Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Cultura

- Publicada em 26 de Maio de 2021 às 10:11

Ponto de Teatro explora as possibilidades da encenação online

Promovido pelo Instituto Ling, projeto traz peças como 'Quase corpos', com programação até 29 de maio

Promovido pelo Instituto Ling, projeto traz peças como 'Quase corpos', com programação até 29 de maio


ELIZABETH THIEL/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
Mesmo diante dos muitos obstáculos erguidos pela pandemia, o teatro – talvez a mais presencial das artes, e que tem no público uma interação fundamental para sua existência – segue em frente, resistindo e buscando novos caminhos. Entre esta quarta-feira (26) e sábado (29), o projeto Ponto de Teatro será mais uma oportunidade para acompanhar obras teatrais gaúchas em ambiente online, em espetáculos inéditos e com acesso gratuito. Serão quatro peças teatrais, exibidas sempre às 20h – com exceção do sábado, às 16h.
Mesmo diante dos muitos obstáculos erguidos pela pandemia, o teatro – talvez a mais presencial das artes, e que tem no público uma interação fundamental para sua existência – segue em frente, resistindo e buscando novos caminhos. Entre esta quarta-feira (26) e sábado (29), o projeto Ponto de Teatro será mais uma oportunidade para acompanhar obras teatrais gaúchas em ambiente online, em espetáculos inéditos e com acesso gratuito. Serão quatro peças teatrais, exibidas sempre às 20h – com exceção do sábado, às 16h.
A cada dia, uma peça será apresentada em sessão única, seguida de conversa com os realizadores. Os bate-papos serão mediados pelo jornalista e crítico de teatro Renato Mendonça. As apresentações serão transmitidas pelo canal do Instituto Ling no YouTube, e é possível receber o link direto para as atividades via inscrição prévia e sem custo no site www.institutoling.org.br.
Nesta quarta-feira (26), o Ponto de Teatro começa com o espetáculo Paraíso Afogado, da Cia. Espaço em Branco, em versão diferente da que foi apresentada no Porto Alegre em Cena do ano passado. A nova versão adota um formato que é chamado pelo ator e diretor João de Ricardo como "kinoteatro", com forte uso de enquadramentos de câmera e edição. Na montagem, com texto de Thomas Köck, a maré traz à praia resquícios e dejetos de uma civilização perdida no passado.
Na sequência, nesta quinta-feira (27), será apresentada a montagem Quase corpos - episódio 1: A última gravação, da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. Em uma reinvenção livre da peça Krapp's last tape, de Samuel Beckett, o espetáculo traz o confronto de um homem, já idoso, que dialoga com o passado e o presente por meio de fitas com gravações de sua própria voz.
Para a sexta-feira (28), está prevista a exibição de A vó da menina, do Projeto Gompa. A peça gira em torno de uma senhora idosa, que vive sozinha e, a partir da chegada da pandemia de Covid-19, tem sua neta como única conexão com o mundo exterior. A direção é de Camila Bauer e Bruno Gularte Barreto, com dramaturgia de Lígia Souza, Pedro Bertoldi e Sandra Dani.
Encerrando a edição 2021 do Ponto de Teatro, a montagem infantil Sr. Esquisito será exibida na tarde de sábado (29). Com texto original de Hermes Bernardi Jr., a peça traz uma formação inédita, com os artistas Arlete Cunha, Evandro Soldatelli e Rodrigo Vrech - que trazem, com muita música e interações lúdicas, a história de um escritor colecionador de lápis, dotado da capacidade de fazer do mundo um lugar ainda mais bonito.
Aberto ainda no ano passado, o edital atraiu nada menos que 78 projetos – um testemunho bastante claro de como os grupos teatrais têm buscado espaços para a manutenção de suas atividades. "Ter essa quantidade de concorrentes, para selecionar apenas quatro... Dá para imaginar a dor no coração que dá ter que fazer essa seleção", diz o curador Renato Mendonça, em conversa com o Jornal do Comércio. "Conheço pessoas que pegaram empregos fora da vida artística, passaram a fazer entrega com bicicleta, trabalhar com aplicativos. É triste falar disso, mas as pessoas se viram", lamenta.
Desafios gerados pela pandemia e que, quando chegam à encenação, são superados de forma diferente dentro de cada grupo. E que refletem nas novas realizações, de formas não raro inesperadas. "Dois dos temas principais de Beckett são a incomunicabilidade e isolamento, e o Ói Nóis Aqui Traveiz começou a trabalhar nessa montagem antes da pandemia. O Projeto Gompa também iniciou A vó da menina antes da Covid-19, e é uma peça que fala diretamente das coisas que estamos vivendo. Ou seja, há uma certa sincronicidade", reflete Renato. "A expressão correta, no caso, é adaptar ou criar (para o espaço virtual)? Geralmente, a adaptação não tem um resultado tão bom, porque a pessoa que se envolve no ato criativo já está pensando no espaço dos atores, na reação do público. Então, o desafio é ainda maior, porque esses grupos tiveram que criar ou recriar as encenações para um outro meio."
Ainda que, como frisa o próprio curador, fazer um teatro de emergência na pandemia seja uma contingência que atinge também o público. "Eu vejo as pessoas comentando a loucura que estão para voltar a uma sala de espetáculo. Há pouco, falei com um aluno da Escola de Espectadores e ele me disse 'Renato, eu estou louco para sentir o cheiro do teatro'. Há esse núcleo duro, que vai voltar naturalmente, mas há também um público flutuante, que vai ter que ser seduzido de volta", afirma.
Enquanto esses dilemas não se resolvem de forma definitiva, a vivência online vai mantendo a chama viva, para quem atua e para quem assiste. "O Ponto de Teatro ofereceu, no começo deste ano, uma oficinal de crítica teatral. E a primeira coisa que eu dizia aos oficinandos era: para assistir uma peça no meio virtual, é preciso se portar quase como se estivesse no teatro. Há uma ritualidade presencial que favorece a atenção. Senta, te acomoda bem, de preferência coloca fones de ouvido, pega um vinho ou um suco, e tenta reproduzir aquela dedicação exclusiva da versão presencial."
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO