Importante para a absorção de mão de obra na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), a construção civil registrou uma pequena elevação no índice de ocupação em 2017, quando comparado ao ano anterior, com aumento de 2 mil pessoas atuando no segmento.
Segundo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgados nessa quinta-feira (9) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-RS), embora pequena, a elevação de ocupados na construção contrasta com o conjunto total da ocupação no mercado de trabalho da RMPA, que diminuiu 3,6% (com a perda de 60 mil pessoas com trabalho frente a 2016), atingindo um total de 1,627 milhão de trabalhadores.
“Há quem enxergue o aumento de 2017 como uma retomada do emprego, mas a verdade é que 2016 foi o pior ano para o mercado da construção”, adverte a economista e coordenadora da pesquisa pelo Dieese-RS, Lúcia Garcia. Ela opina que, apesar de alguns economistas afirmarem que o mercado de trabalho está em fase de recuperação do emprego e da renda, o patamar atual na Região Metropolitana de Porto Alegre é de “três palmos acima do fundo do poço” – com o agravante do aumento de relações trabalhistas precarizadas e perda de rendimentos no caso da construção.
“Considerando os índices que o segmento apresentou em anos como 2012, com 128 mil trabalhadores na RMPA, e 2014, com 126 mil pessoas ocupadas na Capital e região, a construção se encontra em uma situação desvantajosa”, assinala a coordenadora do estudo. A economista chama a atenção ainda para o fato de que o segmento emprega 7,5% de toda a mão de obra ocupada na RMPA e que um “conjunto grande de pessoas depende da renda” originada pelo segmento.
“A maioria (97%) dos trabalhadores é formada por homens entre 30 e 59 anos, chefes de família (responsáveis pela sobrevivência de outras pessoas), com ensino fundamental incompleto”, resume Lúcia. A análise setorial foi feita com base na PED de 2017, pois a pesquisa foi interrompida em março deste ano após extinção da Fundação de Economia e Estatística (FEE) que concentrava as informações, coordenava a consolidação das informações coletadas por pesquisadores que entrevistavam moradores para compor a amostra do levantamento.
A pesquisa foi feita em conjunto com a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS) e Dieese por 26 anos. “Este foi um esforço dos profissionais do Dieese, no sentido de fornecer informações confiáveis sobre o mercado de trabalho na Capital e região”, destacou a coordenadora da PED pela FEE, Iracema Castelo Branco.
Lúcia lamenta não poder "contar com a fundação pública para gerar informações socioeconômicas fundamentadas". Ela ressalta que o Dieese-RS tem dados relacionados a mais duas edições da PEDs, que serão divulgados nos próximos meses e tratarão sobre o mercado de trabalho para jovens e a população negra.