Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Tecnologia

- Publicada em 30 de Julho de 2018 às 22:30

Efeito local acelera crescimento de startups

Ambiente favorável na cidade de origem é fator de estímulo, diz Ribeiro

Ambiente favorável na cidade de origem é fator de estímulo, diz Ribeiro


/ABSTARTUPS/DIVULGAÇÃO/JC
O cenário de negócios para o Brasil não é dos melhores. Mas, os empreendedores brasileiros à frente das startups estão otimistas quanto ao futuro: 67% acreditam que o mercado irá melhorar até 2020. Eles apostam em melhorias nos próximos anos do mercado consumidor (79%), do acesso à capital (88%) e do ambiente regulatório (73%).
O cenário de negócios para o Brasil não é dos melhores. Mas, os empreendedores brasileiros à frente das startups estão otimistas quanto ao futuro: 67% acreditam que o mercado irá melhorar até 2020. Eles apostam em melhorias nos próximos anos do mercado consumidor (79%), do acesso à capital (88%) e do ambiente regulatório (73%).
Os dados fazem parte de um dos maiores estudos realizados no País para mapear o ecossistema de startups nacional. A Radiografia do Ecossistema de Startups Brasileiras (RESB), realizado pela Accenture e ABStartups, entidade que representa o segmento, contou com a participação de mais de 1 mil jovens empresas ativas em todos os estados do Brasil.
"Todo empreendedor de startup é um otimista por natureza. A crise entra menos na cabeça, até porque estamos sempre pensando nas diversas oportunidades que o mercado oferece, não só o local, mas global", destaca o sócio de duas startups, a Eirene Solutions e a Toth Lifecare, Eduardo Marckmann. Muito desta perspectiva positiva se explica pela própria evolução do ecossistema de inovação brasileiro nos últimos anos e pela sensação de proximidade que existe entre quem está empreendendo. E isso o estudo também deixou bem claro.
As startups brasileiras costumam se organizar em polos para conseguir criar massa crítica e, assim, atrair talentos, investimentos e trocar experiência. Das participantes, 73% se encontram divididas em 10 comunidades. Nos estados em que o poder público, a academia e as grandes empresas estão alinhadas na missão estimular o empreendedorismo, os resultados são mais positivos.
É o caso de Santa Catarina, que se tornou referência nacional pela capacidade de desenvolver ações continuadas nesta área. "Os donos da comunidade são dos empreendedores, mas é onde estas três áreas atuam em conjunto para facilitar o crescimento que o rendimento das startups é maior", destaca o diretor executivo da ABStartups, Rafael Ribeiro.
O sucesso de iniciativas locais tem levado a uma redução da concentração de jovens empresas nos estados mais desenvolvidos, ao contrário do que acontecia no passado. Santa Catarina, Distrito Federal, Ceará e Goiás são alguns dos estados com a maior quantidade de startups fora dos grandes centros. "Se o empreendedor encontra um ambiente favorável na sua cidade, não precisa mais ir para o Sudeste para ser bem-sucedido. É muito positivo que isto esteja acontecendo", acrescenta.
O diretor do Tecnopuc, Rafael Prikladnicki, cita a Aliança para a Inovação de Porto Alegre, criada recentemente, como um exemplo de aproximação entre todas as esferas para a consolidação destes ambientes. "Temos no Rio Grande do Sul ativos que, individualmente, nos colocam em posição de destaque. Mas, é a articulação constante e consistente que vai criar esse cenário necessário para apoiar os empreendedores", comenta.
Na abordagem definida para o estudo, as análises se focaram nas 10 cidades que demonstraram maior concentração de startups - Porto Alegre ficou em um segundo grupo, entre a 11ª e 20ª cidade com maior concentração, mas ainda assim tem um ambiente reconhecido nacionalmente.

Universidades e empresas têm papel fundamental

Um desafio claro destacado pelo levantamento que resultou na Radiografia do Ecossistema de Startups Brasileiras é o de o Brasil conseguir fazer com que cada um dos agentes de apoio ao empreendedorismo consigam acompanhar as empresas nascentes por um período mais longo.
Hoje em dia o que se percebe é que os empreendedores reconhecem as universidades e o Sebrae como parceiros mais atuantes nos momentos iniciais da operação, e as grandes corporações no momento em que estão mais maduras. "O cenário ideal para os empreendedores era não ter essa troca de parceiros de acordo com o estágio da empresa e, sim, de as universidades manterem o apoio mesmo após a fase inicial e as grandes corporações apostarem em projetos mais iniciais e se propuserem a desenvolver junto", analisa o gerente sênior de Technology Consulting da Accenture, Jimmy Lui.
O diretor do Tecnopuc, Rafael Prikladnicki, destaca o fato de que cada parceiro costuma ter especialidades, e que estas cada vez mais se complementam em todas as fases de crescimento e desenvolvimento de uma empresa. "As universidades apoiam com a sensibilização, estruturação da ideia e ambiente para desenvolver uma empresa, mas as grandes corporações também podem dar o seu apoio neste início sendo clientes piloto e, nas fases mais maduras, com aporte de recursos aquisição das soluções e outros modelos", sugere. Mas, para essa evolução acontecer mais rapidamente no mercado corporativo, as lideranças precisam acreditar que nem todas as iniciativas com as startups precisam se refletir em um aumento de receita imediatamente. "É preciso ter a mente mais aberta e perceber que as mudanças na cultura, nos processos e no ambiente corporativo são extremamente benéficas", comenta Lui.
O diretor executivo da ABStartups, Rafael Ribeiro, diz que há um amadurecimento dos empreendedores brasileiros. Isso pode ser constatado nos dados da pesquisa que evidenciam que eles estão procurando validar antes o produto e, só depois, sair em busca de recursos de fora. "Faz parte investir dinheiro do próprio bolso para dar o start no seu projeto e ver o quanto está disposto a lutar pela sua ideia. O investidor vai dar mais valor se o empreendedor tiver o seu negócio validado antes", conclui.

Perfil da startup brasileira

Demografia
  • 63% têm até cinco pessoas
  • 49% são compostas apenas pelos sócios
  • 74% têm equipe com maioria de homens
Modelo de negócio
  • 77% focam nos clientes corporativos
  • 45% já participaram de programa de aceleração ou incubação
  • 41% das startups estão buscando escalar seus negócios
  • 46% têm até dois anos de instituição
  • 69% têm modelo de faturamento anual abaixo de R$ 50 mil
Fonte: Radiografia do Ecossistema de Startups Brasileiras