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EVENTO

- Publicada em 14 de Maio de 2022 às 19:13

Feira na Biblioteca Pública movimenta fãs de quadrinhos em Porto Alegre

Os estudantes de design gráfico Kelvin Araujo (esq.) e Rafael Freitas (dir.) prestigiaram o evento

Os estudantes de design gráfico Kelvin Araujo (esq.) e Rafael Freitas (dir.) prestigiaram o evento


LUIZA PRADO/JC
Para os fãs e profissionais das revistas em quadrinhos de Porto Alegre e Região Metropolitana, a recomendação, neste fim de semana, é visitar a Primeira Feira Gibizeira, evento promovido pela Biblioteca Pública do Estado (BPE). No local, encontrarão exposição, oficinas, bate-papos e vendas de HQs.
Para os fãs e profissionais das revistas em quadrinhos de Porto Alegre e Região Metropolitana, a recomendação, neste fim de semana, é visitar a Primeira Feira Gibizeira, evento promovido pela Biblioteca Pública do Estado (BPE). No local, encontrarão exposição, oficinas, bate-papos e vendas de HQs.
Na tarde deste sábado (14), a chuva fina não impediu que visitantes se deslocassem até o prédio da biblioteca, localizado no centro da Capital, para conferir toda a programação da feira. Os estudantes de design gráfico Kelvin Araujo e Rafael Freitas estavam entre eles. Araujo viu no evento uma oportunidade de inspiração. “Tenho uma história escrita, mas que ainda não desenhei. Vi então como uma oportunidade de ver alguns expositores. Achei muito interessante. Tem bastante variedade de livros e HQs”, destaca.
Além de acompanharem o mundo dos desenhos animados e dos quadrinhos há bastante tempo, ambos participam de um grupo do Estado chamado Desenhando Juntos, voltado para a integração de artistas iniciantes gaúchos. Sobre a biblioteca pública, enquanto Freitas havia apenas passado pela frente do prédio onde está localizada, Araujo tinha visitado o local uma única vez.
“O espaço está muito diferente. Quando eu vim pela primeira vez, ali parecia um corredor mal-assombrado. Agora, vejo um lugar de lazer, onde posso sentar e ler", compara. O lugar mencionado pelo estudante se refere à "Gibiteca", um espaço com revistas em quadrinhos inaugurado em novembro de 2021, cujo objetivo é oferecer aos jovens e adultos acesso à leitura de quadrinhos.
O acervo, localizado no Salão de Referência da BPE, possui mais de 8 mil itens e é composto de mangás, quadrinhos de super-heróis, em grande parte Marvel e DC Comics, além de séries mensais, especiais, graphic novels e materiais em capa dura de diferentes cantos do Brasil e do mundo.
Incentivador da Gibiteca, o pesquisador de quadrinhos e Guilherme “Smee” Miorando foi o responsável pela curadoria da primeira feira Gibizeira. Segundo ele, tanto o acervo de HQs quanto à feira foram criados com a intenção de ampliar o público que frequenta a biblioteca, além de movimentar o cenário dos quadrinhos no Estado.
"A intenção é chamar todos os tipos de público, desde as crianças até as famílias e os adultos, porque os quadrinhos são para todas as idades. Não há esse mito de serem só para as crianças", ressalta Miorando. Segundo ele, o Rio Grande do Sul conta com uma tradição forte na cena dos HQs, podendo destacar os aficionados por gibis italianos, como o Tex; os variados eventos de animes e mangás que ocorrem em solo gaúcho; a ComicCON RS - evento de quadrinhos e cultura pop com nove edições presenciais, além da própria Grafar, associação de artistas gráficos criada no Rio Grande do Sul na década de 1980.
Miorando ressalta ainda que, embora o público desse nicho seja representado predominantemente por homens, o cenário dos quadrinhos está se abrindo cada vez mais para diferentes públicos. “As mulheres e as pessoas queer estão reivindicando mais espaço. É uma abertura que a sociedade está fazendo para todas as coisas que eram dominadas por homens brancos”, avalia. 

Quadrinista possui obra que retrata episódios de machismo vivenciados em sua carreira

Cris Camargo iniciou a sua obra em Porto Alegre na década de 1990

Cris Camargo iniciou a sua obra em Porto Alegre na década de 1990


LUIZA PRADO/JC
A quadrinista Cris Camargo faz quadrinhos desde a década de 1990, porém, passou a publicar a partir de 2015, com o surgimento do Financiamento Recorrente ou Crowdfunding, que fortaleceu a publicação independente. Estreou com uma série chamada “O Último Maranishi” e, mais recentemente, lançou Rancho do Corvo Dourado, uma paródia steanpunk pós-apocalíptica do Sítio do Picapau Amarelo feita em 2019, ano em que a obra do Monteiro Lobato entrou em domínio público.
“Tudo o que a gente não gostava na obra de Lobato, buscamos subverter e dar maior protagonismo para os personagens negros. Colocamos, por exemplo, a Dona Benta servindo a Tia Anastácia”, detalha Camargo.
A quadrinista também possui uma coletânea de tirinhas representando algumas situações de machismo vivenciadas desde que começou a participar de eventos de HQs. “Quando comecei havia poucas mulheres, mas aos poucos as coisas foram melhorando. Hoje, já temos vários nomes concorrendo a prêmios nacionais e uma participação maior de autoras em grandes eventos”, relata. 

Super herói da Restinga

"Super Tinga e Abelha Girl" deu origem a uma série de 13 episódios produzida pelo quadrinista e cineasta Luciano Moucks

"Super Tinga e Abelha Girl" deu origem a uma série de 13 episódios produzida pelo quadrinista e cineasta Luciano Moucks


LUIZA PRADO/JC
Presente no evento, estava também o quadrinista Luciano Moucks, criador do Super Tinga, personagem criado nos anos 1990 por Moucks, que também é roteirista, cineasta e morador da Restinga. Segundo o autor, Super Tinga é considerado um dos quatro heróis negros em todo o mundo. Além disso, o seu personagem está presente em diferentes produtos audiovisuais, entre eles, o "Super Tinga e Abelha Girl", produção de 13 episódios que contou com a exibição de mais de 200 canais públicos. 
Serviço

O quê: primeira Feira Gibizeira - Feira gráfica de quadrinhos
Quando: 14 e 15 de maio, das 14h às 21h
Onde: Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul (Rua Riachuelo, 1.190, Centro Histórico de Porto Alegre)
Entrada gratuita. Inscrições para as oficinas através do e-mail [email protected]. Vagas limitadas