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Cultura

- Publicada em 08 de Junho de 2021 às 19:50

Ultramen faz show de 30 anos de carreira no Sarau do Solar

Celebrando três décadas de estrada, banda se apresenta na abertura da temporada 2021 do projeto

Celebrando três décadas de estrada, banda se apresenta na abertura da temporada 2021 do projeto


RICARDO LAGE/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
Aos poucos, a volta dos artistas aos palcos vai se tornando uma perspectiva alcançável em Porto Alegre. Para a Ultramen, uma banda que sempre teve no encontro entre palco e plateia uma definição quase espiritual, um novo passo para fora do isolamento será dado hoje, às 19h, no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (AL-RS). Comemorando 30 anos de carreira, a banda fará a abertura da temporada 2021 do Sarau do Solar Especial, trazendo canções emblemáticas de sua trajetória.
Aos poucos, a volta dos artistas aos palcos vai se tornando uma perspectiva alcançável em Porto Alegre. Para a Ultramen, uma banda que sempre teve no encontro entre palco e plateia uma definição quase espiritual, um novo passo para fora do isolamento será dado hoje, às 19h, no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (AL-RS). Comemorando 30 anos de carreira, a banda fará a abertura da temporada 2021 do Sarau do Solar Especial, trazendo canções emblemáticas de sua trajetória.
O show terá caráter híbrido, com 30% da capacidade presencial e adoção de distanciamento social e protocolos de segurança. A entrada é por ordem de chegada, e o ingresso é colaborativo, a partir de uma contribuição para a Campanha do Agasalho 2021. O show também será transmitido ao vivo pela TV Assembleia e pelos perfis da AL-RS no Facebook e YouTube.
"Eu acho que, agora, é esse o caminho", diz Tonho Crocco, vocalista e líder da banda, em entrevista ao Jornal do Comércio. "Aos poucos, a gente vai começando essa abertura - é claro, com muita segurança, distanciamento, álcool em gel, máscaras. E, acima de tudo, com a vacina, que é o que realmente resolve. É a partir dela que a gente vai ter uma retomada em breve dos shows, próximo de como era antigamente", diz, esperançoso.
Surgida em 1991, na Faculdade de Biologia da Ufrgs, a Ultramen conta hoje com Tonho Crocco (voz), Pedro Porto (baixo), Leonardo Boff (teclado), DJ Anderson (scratches) e Zé Darcy (bateria). A sonoridade que mescla black music, samba rock, reggae, rock e rap tornou-se apreciada e respeitada em todo o País, com cinco álbuns de estúdio (o mais recente, Tente enxergar, é de 2018), lançamentos independentes, vídeos e DVDs.
Levando em conta tudo isso, fechar o repertório para essa celebração não deixa de ser um desafio. "Cara, pior que acaba sendo difícil mesmo. Mas garanto que vai ter pelo menos uma música de cada disco, e estamos pensando em algumas surpresas, talvez resgatar alguma coisa das nossas demos (de 1993 e 1995)", enumera.
Durante os longos meses de inatividade trazidos pela pandemia, a Ultramen fez poucas apresentações - uma delas, em julho do ano passado, dentro do formato drive-in promovido com o apoio da prefeitura de Porto Alegre. E o vocalista admite que ainda não lida muito bem com as alternativas forçadas pelo isolamento. "Estávamos muito acostumados com a aglomeração do show, as pessoas dançando, perto, próximas. Tudo ficou muito distante, seja para fazer uma live, seja para fazer um show com distanciamento, no qual as pessoas não podem levantar para dançar. Mas é o momento, então, a gente ainda está se acostumando", conforma-se.
Para artistas de todo o Brasil, nos mais diferentes gêneros, o último ano e meio tem sido mesmo de sobrevivência. Além das dificuldades financeiras trazidas pela ausência de shows, os músicos acabam enfrentando também uma realidade refratária à cultura, consequência direta de um ambiente político conflagrado.
"A gente está em um momento de trevas, de regressão em termos de história, de ciência, de educação. Andamos para trás uns 50 anos, no mínimo, e a pandemia agravou isso. Eu sinto que a cultura é um navio à deriva (no Brasil), e muitos projetos foram prejudicados por esse governo que temos, não só com o presidente Bolsonaro, mas também com esse Mário Frias (atual secretário nacional da Cultura), que é uma pessoa péssima, um fracasso total", dispara Crocco.
O próprio Tonho Crocco não é novato em aproximar música e política - como, por exemplo, no caso de Gangue da Matriz, canção sobre alguns deputados estaduais de então que causou rebuliço em 2010. Como diz a letra do sucesso Peleia, a Ultramen não é de fugir da guerra: segundo o vocalista, o caminho é para a frente, misturando criatividades e encontrando novos caminhos. "Acho que a função do artista é justamente denunciar isso tudo, seja na música, numa peça de teatro, nas artes plásticas. Nós (classe artística) sempre fomos bom nisso, em usar as metáforas, fazer críticas mais subjetivas. Acho que é por aí o caminho."
Acostumada a criar e tocar em grupo, a Ultramen acabou não se sentindo à vontade para transformar a pausa forçada em novas composições. O próprio Tonho Crocco, contudo, tem um disco no forno: um projeto com o guitarrista Eduardo 'Jacksom' Vitória (ex-Planet Hemp), ainda sem nome ou data de lançamento. Para a banda que marcou o cenário musical gaúcho nas últimas décadas, a primeira meta após o arrefecimento da pandemia é bastante simples: reencontrar os fãs, na sinergia entre palco e plateia.
"É muita vontade de cair na estrada, entrar em estúdio de novo, voltar a ensaiar", diz Crocco. "A minha vontade é que o futuro da Ultramen seja de, no mínimo, mais 30 anos. Quero acreditar que a gente ainda não chegou no nosso ápice, que a gente pode lançar mais uns cinco discos de estúdio, sei lá. Eu acredito que a Ultramen tem consistência para seguir adiante por um bom tempo."
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