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Turismo

- Publicada em 10 de Junho de 2018 às 22:54

Rota Paleontológica gaúcha ainda é pouco conhecida

Fósseis de árvores petrificadas podem ser visitados no Jardim Paleobotânico, em área de 3,6 hectares

Fósseis de árvores petrificadas podem ser visitados no Jardim Paleobotânico, em área de 3,6 hectares


fotos SECRETARIA DE CULTURA TURISMO E PALEONTOLOGIA DO MUNICÍPIO DE MATA/DIVULGAÇÃO/JC
A Região Central do Estado tem se debruçado em estudos que contribuam para melhorias e implementação de estrutura na já existente Rota Paleontológica, que inclui pequenos municípios que vão de Candelária até Mata, passando pela Quarta Colônia de Imigração Italiana. Na última sexta-feira, dois eventos contribuíram para que a iniciativa privada e poder público dessem um passo nesse sentido.
A Região Central do Estado tem se debruçado em estudos que contribuam para melhorias e implementação de estrutura na já existente Rota Paleontológica, que inclui pequenos municípios que vão de Candelária até Mata, passando pela Quarta Colônia de Imigração Italiana. Na última sexta-feira, dois eventos contribuíram para que a iniciativa privada e poder público dessem um passo nesse sentido.
Durante o final da manhã, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) realizou a cerimônia de tombamento do Jardim Paleobotânico da cidade de Mata - conhecido por conter milhares de fósseis vegetais com idade superior a 200 milhões de anos, e que atraem todos os anos grande quantidade de cientistas e curiosos do mundo inteiro.
No mesmo dia, ocorreu uma etapa dos Encontros Estaduais de Segmentação do Turismo Gaúcho, com o tema Turismo Paleontológico, seminário promovido pela Secretaria de Estado da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer (Sedactel), na cidade de Santa Maria. Na ocasião, foram apresentados projetos de municípios que já possuem sítios paleontológicos autorizados para visitação (e que têm trabalhado estes locais como produtos turísticos), a exemplo de Candelária, Santa Maria, São Pedro do Sul, Mata e os municípios integrantes da Quarta Colônia.
O diretor de Turismo da Sedactel, Abdon Barreto Filho, destaca que, além das praias, Serra, região das Missões, natureza com cascatas, cânions e mata, vinhedos, e gastronomia, os fósseis de vegetais e de dinossauros podem, sim, ser atrativos de visitantes, fomentando a economia dos municípios onde estão localizados.
Formatado em 2003, o roteiro paleontológico do Estado é resultado de uma pesquisa de mestrado realizada na Universidade Federal de Santa Maria. "Na época que foi lançado, teve um grande alarde, e os municípios se comprometeram a manter e fazer melhorias, mas isso não ocorreu; e hoje a rota, apesar de existir, conta com sítios praticamente abandonados", lamenta o gerente de Projetos de Turismo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação de Santa Maria, André Farias. "Nosso turismo é mais de eventos técnicos, científicos e de negócios. No entanto a cidade possui museus com muitos fósseis, que podem ser inclusos como produtos desse segmento", comenta o gestor.
Farias lembra que o Estado é um dos pontos onde se pesquisa o nascimento dos dinossauros, e destaca que o fóssil de um desses animais (Staurikosaurus Pricei) se encontra em Santa Maria. Esse registro é da época do período Triássico Médio, há cerca de 230 milhões de anos, período anterior ao tão famoso Jurássico. Além de dinossauros, árvores petrificadas na cidade de Mata fazem do Rio Grande do Sul uma atrativa rota de turismo paleontológico urbano e rural.
"Nossa região conta com uma maior quantidade de fósseis vegetais, mas esse fóssil animal é importante, por ser o mais antigo do mundo - do período Triássico Superior, com idade entre 221 e 227 milhões de anos. "Mas, para se ter uma ideia, ainda está enterrado. Não virou atração turística", destaca. "Justamente por isso, a Diretoria de Turismo da Sedactel promoveu o seminário, para colocar uma gasolina no trade turístico, incentivando a iniciativa privada a investir neste segmento", observa Farias. 

Madeiras que se transformaram em pedra são atrativo em Mata

Parque é repleto de exemplares de fósseis de madeiras petrificadas observáveis

Parque é repleto de exemplares de fósseis de madeiras petrificadas observáveis


SECRETARIA DE CULTURA TURISMO E PALEONTOLOGIA DO MUNICÍPIO DE MATA/DIVULGAÇÃO/JC
Roteiro bastante distinto para turistas brasileiros e estrangeiros, a Rota Paleontológica apresenta 21 sítios, com fósseis dispostos em propriedades rurais e museus (neste caso, na ala urbana). Entre esses locais, o Jardim Paleobotânico é uma área de aproximadamente 3,6 hectares, repleta de exemplares de fósseis de madeiras petrificadas observáveis.
Desapropriada pelo poder público municipal para servir como um local de proteção, pesquisa e visitação, a área é considerada como de importante valor científico e educacional tanto para o público acadêmico e escolar, quanto para o público em geral - neste caso, turistas. "Preserva elementos integrantes da identidade regional, uma vez que conta a história do patrimônio fóssil que está inserido na paisagem e no cotidiano da região", comenta o secretário de Cultura, Turismo e Paleontologia do município de Mata, Jeferson Saurin.
Segundo ele, os fósseis vegetais viraram pedra há mais de 200 milhões de anos, após um abalo sísmico "A cidade inteira possui fósseis do gênero, é visível em praças, escadarias e grutas. E, no caso do Jardim Paleobotânico, temos guias disponíveis para repassar informações aos visitantes."
Bastante procurada por turistas do Brasil e do mundo, Mata tem servido de exemplo para municípios da Quarta Colônia, que possuem sítios paleontológicos, com fósseis de animais pequenos e grandes, além de vegetais. "Pensamos em um roteiro que permite entender o passado geológico, o processo da fossilização, a valorização deste patrimônio cultural", afirma a diretora de captação de recursos e relações internacionais do consórcio da Quarta Colônia (que inclui nove municípios da Região Central do Rio Grande do Sul), Valcerina Maria Gassen, explicando que a região ainda não possui sítios abertos à visitação. "Mas a ideia é essa." Por enquanto, os turistas podem conhecer o Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia em São João do Polêsine, que possui mostra de fósseis pesquisados, e um laboratório localizado em uma área de 1 mil metros quadrados.
"Somente no ano passado, recebemos mais de 1 mil visitantes no Centro de Pesquisas", garante Valcerina. "A paleontologia é valorizada no mundo inteiro, e os turistas chegam de vários lugares: Argentina, Uruguai, França, Noruega, São Paulo, Bahia, e do próprio Estado", comenta a gestora.
"A paleontologia é muito interessante, conta a história do início da vida, de tudo que aconteceu nestas áreas, hoje totalmente diferente de como eram originalmente", complementa. De acordo com Valcenira, em cidades como Dona Francisca e Agudo, há fósseis de grandes animais de espécies diferentes. "Algumas empresas de turismo já estão se programando para realizar city tour, com foco nos sítios paleontológicos da Quarta Colônia", adianta a gestora.