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logística

- Publicada em 27 de Junho de 2018 às 21:47

Transporte defende preço mínimo para frete

Afrânio Kieling abriu a Feira e Congresso de Transporte e Logística, em Bento Gonçalves

Afrânio Kieling abriu a Feira e Congresso de Transporte e Logística, em Bento Gonçalves


/MARCO QUINTANA/JC
A imposição da tabela para os fretes rodoviários, uma das soluções que o governo federal adotou para dar fim à paralisação de 11 dias dos caminhoneiros, está longe de agradar aos agentes logísticos. No entanto, parece que é uma unanimidade entre esses operadores que é necessário, pelo menos, instituir um preço mínimo para o serviço. Esse foi um dos assuntos mais abordados na tarde de ontem durante a abertura da 20ª Transposul - Feira e Congresso de Transporte e Logística. O evento segue até esta sexta-feira, no Fundaparque, em Bento Gonçalves.
A imposição da tabela para os fretes rodoviários, uma das soluções que o governo federal adotou para dar fim à paralisação de 11 dias dos caminhoneiros, está longe de agradar aos agentes logísticos. No entanto, parece que é uma unanimidade entre esses operadores que é necessário, pelo menos, instituir um preço mínimo para o serviço. Esse foi um dos assuntos mais abordados na tarde de ontem durante a abertura da 20ª Transposul - Feira e Congresso de Transporte e Logística. O evento segue até esta sexta-feira, no Fundaparque, em Bento Gonçalves.
O vice-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Flávio Benatti, diz que um preço mínimo referencial para o segmento de cargas de grandes massas é imprescindível. Porém o dirigente considera o tabelamento algo complexo, pois o setor do transporte é muito segmentado, com diversas realidades e formas de contratação.
Para Benatti, independentemente dos rumos que as discussões sobre o frete seguirão, não há ambiente para uma nova paralisação dos caminhoneiros, como ocorreu em maio. "Está todo mundo ciente hoje que o movimento se iniciou através dos caminhoneiros e acabou sendo usado de uma forma política, e não se pode permitir que isso aconteça", ressalta.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística do Rio Grande do Sul (Setcergs) e da Federação das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Rio Grande do Sul (Fetransul), Afrânio Kieling, concorda que é preciso instituir um preço mínimo para o frete, e não uma tabela que engesse o setor. Sobre a política de "segurar" o preço do óleo diesel, Kieling adverte que essa questão dependerá, em grande parte, do governo que for eleito nas próximas eleições presidenciais.
Outro contrário ao tabelamento é o vice-presidente de Logística do Setcergs, Frank Woodhead. "O mercado é livre e precisa ter competição", defende. Contudo, levando em conta a gravidade do assunto, o empresário acredita que efetivar uma tabela de referência por um período determinado, como seis meses, para alinhar as opiniões sobre o tema, pode ser aceitável.
O presidente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC & Logística), José Hélio Fernandes, considera que se trata de um momento delicado, pois o setor de transportes sempre foi livre, o que causa dificuldade para se lidar com tabelamentos. O dirigente recorda ainda que a primeira versão da tabela de fretes continha alguns equívocos como, por exemplo, o transporte de cargas perigosas e refrigeradas terem sido valoradas de modo semelhante a cargas comuns.
"Sem piso mínimo não vai ficar", garante Fernandes. O dirigente afirma que o setor passou, nesses últimos anos, por um "achatamento", agravado com a crise econômica. O integrante da NTC & Logística lembra que hoje representantes dos segmentos envolvidos com o assunto (transportadores e embarcadores) terão uma reunião com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux. O objetivo é alcançar um consenso sobre a tabela de fretes. Por enquanto, Fux suspendeu as ações judiciais a respeito do preço do frete. Fernandes vê o STF tentando encontrar um caminho de negociação. "Mas é preciso mais do que discutir uma tabela, é necessário debater uma política de transportes", conclui.

Federação dos Caminhoneiros Autônomos sugere criação de índice para estabelecer valor

Mostra reúne empresário para negócios e debates setoriais

Mostra reúne empresário para negócios e debates setoriais


MARCO QUINTANA/JC
Em meio às discussões sobre a implantação de um modo para balizar os preços para a movimentação de cargas, o presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Fecam), André Luis Costa, propõe a concepção de um índice de remuneração do transporte, e não o "engessamento" através de uma tabela. A ideia é instituir um indicador, algo semelhante ao IPCA (feito para oferecer a variação dos preços no comércio para o público final), para regular o setor. As oscilações de mercado iriam compor esse índice, que possibilitaria estabelecer um custo mínimo de frete.
"Isso é necessário até pela complexidade que hoje o transporte rodoviário adquiriu", enfatiza Costa. O presidente da Fecam reforça que são vários tipos de caminhões utilizados, produtos deslocados, itens perigosos, cargas líquidas etc. Contudo o dirigente faz a ressalva que a tabela é o que se tem para o momento e um primeiro passo para evoluir. "Mas ainda temos muito a trabalhar em relação a isso, não podemos simplesmente criar uma tabela horizontal, porque se cometeria uma imensa gama de erros de avaliação", adverte.
Sobre a Transposul, o presidente da Fecam ressalta que é uma característica das entidades que representam o setor de logística estarem abertas ao debate e que a feira é um evento que demonstra esse ponto. Um destaque para essa edição, segundo Costa, é a participação de fornecedores e agentes que atendem também às necessidades dos caminhoneiros autônomos e uma medida nesse sentido é a realização de um feirão de veículos usados.
O dirigente frisa que os debates desta edição da Transposul deverão se concentrar em tópicos como os preços de fretes e custos do combustível. "Claro que tabela de frete, se é legal ou não, se é para cima ou para baixo, se atende a todo o transportador ou exclusivamente ao autônomo, o diesel se está chegando na bomba com desconto ou não, esses assuntos naturalmente vão estar presentes", destaca.
Quanto à tabela do frete, o especialista na área de transporte e ex-presidente da Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Estado do Rio Grande do Sul (Fetransul) Paulo Vicente Caleffi enfatiza que há duas leis às quais não podem ser impostas regras: a da natureza e do livre mercado. "O frete é uma lei de livre mercado", pondera.
Com o tabelamento, Caleffi diz que quase foram inviabilizadas as exportações, e haverá um acréscimo muito grande nos custos, o que impactará a inflação. "Tabelamento não é uma solução", ressalta. O especialista, em sua palestra na Transposul, analisou o quanto a política e o governo interferem na questão do transporte, e vice-versa. "Nós tivemos um caso agora, muito específico, que foi a greve dos caminhoneiros", recorda. Caleffi defende que é fundamental que os representantes do setor dos transportes participem do planejamento do governo. O ex-presidente da Fetransul reforça que a classe transportadora de cargas, normalmente, não é ouvida. O especialista afirma que a política de governo descuidou da política de transportes.
Caleffi comenta que os caminhoneiros demostraram que não têm uma liderança que os una, o que dificulta para o governo achar um interlocutor. "Não se sabe quem lidera, com quem você vai conversar", frisa. No entanto o governo também não pode ignorar que o setor é forte e não pode ser negligenciado.