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Tecnologia

- Publicada em 01 de Julho de 2018 às 21:41

Escolas preparam crianças para o mundo digital

Osorio (c) acompanha seus filhos Isabela e Leonardo nas aulas

Osorio (c) acompanha seus filhos Isabela e Leonardo nas aulas


/fotos CLAITON DORNELLES /JC
Papel, giz de cera e canetinha? Não, por aqui, a chamada pelos materiais é outra: jumpers, resistors, leds e sensores. Tudo sobre a mesa, é hora de começar a aprender e a desenvolver. Leonardo Kotek Selistre Osorio, nove anos, é um dos mais empolgados. Ele ouve a professora, conversa com o colega ao lado sobre o projeto que está começando a fazer e acompanha o passo a passo no computador. Ao seu lado, a sua irmã, Isabela, com seus fones de ouvidos, confere no smartphone o aplicativo que está aprendendo a criar e que, segundo ela, estará disponível em breve na Apple Store. "Eles já estão voando", observa o pai coruja, Guilherme Dalla Rosa Osorio.
Papel, giz de cera e canetinha? Não, por aqui, a chamada pelos materiais é outra: jumpers, resistors, leds e sensores. Tudo sobre a mesa, é hora de começar a aprender e a desenvolver. Leonardo Kotek Selistre Osorio, nove anos, é um dos mais empolgados. Ele ouve a professora, conversa com o colega ao lado sobre o projeto que está começando a fazer e acompanha o passo a passo no computador. Ao seu lado, a sua irmã, Isabela, com seus fones de ouvidos, confere no smartphone o aplicativo que está aprendendo a criar e que, segundo ela, estará disponível em breve na Apple Store. "Eles já estão voando", observa o pai coruja, Guilherme Dalla Rosa Osorio.
> VÍDEOS JC: Como pais e filhos se relacionam com a educação digital 
O cenário lúdico das salas e a empolgação dos alunos logo mostram que essa não é uma aula tradicional. É um local preparado especialmente para que crianças e adolescentes possam aprender a programar, criar um app ou estrear um canal no YouTube. "Quando eu era adolescente, dominar inglês era decisivo para nos tornarmos profissionais diferenciados. Agora, programação e robótica é que são as ferramentas do futuro", comenta. Ele e a esposa, Deborah Kotek Selistre Osorio, conheceram a Happy Code e, com o aval dos filhos, decidiram matriculá-los. "Eles adoram as aulas, aprendem novas habilidades e se divertem. Esses dias, o Leo descobriu um brinquedo que montava o R2-D2 (robô do Star Wars). Ele mesmo baixou na internet o programa para o brinquedo e começou a usar o celular como controle remoto", conta Osorio.
Na esteira do crescente interesse das crianças em usar as novas tecnologias e dos pais em ajudá-las a desenvolver essas habilidades, as escolas de programação e robótica crescem em todo Brasil. "Não estamos necessariamente preparando eles para atuar nas profissões ligadas à computação, mas ensinando desde cedo habilidades que serão decisivas para terem um incremento no seu desenvolvimento pessoal e profissional", comenta Pedro Wolf, sócio da Happy Code ao lado de Guilherme Schneider e Bruno Lain.
Atualmente, a escola tem 90 alunos de 5 a 17 anos, que podem aderir aos cursos das categorias Digital (programação, desenvolvimento de games, apps e robótica), Cognitivo (parceria com a IBM para criação de games e uso da computação cognitiva) e Criativo (youtuber e artes digitais). A duração é de um ano. "Em todos os cursos, a criança aprende a programar e, com isso, a desenvolver o raciocínio lógico, fazer a gestão de projetos e exercitar a criatividade", acrescenta Schneider.
O sócio-diretor da SuperGeeks Porto Alegre e Florianópolis, Alexandre Moura, explica que, independentemente da profissão, aprender desde cedo a trabalhar com programação vai aumentar a capacidade de raciocínio lógico, criatividade, empreendedorismo, foco e concentração. "Se quando crescer a criança se formar médico, professor de educação física ou engenheiro, tanto faz, já que todos os profissionais do futuro precisarão saber se relacionar com a tecnologia", diz.
Mesmo que o objetivo dessas escolas não seja formar programadores, incentivar que as crianças tenham um primeiro contato com tecnologia de uma forma lúdica pode fomentar o interesse por essa área como profissão - vale destacar que há uma carência preocupante no Brasil por profissionais que atuem nas áreas ligadas às exatas. "Ensinar programação e robótica desde cedo é fundamental para o desenvolvimento da Nação. Muitos países de primeiro mundo, inclusive, estão mudando suas leis para que a ciência da computação seja inserida no currículo escolar como matéria obrigatória", explica Moura.
A gerente de marketing do Google, Jimena Tomás, cita a nova base curricular brasileira, que aponta que entre as 10 competências gerais que toda escola deve ter, além das disciplinas tradicionais como matemática e português, uma é a digital. "Acreditamos fortemente na importância da vivência da tecnologia desde cedo, pois isso incentiva as crianças e os adolescentes a pensarem fora da caixa", destaca.

Idade média para ganhar primeiro celular é nove anos

Jimena destaca projeto do Google

Jimena destaca projeto do Google


/GOOGLE/DIVULGAÇÃO/JC
A adoção das novas tecnologias acontece de forma cada vez mais precoce. Nos restaurantes e aviões, nada consegue deixar as crianças mais entretidas e calmas do que um tablet com desenho animado à sua frente. Os pré-adolescentes também vivem imersos nos seus gadgets.
Pesquisas apontam que 91% das pessoas de nove a 17 anos acessam internet pelos seus smartphones próprios, o que representa um universo de 22 milhões de usuários. Cinco anos atrás, esse índice era de 21%. "Nove anos é a idade média que as crianças ganham seu dispositivo próprio para acessar internet; e precisamos garantir que, quando isso acontecer, eles estejam preparados e confiantes para usufruir do que a internet tem de melhor", destaca a gerente de marketing do Google, Jimena Tomás.
Por isso, além do trabalho que tem feito com algumas escolas para oferecer tecnologia e suporte para a sala de aula, a multinacional acaba de lançar o projeto Seja Incrível na Internet, uma combinação de game interativo com treinamentos e material didático gratuito sobre segurança on-line, cidadania digital e ferramentas para melhorar a relação das crianças com o mundo conectado. Ao acessar o site g.co/sejaincrivelnainternet, os pais e educadores terão acesso a materiais. A ideia é impactar 500 mil pais e professores no Brasil.
Uma pesquisa do Google em 2017 mostrou que 40% dos pais dizem que o seu maior medo neste mundo digital é o contato dos filhos com estranhos na internet. Guilherme Dalla Rosa Osorio, o pai do Leonardo e da Isabela, afirma que o uso equilibrado e seguro da internet é uma preocupação constante. "A tecnologia tem um apelo muito forte, mas tentamos fazer com que eles não fiquem o dia todo no computador. Eu jogo bola e brinco de boneca e de carrinho com eles", comenta.

Realidade Virtual, games e Inteligência Artificial apoiam aprendizado de jovens

Ajudar crianças e adolescentes a deixarem de ser apenas consumidores de tecnologia e conseguirem transformar essa curiosidade em aprendizado é o desafio que a SuperGeeks decidiu encarar em 2013. Na época, os dois fundadores brasileiros da rede de ensino moravam nos EUA, no Vale do Silício, e perceberam que várias escolas já estavam inserindo programação na grade curricular.
A operação se iniciou em 2014, em São Paulo. Dois anos depois, Alexandre Moura trouxe a franquia da SuperGeeks para Porto Alegre e, recentemente, Florianópolis (SC). "Nosso negócio só precisa ser conhecido. Depois que os pais e as crianças descobrem o curso e conhecem a nossa metodologia, a adesão costuma ser bem grande", comenta.
A SuperGeeks ensina as principais linguagens de programação e software do mercado. Os alunos aprendem a fazer desenvolvimento de games em 2D e 3D, Realidade Virtual e Aumentada, criação de aplicativos, e trabalham com tecnologias como Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA).
As aulas podem ser feitas por crianças a partir dos cinco anos. Nesta fase, elas se envolvem com atividades sem computador, mais voltadas à montagens de equipamentos e brincadeiras. A partir dos sete anos, podem começar a fazer o curso regular, que tem até 14 fases - quem fizer todo leva cerca de sete anos, mas os módulos são independentes.