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Cultura

- Publicada em 27 de Abril de 2021 às 17:55

Sem espectadores e sem perspectivas de reabertura, Guion está à venda

Proprietário Carlos Schmidt afirma: "Temos um mês para ver o que acontece"

Proprietário Carlos Schmidt afirma: "Temos um mês para ver o que acontece"


MARIANA ALVES/JC
Igor Natusch
O reencontro de Porto Alegre com as salas de cinema segue difícil, fragmentado – e, em alguns casos, corre risco de ser permanentemente incompleto. Um dos espaços mais bem quistos pelos cinéfilos da Capital, o Guion Cinemas está à venda, e há risco de que a esperada reabertura pós-pandemia nunca chegue a se concretizar.
O reencontro de Porto Alegre com as salas de cinema segue difícil, fragmentado – e, em alguns casos, corre risco de ser permanentemente incompleto. Um dos espaços mais bem quistos pelos cinéfilos da Capital, o Guion Cinemas está à venda, e há risco de que a esperada reabertura pós-pandemia nunca chegue a se concretizar.
No momento, a loja associada ao cinema está aberta em dias úteis, das 13h às 19h, vendendo discos, livros e cartazes de filmes exibidos anteriormente no espaço. A galeria Guion Arte, que também funciona no Centro Comercial Olaria (Lima e Silva, 776), está atendendo interessados em adquirir obras de arte. Nesse ínterim, o proprietário do Guion Cinemas, Carlos Schmidt, aguarda propostas pelas três salas de cinema, fechadas desde fevereiro, ou o afrouxamento das medidas de isolamento impostas pela Covid-19. O que vier primeiro.
"Negociamos o condomínio por mais um mês, e pensei então em abrir (parcialmente) para dar visibilidade à situação. A gente vai ter mais um mês para ver o que acontece", resume ele, em conversa com o Jornal do Comércio.
O café, parada tradicional dos que aguardavam o início das sessões, será descontinuado. Parte do mobiliário, como cadeiras que não chegaram a ser utilizadas, já foi vendida. "Não vale a pena", diz Schmidt. "O café tem faturamento bom desde que tenha movimento. Como não vamos ter movimento tão cedo, não haverá faturamento, e ainda vou ter custos com máquinas e funcionários."
Os proprietários do imóvel que abriga os cinemas deixaram de cobrar aluguel por alguns meses, e os valores de condomínio também foram negociados. O que não quer dizer, é claro, que as contas tenham parado de chegar. Há gastos, por exemplo, com as máquinas de projeção, que precisam ficar funcionando para fins de manutenção e permanecem ligadas, em modo stand by. "Só isso já traz um custo de cerca de R$ 700,00 em eletricidade por mês", lamenta Schmidt. A maioria dos funcionários foi dispensada, e a devida quitação dos encargos trabalhistas também onerou o proprietário.
Parte do cenário cultural de Porto Alegre desde 1995, o Guion Cinemas fechou em março do ano passado, por decorrência da pandemia, e reabriu brevemente em duas ocasiões, em novembro de 2020 e janeiro deste ano. O movimento, porém, estava ruim: a última edição do Festival Varilux, por exemplo, teve cerca de 200 espectadores em duas semanas, um quinto do público registrado no ano anterior.
O abre e fecha deixa o programador "extremamente frustrado e chateado", e diminui sua esperança de ver o espaço funcionando a pleno no futuro. "Estamos fechados, bem dizer, há um ano. Trancou qualquer tipo de projeto que eu pudesse ter. Nosso governador (Eduardo Leite) não está pensando nas pessoas, fomos liquidados por esse procedimento dele (de fechar alguns estabelecimentos)", critica. "As pessoas estão fazendo fila nos restaurantes, cabeleireiros, os supermercados com movimento constante. Mas não quero fazer bruxaria com o negócio dos outros, quero que todo mundo possa funcionar, claro que com controle de acesso e tomando todos os cuidados necessários. O cinema vinha com pouco público, mas é óbvio que, fechado, fica tudo muito pior."
Uma proposta de venda chegou a ser analisada em 2019 – mas, com a boa resposta de público naquele ano e a falta de continuidade nas conversas, o negócio acabou não avançando. "Hoje, com o conhecimento da pandemia, a gente sabe que não foi o passo certo", diz Schmidt.
Caso o Guion Cinemas deixe mesmo de funcionar, a perspectiva é manter a Guion Arte e tentar abater, com a venda de equipamentos, parte do prejuízo do último ano. "Se, depois de um mês, eu tiver que tirar os equipamentos (de projeção), vou tirar. Se der para continuar, a gente continua até o momento em que não seja mais viável. E não sei até que ponto será."
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