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Cultura

- Publicada em 16 de Agosto de 2021 às 19:54

Novo álbum solo de Tiago Ferraz chega às plataformas digitais

'A linda canção do sábio sabiá' tem sonoridade na fronteira entre o eletrônico e o orgânico

'A linda canção do sábio sabiá' tem sonoridade na fronteira entre o eletrônico e o orgânico


MARIEL FABRIS/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
Todo esforço de composição implica, em maior ou menor grau, em uma busca de caminhos. A trilha pode cruzar universos díspares, ir e voltar por diferentes caminhos, mas geralmente terá como único mapa a intuição. Nesse sentido, dá para dizer que A linda canção do sábio sabiá, novo álbum solo de Tiago Ferraz que estará nas plataformas a partir do próximo domingo (22), mostra um artista sem medo de ir descobrindo o caminho durante a caminhada - e que encontra, no aparentemente inusitado equilíbrio entre o eletrônico e o orgânico, uma paisagem sonora confortável para seus exercícios criativos.
Todo esforço de composição implica, em maior ou menor grau, em uma busca de caminhos. A trilha pode cruzar universos díspares, ir e voltar por diferentes caminhos, mas geralmente terá como único mapa a intuição. Nesse sentido, dá para dizer que A linda canção do sábio sabiá, novo álbum solo de Tiago Ferraz que estará nas plataformas a partir do próximo domingo (22), mostra um artista sem medo de ir descobrindo o caminho durante a caminhada - e que encontra, no aparentemente inusitado equilíbrio entre o eletrônico e o orgânico, uma paisagem sonora confortável para seus exercícios criativos.
O trabalho está na segunda etapa da campanha de financiamento coletivo, com valores a partir de R$ 20,00 e que incluem uma pré-save do novo trabalho. A campanha pode ser acessada em ffm.bio/tiagoferraz. Antecipando o lançamento do álbum, estará disponível a partir de sexta-feira o videoclipe para Carinhoso, releitura de Pixinguinha e João de Barro que estará no canal do músico no YouTube.
A sonoridade do novo trabalho pode trazer algumas surpresas para quem está mais familiarizado com o trabalho de Tiago Ferraz na banda Estado das Coisas e, mais recentemente, junto à Rock de Galpão. Há uso intensivo de samples e elementos lo-fi, em uma construção sonora cheia de groove - mas sempre dialogando com passagens por vezes à beira do acústico, a serviço de letras cheias de reflexão e observação. O resultado é acima de tudo agradável: uma música para dançar no sofá, mas prestando atenção na mensagem.
"Eu estou me reciclando, e acho que, nesse processo, acabo reciclando um pouco também o meu público, que é um pouco mais velho. Acredito que o meu som deu uma arejada legal, e que isso vai também pegar uma galera mais nova", diz Ferraz, em conversa com o Jornal do Comércio. Um resultado que, longe de ser planejado, foi sendo construído durante a caminhada, incorporando naturalmente tudo de interessante que surgisse pelo caminho.
Iniciado em 2019, a partir de demos gravadas durante uma viagem a Portugal, A linda canção do sábio sabiá acaba sendo perpassado por dois momentos intensos: um deles coletivo, ligado à indesejável pandemia, e outro individual, a partir das sessões de psicanálise que o músico vem fazendo. "Acho que dá para sacar que as letras têm um tanto de autoconhecimento, de interpretação e entendimento da coisas da vida, de buscar a cura através do amor. Elas refletem tudo que acontece na minha vida, e também essa minha vontade de que a música estimule uma compreensão nas pessoas", pondera.
Produzidas em parceria com o produtor Davilexx (ou David Fontoura, para os menos íntimos), as faixas foram encontrando seu caminho sonoro em resposta ao distanciamento forçado pela circulação da Covid-19. "Pensamos: 'já que não dá para juntar todo mundo, vamos resolver isso de outro jeito', e aí mergulhamos no universo eletrônico. O David lida muito bem com essa coisa de samplers e loops; eu não tenho muita paciência com essa coisa de estudar e ver os timbres, mas, quando me apresentam, eu sei escutar e escolher o que eu quero. E foi muito interessante, porque o disco começou mais orgânico, foi ficando mais eletrônico e mesmo assim teve um resultado muito uniforme."
O repertório do disco foi sendo construído com um olhar despreocupado, aberto à coincidência. A faixa-título, por exemplo, foi batizada a partir do canto de um sabiá-poca que Ferraz ouviu durante uma incursão a Bento Gonçalves, na serra gaúcha; a levada da versão de Carinhoso, por sua vez, foi insinuada de forma casual por seu filho, que chegou um dia em sua casa cantarolando a música.
Há espaço até para o inconsciente e o imponderável, como em El tiempo no cambia. "Minha mãe sempre dizia que, com o coração, não se negocia. Ela morreu no dia do show de lançamento da Rock de Galpão (do DVD 10 anos de estrada) no Theatro São Pedro, fiz o show em homenagem a ela, terminou o show e fui enterrar a minha mãe. Daí fui para Portugal e, uma manhã dessas, acordei com ela me falando essa frase em espanhol, já com a linha melódica que seria a da música", relembra.
A partir de agora, vem o futuro. Enquanto a Rock de Galpão já prepara as músicas de um novo trabalho, Tiago Ferraz pretende abordar seu novo material solo em dois formatos: o de banda completa, que deve se fazer ouvir a partir de outubro, e uma versão mais intimista, com o músico pilotando o violão e os loops, por meio de pedais. Tudo, é claro, para levar a alquimia sonora de A linda canção do sábio sabiá a quem estiver disposto a recebê-la.
"O universo do bar é bacana para a galera se divertir, mas eu não estou muito mais nessa de entretenimento por entretenimento. Estou mais por buscar um propósito nas coisas", reflete. "Eu chorei feito criança quando veio a master do disco e me dei conta de que a música tinha me salvado, mais uma vez. Sou um discípulo da música, esse é o meu propósito e eu não me entrego. Enquanto eu tiver voz e um violão afinado, vou estar na área."
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