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Economia

- Publicada em 26 de Agosto de 2018 às 22:36

Recrutamento às cegas enfrenta conservadorismo

No Rio Grande do Sul, empresas ainda preferem o 'olho no olho'

No Rio Grande do Sul, empresas ainda preferem o 'olho no olho'


/IJEAB - FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC
Pedro Carrizo
A seleção às cegas, iniciativa que busca eliminar discriminações sociais já nas primeiras etapas do processo seletivo, começa a ganhar adeptos no Brasil. Porém, no Rio Grande do Sul, a prática ainda não entrou na rotina das organizações. Presente em países da Europa e da América do Norte, implantado por empresas como a Google e a startup financeira Nubank, o novo modelo de recrutamento substitui informações como idade, etnia, gênero, classe social e localidade por testes eliminatórios, nas primeiras etapas da seleção, a fim de gerar mais diversidade no ambiente de trabalho. Em território gaúcho, contudo, a seleção às cegas esbarra no conservadorismo.
A seleção às cegas, iniciativa que busca eliminar discriminações sociais já nas primeiras etapas do processo seletivo, começa a ganhar adeptos no Brasil. Porém, no Rio Grande do Sul, a prática ainda não entrou na rotina das organizações. Presente em países da Europa e da América do Norte, implantado por empresas como a Google e a startup financeira Nubank, o novo modelo de recrutamento substitui informações como idade, etnia, gênero, classe social e localidade por testes eliminatórios, nas primeiras etapas da seleção, a fim de gerar mais diversidade no ambiente de trabalho. Em território gaúcho, contudo, a seleção às cegas esbarra no conservadorismo.
"Não houve interesse das instituições, por isso não temos nenhum cliente em Porto Alegre, nem nas demais regiões do Estado", diz Luís Marino, diretor executivo da Empregare, software brasileiro de recrutamento empresarial e seleção às cegas. O sistema permite que os candidatos sejam avaliados, exclusivamente, por suas capacidades, em testes voltados à área de atuação pretendida, excluindo certos vícios na hora da seleção.
Segundo Marino, a entrevista presencial, que ocorre nas últimas etapas do processo, pode reativar preconceitos embutidos. "Porém temos percebido que mulheres em idade fértil e pessoas com mais de 40 anos têm conquistado espaço com a adoção do sistema em vagas que antes eram, preferencialmente, de homens jovens."
A dificuldade para implementação do sistema no Estado acontece, justamente, porque o recrutamento às cegas demanda que os contratantes olhem para a capacidade do candidato e desconsiderem informações como gênero, cor e idade, segundo a vice-presidente de Educação Corporativa da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RS), Laila Seus. "Além do verbal e do não verbal, o olho no olho ainda tem muita relevância na hora da seleção em empresas gaúchas", considera.
Para Laila, no Rio Grande do Sul, ainda existe o preconceito velado por parte das empresas e, com isso, os recrutadores acabam idealizando o perfil do candidato antes mesmo da seleção. Ela exemplifica colocando dois candidatos com a mesma experiência de trabalho, um homem e uma mulher, ambos jovens, disputando o mesmo posto: "O gestor vai dar a vaga para o homem, por não querer arcar com o risco de uma possível licença-maternidade. O que prevalece é o conservadorismo gaúcho".
"A importância social dessa nova modalidade de recrutamento só se torna efetiva se a empresa já tiver implantado a cultura da diversidade no ambiente de trabalho", diz o diretor executivo da Empregare, acrescentando que o processo às cegas tende a ser mais demorado, mas estimula um ambiente empresarial menos discriminatório.
O Nubank adota a seleção às cegas desde 2016 para a contratação de engenheiros de software e de soluções móveis. Em 2017, 10% de todos os funcionários contratados passaram pelo processo, e neste ano a empresa começou a aplicar o novo recrutamento na equipe de atendimento.
"A grande vantagem do processo de recrutamento às cegas é que ele elimina qualquer possibilidade de um prejulgamento no momento da avaliação e garante que estamos trazendo o profissional mais qualificado para aquela posição", desta Silvia Kihara, líder de recrutamento do Nubank.
"Temos que entender isso (recrutamento às cegas) como uma prática que dá certo, mas precisamos de dados para comprovar, fugindo dos modismos do mercado", diz Laila, acrescentando que assim será possível levantar o debate da diversidade nas empresas gaúchas.
 
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