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Cultura

- Publicada em 09 de Novembro de 2021 às 20:19

Em busca de novos lares, Nina Nicolaiewsky apresenta EP visual

Construído entre a Espanha e a serra gaúcha, 'Receita de casa' chega às plataformas nesta sexta-feira (12)

Construído entre a Espanha e a serra gaúcha, 'Receita de casa' chega às plataformas nesta sexta-feira (12)


BRUNO DOS ANJOS/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
Dizem por aí que o lar é onde nosso coração está. E o leitor ou leitora haverá de nos perdoar por iniciar a matéria citando esse aparente clichê, uma vez que ele tem muito a ver com o espírito de Receita de casa, novo EP de Nina Nicolaiewsky. Dá para dizer, sem medo de exagerar, que o material, lançado nesta sexta-feira (12) nas plataformas digitais, tem pelo menos dois endereços: um deles em Valência, na Espanha, onde a cantora e compositora gaúcha se encontra e onde ela gravou as três faixas do trabalho, e o outro em Canela, na serra gaúcha, residência da família e cenário do EP visual que acompanha o projeto. E o coração da artista é a ponte que une esses dois lares, em uma reflexão artística sobre o que a gente carrega de casa quando estamos em outro lugar, construindo a nós mesmos em outro contexto.
Dizem por aí que o lar é onde nosso coração está. E o leitor ou leitora haverá de nos perdoar por iniciar a matéria citando esse aparente clichê, uma vez que ele tem muito a ver com o espírito de Receita de casa, novo EP de Nina Nicolaiewsky. Dá para dizer, sem medo de exagerar, que o material, lançado nesta sexta-feira (12) nas plataformas digitais, tem pelo menos dois endereços: um deles em Valência, na Espanha, onde a cantora e compositora gaúcha se encontra e onde ela gravou as três faixas do trabalho, e o outro em Canela, na serra gaúcha, residência da família e cenário do EP visual que acompanha o projeto. E o coração da artista é a ponte que une esses dois lares, em uma reflexão artística sobre o que a gente carrega de casa quando estamos em outro lugar, construindo a nós mesmos em outro contexto.
A jornada começou em agosto de 2020, quando Nina viajou para a Espanha, com o objetivo de participar do Master em Performance Contemporânea na Berklee College of Music. "Foi muito no meio da pandemia, sabe? Eu não saía de casa para nada e, de repente, estava em outro país", comenta a compositora. A súbita mudança trouxe, além da possibilidade de construir um novo círculo de relações pessoais e criativas, reflexões sobre fazer música brasileira fora do Brasil - situação que acaba sendo um dos principais diferenciais da sonoridade do EP.
Musicalmente, o trabalho é constituído de três faixas: uma introdução, que cumpre o papel de amarrar os conceitos em torno do projeto, e as músicas Nem tudo (em parceria com Rita Zart) e Pode ser. A realização de um EP visual foi, ao mesmo tempo, natural e quase uma imposição de todo o processo, um recurso capaz de dar a essas canções as camadas visuais que elas, desde o início, pareciam exigir.
"Quando percebi essas duas faixas e uma introdução como uma coisa só, me veio muito a imagem da casa como tudo que nos construiu e, ao mesmo tempo, que ela é uma referência e não uma regra, que a gente pode improvisar a partir dessa receita", relembra Nina. "Quis fazer algo em que eu não aparecesse, porque o meu outro lançamento (o single Esquina, de 2020) foi muito eu, muita exposição, muito vulnerável. Tenho essa sorte de que minha mãe (Márcia do Canto) é atriz, e aí surgiu a ideia de fazer o vídeo nessa casa que é o nosso universo paralelo, um lugar de muito afeto e que me construiu de muitas formas."
O processo de gravação das imagens teve, além da interpretação de Márcia, a presença do diretor Bruno dos Anjos, da produtora Fernanda Verdi e da assistente de produção Renata Rodeghiero. "A Nina estava distante, mas, ao mesmo tempo, quando chegaram os amigos dela para gravar, tivemos uma conexão e uma intimidade imediata", conta a atriz e mãe da cantora. "E a Nina falava com a gente toda hora, querendo saber das coisas, 'deixa eu ver como ficou isso'. Existia uma distância (física), mas nós mergulhados em um universo tão íntimo, tão concha, tão útero, que todos nos sentimos muito bem", alegra-se.
Ao gravar as músicas, Nina Nicolaiewsky também propôs esse diálogo entre o aconchego e o distante, unindo a bateria de Pedrinho Augusto às sonoridades trazidas por Sam Rowley (trombone) e Brandon Atwell (baixo e vibrafone). "Há muita coisa (em termos de música) que, em Porto Alegre, era senso comum e que aqui, na Espanha, eu tinha que explicar. E eu total não sabia como fazer isso. Não faço ideia de como aprendi, eu só nasci no lugar certo!", exclama Nina, rindo. "As composições são muito brasileiras, são ritmos brasileiros, letras em português, sou eu cantando. Mas, ao mesmo tempo, deixei muito claro para os guris (Brandon e Sam) que eu não estava, em momento algum, tentando fazer com que eles soassem como músicos brasileiros."
O resultado é um conjunto de reflexões que, em uma primeira impressão, talvez nem coubessem no universo sonoro de um EP - mas que, graças a uma costura sonora e lírica cuidadosa, acabam resultando em uma audição que segue na cabeça bem depois que a música acaba. Em dezembro, Nina estará no Rio Grande do Sul, visitando a família e apresentando as novas músicas. "Parece que faz uma vida (que não toco ao vivo)", resume. No começo do ano que vem, a cantora retorna para a Espanha, ainda sem planos de uma volta definitiva ao Estado. "Estou meio que entendendo esse novo espaço, e fazendo parcerias com músicos de outros lugares, que é uma coisa que me emociona muito e que afeta meu fazer artístico."
Seja como for, projetos para 2022 não faltam - incluindo a perspectiva de aproveitar as pistas trazidas por Receita de casa em um trabalho maior. "Quero lançar um álbum de fato", revela. "Eu acredito muito que as canções estão aqui, que a gente só tem que fazer o exercício de estar sensível para enxergar elas e transformar em outro tipo de matéria. Quero poder brincar e usar mais esses dois universos, essas duas redes de apoio e afeto, em Porto Alegre e nesse lugar que criei para mim em Valência."
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