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Cultura

- Publicada em 18 de Outubro de 2021 às 19:51

Aos 60 anos, Glênio Bohrer revela a leveza de um caminho sem volta

Arquiteto une as pontas de quatro décadas de composição com 'Um quarto de si', seu CD de estreia

Arquiteto une as pontas de quatro décadas de composição com 'Um quarto de si', seu CD de estreia


ANDRESSA PUFAL/JC
Igor Natusch
A criação artística segue lá as suas lógicas, mas a do relógio (ou do calendário) certamente não está entre elas. O que para alguns é quase imediato, criação que transborda em lançamentos frequentes ou mesmo precoces, para outros é trilha que leva um tempo para se concretizar - rendendo frutos de maturação talvez mais lenta, mas igualmente saborosos. É o caso de Um quarto de si, CD de estreia do compositor Glênio Bohrer.
A criação artística segue lá as suas lógicas, mas a do relógio (ou do calendário) certamente não está entre elas. O que para alguns é quase imediato, criação que transborda em lançamentos frequentes ou mesmo precoces, para outros é trilha que leva um tempo para se concretizar - rendendo frutos de maturação talvez mais lenta, mas igualmente saborosos. É o caso de Um quarto de si, CD de estreia do compositor Glênio Bohrer.
Aos 60 anos, depois de quatro décadas criando quase que para si mesmo, ele se revela com um disco de MPB festivo e animado, daqueles capazes de trazer um pouco de leveza aos tempos difíceis que nos cercam. "É uma coisa que há muito tempo faz parte da minha vida, e que agora não dá mais para negar. Fiquei um bom tempo dizendo que não bem era assim, e agora me entreguei", brinca Bohrer.
O álbum de 13 faixas já está disponível nas plataformas digitais, e o lançamento oficial acontece nesta quinta-feira (21), às 21h, no Espaço 373 (Comendador Coruja, 373). Os ingressos presenciais estão esgotados, mas é possível adquirir entradas para a exibição online, a partir de R$ 20,00, no site do Espaço 373. Após a confirmação do pagamento, o link direto para o show será enviado por e-mail.
Professor de Arquitetura na Ufrgs, Bohrer escreve letras desde os tempos de estudante no Colégio Julio de Castilhos, o tradicional Julinho de Porto Alegre. Boa parte dessas músicas surgiam em parceria com Aldo Votto e Claudio DusSantos, amigos que até hoje acompanham Glênio pelas estradas da vida. Há cerca de cinco anos, o compositor começou a fazer uso da tecnologia para registrar algumas ideias, o que permitiu que ele começasse também a escrever as melodias - e despertou nele a vontade de, finalmente, trazer algumas de suas canções para o grande público.
"Não imaginava fazer algo grande", acentua Bohrer. "Começou com um registro bem simples das composições, um violão e uma voz em estúdio, uma gravação limpa. Mas essa ideia original não deu liga, eu mesmo não me mobilizei muito. Depois surgiu a ideia do disco, as pessoas enxergaram uma motivação e a coisa se movimentou."
O próprio Glênio Bohrer produziu o álbum, com direção musical e arranjos de Toneco da Costa. Como convidados, surgem intérpretes como Dani Rauen, Dany Calixto, Dudu Sperb, Manoela Fortuna, Marcelo Delacroix, Mirian Bravo e Monica Tomasi. "Confesso que, de início, foi muito difícil para mim superar o receio de como esse projeto seria recebido (pelos músicos). Ninguém sabia que eu compunha, então fiquei com um certo constrangimento e com um receio de constrangê-los, também, de fazer aquele tipo de convite que o cara não tem como pular fora", ri ele, agora que essa hesitação virou coisa do passado.
Levando em conta todo o processo, foram quase três anos de trabalho - um trajeto que teve seus momentos desgastantes, mas que trouxe muita alegria ao mentor da coisa toda. "As gravações foram maravilhosas, mais prazerosas até do que o disco concretizado", revela. "Era sempre um prazer ir ao estúdio e sentir o envolvimento das pessoas, todos querendo fazer o melhor, sempre em um clima muito afetuoso." Um aura de alto astral que se percebe em todas as faixas, com vozes e instrumentos que se sucedem como quem vai chegando na roda de samba.
Um quarto de si estava pronto antes da Covid-19 colocar a vida das pessoas em compasso de espera. Mas não deduza, de forma apressada, que Bohrer ficou angustiado com a espera forçada. "Depois de uns meses (de pandemia), eu até poderia ter lançado, já que estava tudo pronto. Mas eu percebia que as pessoas não estavam muito interessadas em nenhum outro assunto, que não tinha muito espaço pra essas coisas mais leves", pondera. "E acho que, no fundo, eu tinha um receio grande da exposição. Não consigo me enxergar naturalmente como compositor, me anunciar desta maneira: me enxergo como arquiteto, como professor. Esse compasso de espera, de certa forma, me deu tempo para esse processo."
Seja como for, hoje o próprio Bohrer admite que não tem mais volta. Além da apresentação que vai amarrar tudo (um show com esse caráter de "celebrar com amigos", garante o compositor), ele já admite a vontade de dar novos passos na carreira, talvez trabalhando a partir de composições dos amigos Aldo e Claudio, que também têm muito material inédito na gaveta. "É um prazer que vou querer repetir", resume.
Uma boa hora para aproveitar o embalo e trazer um pouco mais de leveza ao mundo, nesse momento em que todos e todas ensaiam um reencontro após o pior momento da pandemia. "Acho que é um pouco como aparece na letra de Mocidade: 'Tem sempre uma voz/ que nos chama/ com um samba pra cantar'. Acho que a vida insiste em separar, mas é ter um motivo para juntar as pessoas, e as coisas retornam até no mesmo estado em que estavam, como se a gente não tivesse parado de conversar."
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