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Cultura

- Publicada em 27 de Setembro de 2021 às 20:02

Autor de 'Moby Dick', Herman Melville é reconhecido como um gigante da literatura

Morte do escritor norte-americano responsável pelo clássico completa 130 anos

Morte do escritor norte-americano responsável pelo clássico completa 130 anos


I.W.TABER/CHARLES SCRIBNER'S SONS/REPRODUÇÃO/JC
Igor Natusch
Dentre os grandes clássicos da literatura mundial, Moby Dick é, talvez, um dos mais improváveis. Entre muitos motivos, porque ninguém deu muita bola para a obra de Herman Melville na época que foi lançada, em 1851. Embora muitos críticos tenham apreciado a obra, outros foram bem menos generosos (uma resenha no jornal Boston Post tornou-se famosa ao dizer que o livro "não valia o dinheiro, nem como obra literária, nem como uma pilha de papel impresso"), e as vendas não foram nada empolgantes. Quando do falecimento do escritor norte-americano, em 28 de setembro de 1891, Moby Dick estava fora de catálogo há vários anos e, segundo biógrafos do escritor, tinha vendido menos de 4 mil exemplares ao todo.
Dentre os grandes clássicos da literatura mundial, Moby Dick é, talvez, um dos mais improváveis. Entre muitos motivos, porque ninguém deu muita bola para a obra de Herman Melville na época que foi lançada, em 1851. Embora muitos críticos tenham apreciado a obra, outros foram bem menos generosos (uma resenha no jornal Boston Post tornou-se famosa ao dizer que o livro "não valia o dinheiro, nem como obra literária, nem como uma pilha de papel impresso"), e as vendas não foram nada empolgantes. Quando do falecimento do escritor norte-americano, em 28 de setembro de 1891, Moby Dick estava fora de catálogo há vários anos e, segundo biógrafos do escritor, tinha vendido menos de 4 mil exemplares ao todo.
Hoje, é claro, a impressão a respeito do livro, e de seu autor, é muito diferente. A partir de um interesse renovado por Melville, disparado pelo centenário de seu nascimento em 1919, sua obra sobre um navio engajado na caça sem tréguas de uma baleia branca passou a ser considerada uma obra-prima, e hoje é rotineiramente listada entre os livros definidores da literatura norte-americana. O próprio Melville nunca chegou a ser completamente esquecido, mas era um nome circunscrito a certos círculos literários, lembrado apenas por algumas poucas obras de certo destaque; hoje, 130 anos depois de sua morte, a quantidade de análises acadêmicas em torno de sua obra rende incontáveis volumes de papel, muito mais valiosos do que a ácida crítica citada acima poderia supor.
Na época de seu lançamento, Moby Dick acabou sendo uma linha riscada do chão para seu autor, mas com efeito contrário ao esperado: ao invés de fazer de Melville um figura admirada e respeitada, acabou apontando para a decadência em sua carreira. Antes dele, o escritor nova-iorquino (nascido Herman Melvill, sem a última vogal no sobrenome, em 1º de agosto de 1819) tinha publicado alguns volumes bem recebidos pelo público - dois deles, Typee (1846) e Omoo (1847), diretamente baseados em suas experiências em oceanos distantes e nos contatos que teve com povos distantes do mundo dito civilizado.
Herman teve uma primeira experiência como marinheiro ainda na juventude (que também viraria parte de um livro, Redburn, em 1849), e acabaria retornando ao ofício no final de 1840, depois de pouco empolgantes períodos como balconista e professor de ensino básico. Vindo de uma família outrora próspera, mas agora cheia de dívidas, o jovem não podia se dar muito ao luxo de escolher emprego, e alistou-se em um navio baleeiro chamado Acushnet. Suas aventuras foram muitas: viveu períodos em ilhas selvagens, pegou carona em diferentes embarcações e sobreviveu do jeito que pôde até conseguir embarcar, no Havaí, em uma fragata norte-americana que o trouxe para casa, quase três anos depois de sua partida. Foi a pedido da família que engajou-se na escrita: as histórias que contava sobre seus anos de aventuras eram tão empolgantes que, diziam, tinham que ser devidamente registradas em livro.
Quando o escritor se engajou na concretização de Moby Dick, era um autor de aventuras bem-sucedido, conhecido como "o homem que viveu entre os canibais" - uma fama que o levou a casar com Elizabeth Knapp Shaw em uma cerimônia privada, pelo temor de que curiosos viessem incomodar a celebridade local. Em uma escrita que funde o coloquial, o épico e o descritivo, Melville usa o marinheiro Ishmael como testemunha de uma caçada que, em vários sentidos, fala da humanidade inteira: a rancorosa obsessão do Capitão Ahab, determinado a liquidar a temida e raivosa baleia que o mutilou.
A entrega da obra, porém, levou quase um ano além do esperado, e as vendas modestas não foram suficientes para pagar os empréstimos que Melville finha feito. Situação que piorou quando o romance psicológico Pierre (1852) mostrou-se um fracasso de público e crítica. No final da vida, dedicou-se à poesia, com poucas exceções (entre elas, a novela Bartleby, o escriturário, de 1853), enquanto sustentava a si e à família como inspetor alfandegário. Não tinha mais nenhuma pretensão de sucesso literário: alguns volumes poéticos foram impressos em tiragens de menos de 30 exemplares, apenas para amigos e parentes próximos, e outros são dados hoje como perdidos.
Até sua morte, decorrente de problemas cardíacos, teve aspectos pitorescos. Embora alguns obituários tenham sido mais generosos, o New York Times dedicou ao falecido senão poucas linhas, e conseguiu errar a grafia da obra-prima de Melville, chamando-a de "Mobie Dick". À época, era visto como um funcionário público aposentado que, na distante juventude, tinha feito algum sucesso com histórias de ação em alto-mar. Hoje, é claro, quem tentar descrevê-lo desta forma será chamado de maluco. A imortalidade demorou um pouco a chegar, mas Herman Melville voltou a ser reconhecido não apenas como escritor, mas como um dos grandes mestres da literatura.
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