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crédito

- Publicada em 17 de Junho de 2018 às 21:57

Retomada começa a frear sinais de inadimplência

Melhora do emprego e da renda são termômetros positivos

Melhora do emprego e da renda são termômetros positivos


/LUCIANA RADICIONE/ESPECIAL/JC
Mais de 1 milhão de brasileiros entraram no negativo de abril para maio, encerrando o mês dos trabalhadores com 63,29 milhões de inadimplentes. De acordo com pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), o número das pessoas com o CPF restrito às compras a prazo e à contratação de crédito cresceu 2,78% no mês de maio, e, mesmo sendo a menor taxa desde março deste ano, a Região Sul já possui 36% de sua população adulta com o nome sujo.
Mais de 1 milhão de brasileiros entraram no negativo de abril para maio, encerrando o mês dos trabalhadores com 63,29 milhões de inadimplentes. De acordo com pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), o número das pessoas com o CPF restrito às compras a prazo e à contratação de crédito cresceu 2,78% no mês de maio, e, mesmo sendo a menor taxa desde março deste ano, a Região Sul já possui 36% de sua população adulta com o nome sujo.
Porém, segundo o consultor de economia da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS) Eduardo Starosta, a economia, tanto no Brasil quanto no Rio Grande do Sul, está sendo retomada lentamente, e a inadimplência é estável e tende a diminuir.
"Analisamos que a renda e o emprego estão aumentando no País e no Estado, e que a recessão chegou ao fim, mas o consumidor com acesso a essa renda será seletivo com as dívidas que vai quitar primeiro", diz Starosta, colocando o cartão de crédito e as dívidas com bancos como os últimos da fila a serem quitados, por causa das altas taxas de juros.
Os últimos dados de retomada de crédito, apurados em abril pelo SPC Brasil e pela CNDL, colocam o Sul como a região de retomada mais tímida do País, apenas 4%. Para o consultor de economia da FCDL-RS, o Estado começou seu crescimento antecipadamente, aumentando em 10% as vendas do varejo, considerando o mês de março, e criando medidas que facilitaram a retomada do consumo.
Ele elenca três motivos centrais que permitiram o crescimento antecipado no Rio Grande do Sul. O primeiro é a queda da taxa de juros básica, a Selic, que caiu de 14,25% de juros ao ano, em 2016, para 6,5% em 2018; o segundo movimento favorável é a boa situação das cidades do Interior em função da boa produção agrícola deste ano, que está associada a melhoria dos preços internacionais das nossas commodities, especialmente da soja; e o último é a boa situação econômica do Rio Grande do Sul.
"Claro que, comparando com anos de 2015 e 2016, ainda falta. O consumo gaúcho nos dois últimos anos de recessão chegou a cair 24%, e isso ainda não foi recuperado", coloca Starosta. A Região Sul possui 8,15 milhões de inadimplentes, segundo dados do SPC Brasil e da CNDL.
O analista Fabrício da Silva, 28 anos, está entre os gaúchos que venceram a inadimplência e conseguiram quitar as dívidas. Após três anos com o nome sujo, ele recuperou seu poder aquisitivo no início de 2018 e explica as etapas para a regularização do CPF.
Silva ganhava cerca de R$ 1 mil por mês quando contraiu dívida de quase R$ 10 mil. "Tinha vários cartões de crédito e contas em banco. Hoje, possuo somente um de cada. Renegociei os cartões, busquei pagar à vista para conseguir desconto e comecei a anotar tudo o que gastava" afirma o analista de ensino, que recebeu o apoio da empresa Severo Educação Financeira.
Silva afirma que o cartão de crédito, que servia para o supermercado, pequenos valores e compras supérfluas, foi um dos facilitadores de sua dívida. Para pagar, foi necessário reduzir desde o cafezinho na rua até o limite da conta do telefone, além de restringir compras com o cartão. "Levei um ano para regularizar tudo. Hoje, gasto pouco com o cartão e só parcelo compras grandes", afirma.

Administração de gastos e dívidas

Especialista recomenda atenção ao orçamento para ver se é possível arcar com os compromissos financeiros

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/VISUALHUNT/DIVULGAÇÃO/JC
O assessor financeiro do Estúdio de Finanças da Pucrs Gabriel Walker de Moura dá dicas possíveis e efetivas para evitar o endividamento, e, para quem já contraiu a dívida, medidas que facilitarão o pagamento da mesma. Lembrando que o endividamento e a inadimplência são coisas diferentes. Enquanto o primeiro consiste no ato de se endividar, o segundo representa o ato de não conseguir pagar a despesa.
Prevenção
Não ultrapassar 30% da renda familiar mensal com o crédito, 70% são para custos fixos e variáveis;
Fazer uma planilha com gastos fixos mensais e variáveis;
Saber o valor de sua hora/trabalho - que é a divisão do salário sobre as horas totais trabalhadas ao mês. Assim, a pessoa vai pensar duas vezes antes de consumir algo fútil;
Pagar em parcelas menores para evitar o acúmulo de juros composto - quanto maior o tempo que se esticar o empréstimo, maiores serão os juros;
Cuidado com o financiamento de bens. Muitas vezes, vale mais a pena alugar um imóvel do que comprar financiado;
Evitar cheque especial e cartão de crédito. Às vezes, o crédito consignado é mais adequado por ter uma taxa de juros menor.
Para quem já está endividado
O primeiro é reconhecer o problema, ter ciência de que terá que cortar alguns luxos e se comprometer a quitar a dívida;
Mudanças de hábitos e cortes de despesas, como televisão a cabo;
Revisão de tarifas bancárias;
Definir dívidas bancárias e renegociar com a empresa credora;
Procurar ajuda com educadores financeiros, caso os problemas com as dívidas persistam.
 

Compras compulsivas no crédito contribuem para aprofundar crise

Cartões de crédito são os vilões como fator de maior endividamento

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/MARCELO G. RIBEIRO/JC
Outro estudo divulgado pelo SPC e pela CNDL revela que, em cada 10 consumidores, seis (59%) aproveitaram as facilidades do crédito para fazer compras não planejadas em fevereiro, que prejudicaram o orçamento até o mês vigente. As aquisições mais recorrentes por impulso dos consumidores no segundo mês do ano foram roupas, calçados e acessórios (19%).
"O hábito da compra por impulso pode ser 'educado', mas, normalmente, o cartão é um dos vilões nestes casos. O ideal é cancelá-lo, usar só o dinheiro e fugir dos parcelamentos", diz o assessor financeiro do Estúdio de Finanças da Pucrs Gabriel Walker de Moura. O Indicador de Uso do Crédito, atualizado em junho pelo SPC Brasil e pela CNDL, evidencia a queda do percentual de consumidores brasileiros que recorreram a alguma modalidade de crédito de 46% para 40% na passagem de março para abril.
De acordo com o banco de dados do Estúdio de Finanças da Pucrs, duas em cada três pessoas que procuram assessoramento estão endividadas e inadimplentes. O principal motivo para a complicação financeira é a compra compulsiva no cartão de crédito. Em nível nacional, 33% dos brasileiros dizem estar no vermelho ou no limite do orçamento, e 19% tiveram crédito negado ao tentar parcelar compras.
Uma consumidora de 52 anos, por exemplo, sofreu com dívidas acumuladas por compras compulsivas que lhe cortaram boa parte dos três salários-mínimos que recebia como auxiliar de enfermagem e concentra uma dívida de mais de R$ 100 mil.
"Gastava com roupas, sapatos e bolsas. Tinha dois cartões, empréstimos em bancos e, em fevereiro me enrolei por completo." Ela só percebeu a bola de neve quando se aposentou. Sem conseguir deixar de trabalhar devido ao tamanho das dívidas, buscou o Estúdio de Finanças.
"Estou aprendendo a detalhar meus gastos, colocar no papel o que ganho, o que gasto e meus pagamentos fixos. A partir disso, planejo o que posso cortar. É um trabalho difícil, mas não tem outro jeito", diz a consumidora, que não quis se identificar.