Revisitando amigos de infância que formaram uma escola de samba mirim do morro nos anos 1990, o documentário Mangueira em 2 tempos estreia nos cinemas brasileiros, incluindo Porto Alegre, nesta quinta-feira (5). Dirigido por Ana Maria Magalhães, o longa revisita, três décadas depois, as trajetórias desses jovens - revelando as circunstâncias brutais da vida dos moradores das favelas do Rio de Janeiro, mas também de seus surpreendentes destinos.
Em 1992, a diretora realizou o vídeo-documentário Mangueira do Amanhã, que mostra a influência do samba na vida das crianças, a formação da escola mirim e o desfile de carnaval daquele ano. A ideia de realizar o documentário surgiu nos encontros ocasionais da diretora com Wesley, hoje mestre de bateria da escola, que lhe dava notícias de seus amigos mais próximos - que ela conhecera, ainda crianças, durante as filmagens do vídeo.
Ao realizar Mangueira em 2 tempos, a diretora foi motivada a revelar a expressão do talento e da criatividade em condições adversas, pelo desejo de ultrapassar as fronteiras da nossa linguagem musical com a fusão de samba, funk e jazz brasileiro. A introdução do funk nos desfiles da Mangueira por um grupo do qual Wesley fez parte sugere a conexão entre samba e funk que têm em comum os dois tempos da marcação do ritmo. Como expressão universal, a música considera que o encontro entre as diferenças é elemento de desenvolvimento e fator de união.
Mangueira em 2 tempos foi laureado com o Prêmio de Melhor Documentário no INYFF - International New York Film Festival, obteve Menção Honrosa no LABRFF - Los Angeles Brazilian Film Festival e Honra ao Mérito no Docs Without Borders Film Festival.