No aniversário de 85 anos, Hermeto Pascoal é objeto de especial da Rádio Cultura

Tudo que Hermeto Pascoal toca vira música. Chegando nesta terça-feira (22) aos 85 anos de vida, o multi-instrumentista alagoano segue fascinando o mundo com sua produção musical vasta e amplamente experimental, na qual a música e a vida se misturam em diferentes dimensões.

Como parte das celebrações pela data, a Rádio Cultura traz uma série inédita em quatro episódios. Hermeto 85 - Vida em Sinfonia mergulha na trajetória do artista, detendo o olhar nas inspirações, percepções e inúmeras parcerias dessas várias décadas de carreira. A série estreia na Cultura Brasil nesta terça-feira (22) e na Cultura Brasil a partir do próximo domingo (27). As duas estações podem ser acessadas online no site da TV Cultura.

A música, para Hermeto Pascoal, é uma condição de nascença: o próprio costuma dizer que inventou o primeiro som na barriga de sua mãe. Nascido em Arapiraca (AL), em 22 de junho de 1936, aprendeu ainda criança a usar restos do trabalho do avô, que era ferreiro, para criar sons. Brincava com a água de um lago próximo para ver que sonoridades conseguia extrair dela. Aprendeu a tocar acordeon sozinho, aos oito anos de idade, e desde então não encontrou um instrumento musical pelo caminho do qual não fosse capaz, quase instintivamente, de extrair música.

Com o Quarteto Novo, gravou um álbum, lançado em 1967, que se torna um marco na consolidação de uma linguagem musical nordestina para a bossa nova. Já nos Estados Unidos, se torna uma referência da chamada world music, gravando álbuns influentes e tocando com nomes como Miles Davis.

A partir do começo dos anos 1970, Hermeto Pascoal se consolida como compositor, em um trabalho que surpreende até hoje pela experimentação constante. Para ele, qualquer coisa é música: escreveu canções a partir dos latidos dos cães, de discursos de políticos, do canto dos pássaros e do barulho que o vento faz ao passar por determinadas superfícies. A partir da ideia de "som universal", o compositor desenvolve um trabalho que recusa os rótulos - seu disco mais recente, Natureza universal, é de 2018.