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Agronegócios

- Publicada em 12 de Agosto de 2018 às 21:22

Sulleite venderá doce de leite em todo o Rio Grande do Sul

Campello comemora que o ingrediente usado em seu sorvete artesanal já é vendido em Porto Alegre

Campello comemora que o ingrediente usado em seu sorvete artesanal já é vendido em Porto Alegre


MARCELO G. RIBEIRO/JC
O dono da gelateria Quati, Fernando Campello, não precisa mais percorrer os mil quilômetros em rodovias entre ida e volta de Porto Alegre a Santa Vitória do Palmar, na Zona Sul do Rio Grande do Sul e quase na fronteira com o Uruguai, para comprar um dos principais ingredientes de seu cardápio de sorvetes artesanais. Tudo porque agora o doce de leite da Cooperativa Sulleite, que fica no município do Extremo-Sul do Estado, já pode ser vendido para fora dos limites do município. Desde que obteve o registro estadual, a Sulleite conta com dois representantes comerciais, sendo um em Porto Alegre e outro em Pelotas.
O dono da gelateria Quati, Fernando Campello, não precisa mais percorrer os mil quilômetros em rodovias entre ida e volta de Porto Alegre a Santa Vitória do Palmar, na Zona Sul do Rio Grande do Sul e quase na fronteira com o Uruguai, para comprar um dos principais ingredientes de seu cardápio de sorvetes artesanais. Tudo porque agora o doce de leite da Cooperativa Sulleite, que fica no município do Extremo-Sul do Estado, já pode ser vendido para fora dos limites do município. Desde que obteve o registro estadual, a Sulleite conta com dois representantes comerciais, sendo um em Porto Alegre e outro em Pelotas.
"O produto fica no mesmo nível dos doces de leite mineiros e é melhor do que os uruguaios", garante Campello, que não abre mão da matéria-prima para elaborar um dos sabores mais requisitados pela clientela da Quati, que fica no bairro Bom Fim, na Capital. "É um doce de leite que não tem amido. As vacas se alimentam de pastagem muito parecida com a usada no setor leiteiro uruguaio, e a produção tem muita qualidade e cuidado", valoriza o dono da gelateria. A exemplo de Campello, outros fãs do doce de leite, principalmente consumidores finais, costumam adquirir potes do produto da marca quando vão à fronteira para comprinhas nos free shops na cidade de Chuí, vizinha a Santa Vitória do Palmar. 
A Sulleite recebeu, em maio deste ano, o selo da Coordenadoria de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Cispoa), que permite a venda em todo o território do Rio Grande do Sul. O próximo passo é a conquista do registro no Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi), adianta o presidente da cooperativa, Carlos Talavera Campos. Com o Sisbi, a marca poderá chegar a outros mercados do Brasil. Além disso, os 60 produtores associados querem buscar registro de denominação de origem, explorando as características da região, que foi já foi mar. A existência de minerais e sais no solo gera nutrientes que reforçam a qualidade do pasto. "É como terroir que só tem aqui", diz Campos.  
A cooperativa foi fundada em 1997 para unificar os produtores de leite da cidade. "Havia muita produção de leite nas granjas", diz Campos, explicando que a associação foi uma saída para fortalecer os agricultores que estrearam na atividade leiteira no modelo de agrovilas na década de 1960. A produção do derivado teve início em 2006, com venda apenas no município sede. Segundo Campos, o processamento ocorreu para resolver um gargalo da produção da matéria-prima, que era a dificuldade do escoamento de leite para plantas de beneficiamento em outras localidades já que o volume por propriedade é baixo. 
A principal fonte de renda da Sulleite ainda é a venda de leite in natura para laticínios. Mas a fabricação do doce de leite já responde por 5% do faturamento da cooperativa que reúne 60 associados. A produção do derivado é de cerca de 500 quilos por dia e envolve seis funcionários. O maquinário instalado permite fabricar até 2 mil quilos diários processando 4 mil litros de leite, operando em mais turnos. Por enquanto, está descartada a expansão no curto prazo, mas tudo vai depender da procura. 
"Temos uma meta modesta, pois as quantidades mudam dramaticamente as coisas", explica o presidente, referindo-se à estrutura de produção já instalada. A Sulleite segue à risca o perfil quase artesanal de produção. Contudo, isso não o impede os associados de sonhar alto. "Enquanto não tivermos nosso doce de leite em cada lojinha, em cada vendinha ou delicatessen não estaremos 100% satisfeitos", avisa o presidente. Para quem quiser provar, o produto estará à venda no pavilhão da agricultura familiar na Expointer, em Esteio, de 25 de agosto a 2 de setembro.

A cada dois dias, uma agroindústria gaúcha obtém a regularização das suas atividades

Sulleite montou unidade de produção e seguiu todas as exigências sanitárias para registro

Sulleite montou unidade de produção e seguiu todas as exigências sanitárias para registro


SUL LEITE/DIVULGAÇÃO/JC
Para conseguir vender o seu produto em todo o Estado, a Cooperativa Sulleite teve de buscar um registro que dependia de aval sanitário, por se tratar de matéria-prima animal. O processo levou quatro anos até cumprir as exigências legais e a tramitação nos órgãos públicos municipais e estaduais. A Sulleite contou com um apoio da Emater para estruturar e organizar o processo. "A Emater foi tudo", valoriza o presidente da cooperativa, Carlos Talavera Campos. A empresa de extensão, por meio do Programa de Agroindústria Familiar, vem ajudando associações ligadas à agricultura familiar para atender aos quesitos. 
A coordenadora do programa pela empresa de assistência, a engenheira de alimentos Bruna Bresolin Roldan, diz que o trabalho aumenta a formalização. Em 2018, uma agroindústria obtém registro a cada dois dias úteis. A meta é legalizar 130 empreendimentos este ano. O programa fornece assistência técnica gratuita para projetos financeiros, legalização sanitária e ambiental e para montar tabelas nutricionais dos produtos. São informações que também auxiliam na busca de linhas de crédito. Hoje existem mais de 3,1 mil famílias cadastradas e mais de 1,15 mil agroindústrias. Em 2017, 149 agroindústrias foram registradas, enquanto a meta era de 120.
"O primeiro passo é cadastrar a família ou da cooperativa. É exigido talão de produtor", explica Bruna. O registro permite que os empreendimentos participem de feiras apoiadas pelo Estado, como a Expointer e Expodireto. 
O maior obstáculo para venda estadual é atender aos requisitos sanitários. Produtos de origem animal precisam passar por inspeção. O caminho inicial é passar pelo Serviço de Inspeção Municipal (SIM). Depois é possível migrar para o Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susafi), criado em 2012 e que promove a equivalência entre as autorizações municipal e estadual.
Poucas cidades conseguiram a adesão, pois as prefeituras precisam passar por auditoria da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi) para comprovar se os processos e procedimentos de inspeção e fiscalização seguem o padrão estadual. Recentemente, decreto estadual facilitou a adesão ao Susaf, dispensando a auditoria. A agroindústria deve enviar os documentos da inspeção municipal. Se tudo estiver dentro das exigências, é feita a adesão ao sistema, que permite vender fora da localidade.