiro, "operam vendidos". Nos últimos seis meses deste ano (de fevereiro a julho), eles se deram bem. Enquanto o Ibovespa, índice com as principais ações da B3, registrou queda de 6,70% no período, esses fundos fecharam, em média, com alta de 3,21%.
Os operadores de mercado dizem que uma posição é vendida quando os investidores apostam na desvalorização de uma ação. Os EUA e a Europa têm longa tradição nesse mercado. No Brasil, ainda é difícil encontrar fundos "do contra". No entanto, o atual momento da economia, afetada por incertezas políticas e pelo aumento da tensão em torno do comércio global, tem levado investidores a se interessar por esse tipo de produto.
Esses fundos ganham dinheiro "alugando" ações de outros investidores. Por meio das corretoras de valores, os gestores encontram quem esteja disposto a emprestar seus papéis recebendo um valor fixo mensal. Quando o contrato de aluguel termina, eles recompram as ações e devolvem aos investidores. O objetivo é ganhar na diferença, vendendo o papel na alta para recomprá-lo na baixa. Por exemplo: um investidor aluga uma ação e a revende por R$ 10,00. Como ele acredita na queda do ativo, ele espera por sua desvalorização, digamos a R$ 7,00. Daí ele recompra o mesmo papel e lucra R$ 3,00 pela operação, descontando-se os custos da locação.
Um levantamento realizado pelo professor do Insper Adalto Barbaceia identificou 121 fundos que apostam na queda da bolsa. Juntos, eles somavam em julho R$ 24 bilhões em patrimônio. Os demais fundos de ações somam R$ 816 bilhões.
Apostar na queda de uma ação é uma estratégia de alto risco, já que a maioria das empresas que vendem suas ações, governos e os demais investidores estão o tempo todo trabalhando para inverter essa realidade, fazendo as ações subirem. É por isso que esses fundos não ficam integralmente expostos a essa estratégia. Quando o mercado está com uma tendência de alta, eles reduzem seu portfólio de apostas contrárias, podendo até mesmo zerá-las. E, quando a situação se inverte, incrementam as "operações vendidas".
Barbaceia dá como exemplo o período de greve dos caminhoneiros, quando muitos gestores de fundos conseguiram neutralizar a queda da bolsa com o lucro de suas posições vendidas. Mas a operação não é garantia de menos risco. "Quando (a ação) sobe, pode-se perder em dobro", alerta.
A possibilidade de prejuízos enormes e a complexidade da operação são alguns dos fatores apontados pelos especialistas para que esse tipo de estratégia seja executada apenas por profissionais. "A operação mais trivial é de comprar ações, em que a ideia é vender por um preço maior. Na operação vendida, temos de inverter esse raciocínio", observa Giácomo Diniz, do portal Profundamentos. Ele explica que a possibilidade de perda, contudo, é diferente. Isso porque, na compra tradicional de ações, se pode perder no máximo o valor investido no papel. Mas, no caso do investidor vendido, as perdas podem ser maiores.

Gestores afirmam que flexibilidade ajuda a ter lucros na alta e na baixa

Gestores de fundos afirmam que a flexibilidade de poder apostar "a favor ou contra" ações é uma aliada para capturar rentabilidade na alta ou na baixa do mercado. Segundo eles, esse é um fator que ameniza os riscos para o investidor. "Se bem utilizada a flexibilidade, esse tipo de fundo oferece mais possibilidade de proteção", afirma o gestor de portfólio da AZ Quest, Welliam Wang. "Em uma crise econômica, como a de 2008, por exemplo, o fundo, cairia menos que um fundo de ações comum", diz.
Para o gestor da Explora Investments, Leonardo Stockler, a decisão de apostar na queda do preço de uma ação parte de uma análise profunda do conjunto do mercado. Gatilhos como divulgação de balanços, perda de margens ou a entrada de um concorrente forte no mercado podem levar a essas apostas. Segundo ele, as posições vendidas geraram cerca de 70% da rentabilidade de 17,3% do fundo Explora LatAm Long Biased FIA em 2018.
Já Fabio Spinola, gestor da Apex Capital, afirma que a estratégia é uma alternativa para o investidor que quer acumular patrimônio no longo prazo. "Ela pode proteger na queda e alavancar o retorno nas altas. Mas é preciso escolher um bom gestor."

Histórias de quem 'apostou contra' já viraram filmes

Betting on Zero causou polêmica

Betting on Zero causou polêmica


/IMDB/DIVULGAÇÃO/JC
Histórias reais de investidores que apostaram e ainda apostam alto na derrocada de uma empresa ou de um conjunto de ações em bolsa são um prato cheio para cineastas e documentaristas.
O polêmico documentário de 2017 Betting on Zero, disponível na Netflix, narra a história de Bill Ackman, que aplicou US$ 1 bilhão no fracasso da Herbalife, empresa global de nutrição e controle de peso. Segundo o investidor, os lucros da companhia eram originários de um esquema de pirâmide, ou seja, que sua receita não vinha da venda de seus produtos, mas do recrutamento de novos vendedores.
Baseado no best-seller de Michael Lewis, o filme A Grande Aposta conta a história do fundo que fez fortuna com a crise financeira de 2008. Ao perceber a bolha no mercado de hipotecas dos Estados Unidos, ele se posicionou vendido contra esses ativos.