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Cultura

- Publicada em 04 de Maio de 2021 às 21:39

Memória da Revolução Farroupilha volta para casa

Após cruzar o País, acervo com cerca de mil itens sobre a Revolução Farroupilha é preparado para futura exposição em Piratini

Após cruzar o País, acervo com cerca de mil itens sobre a Revolução Farroupilha é preparado para futura exposição em Piratini


/SOLANGE BRUM/SEDAC/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
O Museu Histórico Farroupilha, de Piratini, está se tornando o destino final de uma série de jornadas pela memória de nosso Estado. Cada uma das peças pertencentes à coleção Tche Voni Farrapo, recebida pelo museu no final do mês passado, cruzou uma trilha distinta pelos caminhos da história até chegar nas mãos do colecionador que as reuniu - e agora encontra, na instituição ligada à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), o espaço que irá preservá-las pelo futuro que virá. Um ponto marcante na trajetória do próprio Volnir Júnior dos Santos, que reuniu as peças durante mais de 20 anos - bem como para a instituição que a recebe e para a própria compreensão sobre a Revolução Farroupilha, evento no qual o acervo está centrado.
O Museu Histórico Farroupilha, de Piratini, está se tornando o destino final de uma série de jornadas pela memória de nosso Estado. Cada uma das peças pertencentes à coleção Tche Voni Farrapo, recebida pelo museu no final do mês passado, cruzou uma trilha distinta pelos caminhos da história até chegar nas mãos do colecionador que as reuniu - e agora encontra, na instituição ligada à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), o espaço que irá preservá-las pelo futuro que virá. Um ponto marcante na trajetória do próprio Volnir Júnior dos Santos, que reuniu as peças durante mais de 20 anos - bem como para a instituição que a recebe e para a própria compreensão sobre a Revolução Farroupilha, evento no qual o acervo está centrado.
A coleção tem mais de mil peças entre armas, objetos comemorativos, documentos, moedas e livros. Muitos desses itens são raríssimos ou mesmo únicos - entre eles, um passaporte da República Rio-Grandense e o facão de Joaquim Teixeira Nunes, o Gavião, comandante dos Lanceiros Negros. A expectativa, se a pandemia permitir, é que uma exposição seja inaugurada em setembro, no museu da cidade que foi capital da República Rio-Grandense entre 1836 e 1842.
Todo esse tesouro estava em posse de Volnir, que foi recolhendo as peças por meio de uma busca quase obsessiva em antiquários, museus, leilões e coleções particulares. Depois de uma enfermidade, o colecionador começou a pensar seriamente no que seria daquele acervo em caso de uma fatalidade. E a resposta, com requintes de revelação, viria em um sonho, segundo o próprio. "Deitei pensando nisso. Na manhã seguinte, já acordando naquele meio sono, eu vi Miguel Arcanjo e ele me disse em pensamento: leva para Piratini. Foi então que eu me lembrei que existia o Museu Farroupilha de Piratini, com o qual fiz contato e manifestei meu desejo", conta Tche Voni, em entrevista ao Jornal do Comércio.
Um desejo, além de divino, bastante nobre - mas de difícil execução. Ao todo, o acervo soma 29 volumes, o que transformou o translado de Natal até Porto Alegre em um desafio de logística.
A viagem ocorreu com auxílio da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Exército, e recursos oriundos de emendas parlamentares federais e do Fundo de Reconstituição de Bens Lesados, do Ministério Público Estadual, foram investidos na preparação do Museu de Piratini para receber as peças. A parte final dessa jornada aconteceu no último dia 19, quando uma viagem de quatro horas levou os volumes até sua morada definitiva.
"Eu digo que a chegada desse acervo marca a refundação do Museu", afirma a diretora da instituição, Francieli Domingues. Entre muitas mudanças, o local abriu duas novas reservas técnicas para acondicionar as peças, além da instalação de câmeras de segurança, alarmes e mobiliário expositivo, incluindo cortinas de contenção solar. Foi feita também uma reforma elétrica e reparos hidráulicos, tudo para trazer segurança e reduzir ao mínimo o risco de acidentes ou sinistros.
No momento, as peças estão embaladas e mantidas em espaços com controle de temperatura e umidade, enquanto a equipe de Francieli trabalha na pesquisa histórica necessária para dar contexto a cada objeto. Enquanto isso, a equipe coordenada em Porto Alegre pelo assessor especial de Memória e Patrimônio da Sedac, Eduardo Hahn, concluiu a catalogação e inventário, trabalhando agora no material tipográfico que estará na futura exposição. "Todo o processo foi como uma aventura atrás de um tesouro", afirma a diretora, destacando também o potencial dos livros e documentos para subsidiar futuros trabalhos acadêmicos sobre o período Farroupilha.
"Acredito que o acervo está no local certo, exatamente o prédio que foi o Ministério da Guerra entre República Rio-grandense e Brasil, a pedra fundamental da identidade do povo rio-grandense para as futuras gerações. Eu não desapeguei de nada, eu apenas compartilhei o que é de todos nós", afirma Tche Voni. E a coleção, embora já esteja na nova casa, longe está de acabar: no final de abril, ele resgatou uma nova peça, uma ponta de lança do modelo imperial modificada pelos farrapos, com o cravo forjado ainda cruzando o pedaço de madeira original. Outro fragmento da história gaúcha que, por caminhos imprevisíveis, cumpre a jornada do esquecimento rumo à memória e à preservação.
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