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Cultura

- Publicada em 30 de Abril de 2021 às 15:03

Elo entre três forças femininas resulta em lançamento de EP visual

Jéssica Berdet se une a outras mulheres na criação de 'Poemagem', com palavra, música, vídeo e performance

Jéssica Berdet se une a outras mulheres na criação de 'Poemagem', com palavra, música, vídeo e performance


MANDY MEDEIROS/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
"A gente queria dissociar a palavra composição de algo que só se refere à música. Na minha concepção, composição é qualquer coisa que envolva criação e etapas na realização. Um vídeo, uma performance corporal." Essa visão da cantautora Jéssica Berdet traz a chave para compreender boa parte do espírito de Poemagem: a fina arte da composição, EP visual disponível nas plataformas digitais a partir desta sexta-feira (30).
"A gente queria dissociar a palavra composição de algo que só se refere à música. Na minha concepção, composição é qualquer coisa que envolva criação e etapas na realização. Um vídeo, uma performance corporal." Essa visão da cantautora Jéssica Berdet traz a chave para compreender boa parte do espírito de Poemagem: a fina arte da composição, EP visual disponível nas plataformas digitais a partir desta sexta-feira (30).
Em parceria com a fotógrafa e videomaker Mandy Medeiros e a performer e artista visual Camila Frank, o projeto une poesia, música, imagem e performance, em um conjunto de criatividades, conexões e acolhimentos. É possível assistir os três vídeos que integram o trabalho nos perfis de Jéssica no Facebook e no Instagram (@jessicaberdet).
As três composições trazem um arco conceitual. Enquanto Ofício fala da necessidade de gritar a dor em diferentes formas, Intacta pele, alma pela metade traz o processo de vivenciar esse sentimento em sua plenitude, em tudo que possa trazer de positivo ou negativo. Por fim, Calma aborda a superação da situação que causou a dor, a partir da compreensão e do compartilhamento da experiência vivida.
Como todas as construções criativas, o turbilhão de Poemagem surgiu a partir de um elemento isolado. No caso, da própria Jéssica, que montou um estúdio caseiro no início de 2020 e, na sequência, passou a testar as possibilidades do equipamento. "Comecei a fazer uma série de experimentações, como forma de estudo e para me desafiar, mesmo", explica ela, em conversa com o Jornal do Comércio. Em uma delas, recitou um poema de sua autoria sobre uma base harmônica, elaborando em seguida um vídeo a partir de imagens pessoais de diferentes momentos de seu passado.
Com Ofício no mundo, surgiu a aproximação com Mandy Medeiros, que disparou a união de ideias criativas - e fez da composição, no singular, uma pluralidade de sons, imagens e sensações. "Conversando com a Mandy, ela me falou de ideias para projetos autorais que ela tinha, e a gente encontrou várias coisas em comum, como o autodesafio e também a coisa de desabrochar. Estou vivendo, como acho que todo mundo está, um momento de muita reflexão e descoberta, e a gente se deu conta de que também tínhamos esse sentimento em comum", acentua Jéssica.
A partir da ideia de Mandy da agregar ao projeto os talentos de Camila Frank, o trio de mulheres passou a externar essas vivências em um formato capaz de incorporar as diferentes criatividades de cada uma. Em busca, é claro, de uma composição em comum, muito além de simplesmente fazer um vídeo para acompanhar a música ou vice-versa. "As minhas três criações já existiam, cada uma com o seu significado, a sua coisa a ser dita individualmente. Mas passaram a ter um sentido conjunto a partir do que fizemos juntas", reforça a cantautora. "Gosto de deixar as coisas abertas, para que as pessoas que trabalham comigo também se sintam protagonistas, e as gurias compraram muito essa ideia. Não é o projeto da Jéssica que elas estavam gravando, é o nosso projeto, e isso criou uma energia muito legal entre a gente."
Um projeto como Poemagem ganha, em paralelo, um significado simbólico mais profundo quando analisado dentro de um cenário específico. Afinal, as mulheres compositoras, mesmo que sempre tenham sido numerosas na música brasileira, seguem vistas como uma espécie de anomalia em uma cena que geralmente destina ao feminino o papel de intérprete.
"É engraçado, porque a gente falou bastante sobre isso, e a Mandy me disse que no audiovisual também é assim. É uma visão que está mudando, mas ainda de forma lenta. Lembro que, uma vez, me inscrevi para um festival e uma das perguntas era se o meu trabalho 'abordava o feminismo'. E a minha resposta foi que só o fato de estar aqui, uma mulher que toca, compõe e produz, é o feminismo em pessoa. A gente existir e estar mostrando nossas coisas, criando uma conexão com as pessoas, já é a própria ação do feminismo", opina.
A compositora, que lançou em 2018 seu primeiro álbum, (in)visível, diz estar cheia de músicas encaminhadas para um futuro trabalho, sem previsão de lançamento. Antes disso, porém, é possível que esse EP visual - como todas as boas composições - ganhe significados muito além dos originalmente imaginados por suas autoras: "Algumas pessoas vieram falar comigo, dizendo que tinham gostado muito do projeto e queriam participar. Eu não tinha planejado isso, mas talvez esteja surgindo a possibilidade de Poemagem se tornar algo maior. É tudo muito incerto ainda, mas é algo que pode acontecer".
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