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Cultura

- Publicada em 12 de Setembro de 2021 às 19:44

Dante Alighieri abriu uma trilha rumo ao coração da experiência humana

Espetáculo musical e tradução inédita integram homenagens nos 700 anos da morte do autor italiano

Espetáculo musical e tradução inédita integram homenagens nos 700 anos da morte do autor italiano


GILBERTO PERIN/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
Propondo uma jornada do inferno ao paraíso, o italiano Dante Alighieri abriu uma trilha rumo ao coração da experiência humana que, desde então, nunca mais se fechou. Com sua Divina Comédia, o poeta revolucionou a literatura, mas não apenas ela: a obra, dividida em três volumes, é uma criação tão poderosa que acabou, a seu modo, reinventando a própria visão do que era ou não considerado artístico. Em 14 de setembro, são lembrados os 700 anos da morte do poeta florentino, e não são poucas as iniciativas que homenageiam o autor e seu legado singular.
Propondo uma jornada do inferno ao paraíso, o italiano Dante Alighieri abriu uma trilha rumo ao coração da experiência humana que, desde então, nunca mais se fechou. Com sua Divina Comédia, o poeta revolucionou a literatura, mas não apenas ela: a obra, dividida em três volumes, é uma criação tão poderosa que acabou, a seu modo, reinventando a própria visão do que era ou não considerado artístico. Em 14 de setembro, são lembrados os 700 anos da morte do poeta florentino, e não são poucas as iniciativas que homenageiam o autor e seu legado singular.
Entre as iniciativas, está marcada para esta segunda-feira (13), às 19h, um show de mapping 3D na Biblioteca Pública do Estado - BPE (Riachuelo, 1.190), unindo imagens projetadas nas paredes à interpretação de Zé Adão Barbosa, a partir de texto de Rafael Bán Jacobsen. Em caso de chuva, o evento será transferido para o dia 24, no mesmo horário.
Outras dois projetos referentes à data, promovidos pela Bell'Anima Produções, ganham o mundo a partir desta terça-feira (14). Composição de Vagner Cunha para coro, solistas e orquestra, o espetáculo A paixão de Dante fará sua estreia mundial no palco do Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº), presencialmente e online; e uma edição comemorativa do livro A divina comédia: Inferno, com tradução inédita de José Clemente Pozenato, também estará disponível a partir da data em questão.
Às 18h, o autor estará no Foyer Nobre do Theatro São Pedro, autografando exemplares do livro. A obra custa R$ 33,00, e poderá ser adquirada também junto à Fundação Antonio Meneghetti e nas livrarias da Capital.
O espetáculo, por sua vez, terá sessões presenciais também na sexta-feira (17) e no sábado (18), sempre às 20h. A capacidade do teatro será reduzida, e haverá o cumprimento de protocolos sanitários para enfrentamento à Covid-19. Ingressos à venda na plataforma Sympla, com valor único de R$ 33,00 para acesso online (exclusivo para amanhã) e preços de R$ 40,00 a R$ 160,00 na modalidade presencial.
Um dos principais diferenciais da tradução de Pozenato é a busca por um vocabulário simples e acessível, para ser lido e apreciado por leitores e leitoras da atualidade. Um esforço que dialoga com as intenções originais do próprio Dante, que deixou de lado o latim e adotou a oralidade de seu tempo, consolidando a língua vulgar como um veículo para a literatura. "Tive contato com sete ou oito traduções, e nenhuma me parecia ter mantido o cuidado com a coloquialidade, que é tão importante no modo como Dante escrevia", comenta o tradutor. "Quando surgem expressões populares e até à beira do palavrão, os tradutores tentam fugir. Por exemplo, quando ele (Dante) quer elogiar a língua materna, dos antepassados, ele diz que é a língua de "mamma e babbo", do papai e da mamãe. Isso é linguagem coloquial, popular, não tem nada de rebuscado ou sofisticado."
Lado musical dessa jornada criativa, A paixão de Dante tem cerca de 150 minutos e é inspirada em Inferno, primeira e, talvez, mais notória das três partes de A divina comédia. Com regência de Antonio Borges-Cunha, a execução terá mais de 70 integrantes, incluindo o tenor Flávio Leite, que interpreta Dante; a soprano Paola Bess, que incorpora Beatriz; e o barítono Carlos Rodriguez, que dá vida a Virgílio.
Se Dante conta com o auxílio de seu mestre para cruzar os círculos infernais, o compositor Vagner Cunha contou com um guia igualmente providencial em sua jornada: foi na sonoridade do texto original, em italiano, que o músico encontrou a trilha a seguir. "Comecei a trabalhar com o texto em primeiro plano, e isso foi me levando a entender as leis do Dante e do próprio texto. O próprio poema me trouxe as soluções musicais", garante Cunha. "A composição, para mim, é como um daqueles círculos de dominó: há infinitas formas de começar um trabalho, mas quando cai a primeira pecinha, a coisa vai. Foi difícil começar, mas, no momento em que derrubei a primeira peça, e tendo o texto como elemento fundamental, a coisa fluiu de forma natural", anima-se.
Unindo os ângulos literários e musicais do projeto da Bell'Anima, a certeza de que há, na obra de Dante, chaves para uma compreensão mais profunda de nossa própria humanidade. "Acho que o que aparece na Divina Comédia é muito atual. Na verdade, talvez não tenhamos chegado ainda ao entendimento do que realmente é a coisa", reflete Cunha. "A coisa toda coincidiu com a pandemia e com essas crises todas no País, mas o projeto é anterior à pandemia, a crise humanista que a gente vive é muito anterior à pandemia. Meu intento é, humildemente, fazer um convite para que as pessoas resgatem alguns princípios humanistas dentro de si. Olhar para dentro do ser humano talvez seja a chave de Dante, e foi também o que se deu comigo enquanto escrevia a música."
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