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Cultura

- Publicada em 27 de Julho de 2021 às 21:18

Peça 'Cidade ao mar' traz grupo teatral adolescente em busca de espaço

Prisma, grupo independente formado por adolescentes, estreia espetáculo online nesta sexta-feira (30)

Prisma, grupo independente formado por adolescentes, estreia espetáculo online nesta sexta-feira (30)


BELA BECKER/DIVULGAÇÃO/JC
Lara Moeller Nunes
Quebrando paradigmas e ganhando cada vez mais espaço no mundo das artes cênicas, o grupo de teatro Prisma lança nesta sexta-feira (30), às 20h, o espetáculo Cidade ao mar, produzido de forma totalmente independente. Através de diferentes perspectivas, a obra mostra, em três capítulos, a busca e a fuga pelas lembranças através de uma narrativa humana e intertextual.
Quebrando paradigmas e ganhando cada vez mais espaço no mundo das artes cênicas, o grupo de teatro Prisma lança nesta sexta-feira (30), às 20h, o espetáculo Cidade ao mar, produzido de forma totalmente independente. Através de diferentes perspectivas, a obra mostra, em três capítulos, a busca e a fuga pelas lembranças através de uma narrativa humana e intertextual.
A exibição online da montagem acontece em mais cinco datas além da estreia, nos dias 31 de julho e 1, 6, 7 e 8 de agosto, sempre às 20h. Ingressos (R$ 20,00, com opções de meia-entrada) estão à venda na plataforma Sympla, e o link para a peça é enviado no e-mail inscrito no ato da compra.
A pouca idade dos integrantes do grupo, somada ao intenso esforço e dedicação dos mesmos, chama a atenção de quem se depara com o projeto. Criado na metade de 2019 pelos adolescentes Bela Becker (16 anos), Jean Gorziza (17) e Pedro Dargen (18), o coletivo autônomo surgiu de forma natural, a partir do desejo de produzirem peças teatrais. O empurrão inicial veio da professora Guega Peixoto, que comandava a Oficina Práticas de Atuação, frequentada por eles, na Casa de Teatro de Porto Alegre.
O amor pela área e a inquietude do trio fez com que eles mesmos passassem a questionar a maneira como a adolescência era tratada em cima dos palcos. Em entrevista ao Jornal do Comércio, Gorziza comentou sobre o trabalho diferenciado produzido por eles. "Muitas peças são atuadas por jovens, mas sempre são comandadas por adultos que já possuem um olhar distante dessa fase da vida. Esse foi o diferencial que buscamos com o projeto: adolescentes ocupando também os papeis de roteiro e direção", explica ele.
O estudante, que agora cursa o 2º ano do Ensino Médio, conta ainda que, por questões jurídicas e administrativas, é extremamente raro ver um grupo adolescente que não esteja diretamente vinculado a uma instituição. "Sabíamos desde o início que o que estávamos fazendo não era visto com frequência e que, por conta disso, teríamos que batalhar em busca de espaço. Ao mesmo tempo que é legal quebrar esse paradigma, percebemos que nossa presença em certos lugares ainda causa certa estranheza."
A abertura do projeto trouxe temáticas como suicídio e depressão, com o intuito de criar uma maior proximidade com o público a partir do olhar e da perspectiva juvenil em cima do assunto. Para a surpresa de todos, a primeira peça produzida por eles, Sobre abrir os olhos e se fechar em mantos, foi contemplada no projeto Novas Caras, da Secretaria de Cultura de Porto Alegre.
Com quatro apresentações programadas na Sala Álvaro Moreyra, no Centro Municipal de Cultura, Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues, a temporada de estreia foi adiada em função da pandemia de Covid-19. "Ficamos bem assustados no início, porque a aprovação no edital tinha nos dado uma certa segurança. Mesmo com as incertezas, decidimos preservar o espetáculo do jeito que ele foi pensado originalmente, sem adaptar para o virtual. Os assuntos que tratamos são muito intimistas e sensíveis, e a tela não conseguiria passar isso para o público", pondera Gorziza.
Sem perspectivas para um retorno presencial, começaram a levantar a possibilidade de novos projetos já pensados para o formato digital que pudessem ser desenvolvidos com as estruturas que tinham à disposição. No Setembro Amarelo de 2020, com apoio do Centro de Valorização da Vida, produziram um material em áudio chamado Frequência, e agora, prestes a completar dois anos de coletivo, lançam a peça Cidade ao mar.
Bela Becker, responsável pelo roteiro da obra, conta que o processo de desenvolvimento do texto foi muito rápido e natural, pois já sabiam que não poderiam gravar juntos e que tudo seria feito à distância. Com inspiração no poema A cidade no mar, de Edgar Allan Poe, o espetáculo é carregado de referências e intertextualidade. "A história apresenta três diferentes perspectivas que vão se complementando ao longo da narrativa. A questão do apego e do desapego aparece bastante, mostrando que todos vemos o mundo e nos relacionamos com ele de maneiras muito distintas", explica a jovem.
A produção conta ainda com a participação de mais duas pessoas no elenco. Fernanda Miranda e Laysa Mary já haviam sido colegas de curso do restante do grupo e acompanhavam de perto o desenvolvimento do Prisma desde o início. Para Bela, "o projeto não é apenas sobre adolescentes fazendo conteúdo para adolescentes, mas sim adolescentes fazendo conteúdo para o mundo."
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