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Economia

- Publicada em 05 de Agosto de 2018 às 22:51

Rodovia de Integração Sul atrai grupos estrangeiros

Freeway faz parte dos 473,4 km de estradas federais incluídos na RIS

Freeway faz parte dos 473,4 km de estradas federais incluídos na RIS


/FREDY VIEIRA/arquivo/JC
Mesmo num quadro de forte incerteza política e de pouco otimismo em relação à economia, o primeiro leilão de concessão rodoviária do governo de Michel Temer tem atraído a atenção dos grupos econômicos, inclusive estrangeiros. Um mês após o lançamento do edital, a Rodovia de Integração do Sul (RIS) já tinha, na semana passada, pelo menos oito interessados, inclusive da Itália e da Espanha.
Mesmo num quadro de forte incerteza política e de pouco otimismo em relação à economia, o primeiro leilão de concessão rodoviária do governo de Michel Temer tem atraído a atenção dos grupos econômicos, inclusive estrangeiros. Um mês após o lançamento do edital, a Rodovia de Integração do Sul (RIS) já tinha, na semana passada, pelo menos oito interessados, inclusive da Itália e da Espanha.
O empreendimento também tem um grupo chinês entre os possíveis candidatos. Com forte presença no setor de energia, a China ainda não entrou no negócio de rodovias no Brasil. O leilão está marcado para o dia 1 de novembro.
A RIS é formada por trechos de quatro rodovias federais no Rio Grande do Sul: as BRs 101, 290, 448 e 386. Ao todo são 473,4 km, entre os quais 98,1 km da chamada freeway, entre Porto Alegre e Osório, concedida em 1997 e com contrato vencido no ano passado. No momento, a via está sob responsabilidade do governo federal, que precisou contratar seguranças para as praças de pedágio, que se encontram inoperantes. Com tráfego intenso, a freeway é o principal atrativo da RIS.
Foram feitos ajustes no contrato para evitar a repetição dos problemas que o governo federal administra nas outras rodovias concedidas, principalmente as da chamada Terceira Etapa. Oferecidas ao mercado em 2012 e 2013 no Programa de Investimentos em Logística (PIL), algumas são reconhecidas como insustentáveis pelos próprios concessionários.
A elaboração do edital da RIS consumiu dois anos de discussões. Metade desse tempo foi empregada em debates com o Tribunal de Contas da União (TCU). Mas o resultado é motivo de otimismo no governo. "É um contrato maduro", disse a diretora de Rodovias do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), Tatiana Thomé de Oliveira. Para ela, o interesse de grupos estrangeiros é a melhor demonstração de que as regras foram aceitas pelo mercado. "É resultado de um aprendizado não só com o PIL, mas também de coisas que deram errado na primeira etapa", comentou o secretário de Fomento para Ações de Transportes, Dino Antunes.
Um dos principais ajustes é a redução de investimentos no início do contrato. Um ponto central das concessões do PIL era a exigência de duplicação de todo o trecho concedido num prazo de cinco anos. E foi justamente neste período de forte investimento que o País mergulhou na recessão, causando desequilíbrio financeiro em praticamente todas as concessionárias.
Escaldado por esta experiência, o governo reduziu as exigências de investimento na RIS, estimados em R$ 7,8 bilhões. Nos dois primeiros anos, serão exigidas apenas obras de recuperação e sinalização. As duplicações só começarão no terceiro ano do contrato. E apenas alguns trechos receberão esse tipo de investimento. Além de um conjunto de obras obrigatórias, haverá outras para ampliar a capacidade da rodovia que só serão feitas à medida que o tráfego atingir determinado volume.
Os leilões do PIL foram vencidos por grandes construtoras, que na média concordaram em cobrar pedágios 50% mais baratos do que os estimados pelo governo. O desconto elevado, combinado com a recessão, resultou em forte frustração de receitas.
Na RIS, conta Antunes, foi criado um "mecanismo contra bids (lances em leilão) irresponsáveis". A tarifa máxima foi fixada em R$ 7,24 e vencerá o leilão o grupo que concordar em cobrar o menor valor abaixo desse. Mas se o desconto oferecido for superior a 10%, a empresa precisará demonstrar capacidade financeira adicional. A exigência crescerá à medida que o deságio for maior. "O risco será bancado com o capital dela", ressaltou o secretário.
O ponto que mais consumiu tempo de discussão com o TCU foi a inclusão de obras não previstas no contrato. A Corte de Contas queria que nenhum investimento desse tipo fosse autorizado. O governo sustentou que esse engessamento é impossível de manter, ainda mais num contrato de 30 anos como o da RIS. Ficou acertado, então, que elas poderão ser incluídas, mas só nas revisões de contrato feitas a cada cinco anos.
Para o presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), César Borges, "o ambiente é o pior possível" para a realização do leilão. "O sistema todo está com problema, e o governo não está operacional para dar solução", afirmou. "Como o investidor olha para frente e qual o grau de confiança no modelo?" Apesar das incertezas, ele diz esperar que o leilão seja bem-sucedido.
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