Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Economia

- Publicada em 05 de Julho de 2018 às 17:35

Bottero fecha quatro fábricas e demite 630 funcionários no Rio Grande do Sul

Conforme a empresa, a decisão é reflexo da crise econômica, que atinge também o setor calçadista

Conforme a empresa, a decisão é reflexo da crise econômica, que atinge também o setor calçadista


YOUTUBE/REPRODUÇÃO/JC
Paulo Egídio
Uma das maiores fabricantes de calçados femininos em couro no País, a gaúcha Bottero fechou quatro fábricas e demitiu 630 funcionários nesta semana. Foram encerradas as atividades nas unidades produtivas de Osório, Santo Antônio da Patrulha, Nova Petrópolis e em um dos pavilhões de Parobé.
Uma das maiores fabricantes de calçados femininos em couro no País, a gaúcha Bottero fechou quatro fábricas e demitiu 630 funcionários nesta semana. Foram encerradas as atividades nas unidades produtivas de Osório, Santo Antônio da Patrulha, Nova Petrópolis e em um dos pavilhões de Parobé.
De acordo com companhia, a decisão é reflexo da crise econômica, que atinge também o setor calçadista. “Sempre optamos por preservar empregos e unidades enquanto outras fábricas fizeram cortes. No entanto, diante de um cenário econômico em que não se vislumbra uma melhora clara, para preservar a saúde da empresa, optou-se por isso” explica Luiz Roberto Bianchi, responsável pela imagem institucional da Bottero.
Para definir os cortes, a indústria levou em conta fatores como o impacto social, a logística e as especificidades de cada fábrica. “Algumas unidades (fechadas) produziam itens que, pela sazonalidade, têm menos aderência e cujo consumo retraiu mais”, afirma Bianchi.
Com produção estimada em quase 5 milhões de pares por ano, a Bottero não foi beneficiada diretamente pela recente alta do dólar, já que mais de 90% da produção abastecem o mercado interno. Apesar do corte, a empresa mantém 2,4 mil funcionários em outras 14 fábricas, sediadas em Parobé (10), Agudo, Arroio do Meio, São José do Hortêncio e Travesseiro.
Apesar do número significativo de demissões, o Sindicato dos Sapateiros de Parobé – município cuja unidade perdeu 250 trabalhadores – não acredita que o exemplo seja seguido por outros empregadores. “Estamos em um momento de muito desemprego, mas o setor vem se mantendo razoavelmente bem”, diz o presidente da entidade, João Nadir Pires.
O sindicalista prevê alta na produtividade com o período primavera-verão e uma consequente reabsorção dos trabalhadores demitidos pelo mercado. “Acredito que não será imediatamente (a recolocação), mas (os profissionais) não terão grandes dificuldades”, projeta Pires.

Calçadistas aguardam vendas da temporada primavera-verão

O fechamento de unidades da Bottero pode ser interpretado como um reflexo da baixa capacidade de recuperação do setor no Rio Grande do Sul. Segundo o Índice de Desempenho Industrial (IDI-RS) de maio, divulgado nesta quinta-feira (5) pela Fiergs, a área coureiro-calçadista apresentou redução de 21,4% no faturamento em comparação com maio de 2017, enquanto o número relativo à indústria em geral caiu 6,7% em comparação com o mesmo mês do ano passado.
Conforme o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, a decisão da empresa pode ser compreendida pela situação do mercado. “O que tem de diferente nessa atitude é o grande número de pessoas dispensadas. A Bottero buscou, ao longo de alguns meses, manter o quadro de pessoal, mas chegou a um limite”, pondera Klein.
Segundo ele, o setor fechou cerca de 35 mil postos de trabalho nos últimos 18 meses no País, e as companhias não têm como manter a mão de obra ociosa com a queda das encomendas. O ambiente adverso foi reforçado pelos dados da Pesquisa Mensal Industrial do IBGE de maio revelados esta semana. O setor de calçados teve queda de 15,8%, frente ao mesmo mês de 2017. Caiu mais que a média geral, que reduziu 10,9%. No acumulado do ano, a produção calçadista recuou 4,6%.
A valorização do câmbio, que, em tese, daria fôlegos às indústrias exportadoras, ainda não foi sentida pelas empresas de calçados. “Essa valorização ainda não produz efeito no fluxo de encomendas, que acontece a partir das feiras (do segundo semestre) que definem as encomendas para o período primavera-verão”, explica o dirigente. Em maio, a exportação também caiu, com volume embarcado 32,7% abaixo do mesmo mês do ano passado, e receita 45,6% mais magra. A greve dos caminhoneiros foi apontada como a culpada pela frustração no fluxo externo, depois de março e abril com alta, segundo a Abicalçados.
Com isso, os próximos dois meses, pelo menos, ainda serão de dificuldades. “Não acredito em demissões em grande volume, mas não vai haver muitas contratações”, avalia Klein.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO