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Cultura

- Publicada em 06 de Abril de 2021 às 20:44

Natureza versus homem é tema de exposição na Galeria Gravura

Tela 'Mina de Carvão', de Laércio Menezes

Tela 'Mina de Carvão', de Laércio Menezes


LAÉRCIO MENEZES/ DIVULGAÇÃO/JC
Roberta Requia
A beleza e a importância da natureza sobrepostas pelo avanço avassalador do capitalismo é o tema da exposição híbrida Deus da Humanidade, do artista Laércio de Menezes, que chega na Gravura Galeria de Arte (rua Corte Real, 647) amanhã. A visita presencial é gratuita, mas deve ser agendada pelo site https://www.gravuragaleria.com.br/, que irá abrigar a versão online da mostra. O limite é de três pessoas por visita. É obrigatório o uso de máscara, distanciamento e aferição de temperatura.
A beleza e a importância da natureza sobrepostas pelo avanço avassalador do capitalismo é o tema da exposição híbrida Deus da Humanidade, do artista Laércio de Menezes, que chega na Gravura Galeria de Arte (rua Corte Real, 647) amanhã. A visita presencial é gratuita, mas deve ser agendada pelo site https://www.gravuragaleria.com.br/, que irá abrigar a versão online da mostra. O limite é de três pessoas por visita. É obrigatório o uso de máscara, distanciamento e aferição de temperatura.
Deus da Humanidade é um conjunto de 10 telas produzidas na pandemia. Em entrevista, o artista e fotografo conta que há muito tempo vinha pensando em produzir uma nova coleção envolvendo os dois temas: natureza e o capital. "Durante esse tempo, sentimos falta do contato com os demais. Das pessoas e lugares. O tema já estava amadurecido, agora era hora de passar pra tela", explica.
A primeira obra produzida foi a tela Mina de Carvão, que nasceu apressadamente em um dia, exponenciada pela emoção de compor o trabalho inicial do projeto. "Foi aí que comecei a desenvolver este tema, o 'dinheiro', atrelado ao meio ambiente e seus impactos no planeta Terra. Como nas demais experiências, faço rascunhos das obras, acrescento algum detalhe, modificando até o rascunho final. E mesmo durante a confecção, no momento de acrescentar elementos, vão surgindo ideias que me fazem optar por uma ou outra", comenta. A peça foi criada para a exposição ConfinArt, de abril de 2020, promovida pela Gravura Galeria de Arte para estimular a produção artísica no confinamento.
Como fotógrafo, Laércio sempre desenvolveu trabalhos que remetessem a crítica aos maus causados pelo capitalismo cego. Sua exposição fotográfica Catadores de Papéis, exposta em 2018 no Paço Municipal, por exemplo, remonta a vida dos moradores da Vila dos Papeleiros entre 2004 e 2005, antes da reforma do bairro. Foram três meses de conversas e visitas com os moradores. "O dinheiro é ambivalente. Poderoso, avassalador, que tudo pode. Briga com a natureza e todos perdemos. Serve para o bem e o mal. Para a paz ou para guerra. A necessidade de ar, água e alimento é tão vital quanto a necessidade de dinheiro", explica. Assim, o artista passa o recado através de suas obras com um forte viés de crítica política, humana e social, sugerindo ao espectador subjetivas interpretações.
Diferente de seus outros trabalhos, dessa vez os dois temas estão lado a lado: natureza versus progresso desenfreado. Nascido em Bagé, Laércio conta que seu amor pela natureza começou durante as noites da infância, quando era possível perder-se observando estrelas reluzentes na Campanha. Já a temática do dinheiro surgiu em sua primeira tela, de 1997, Xingu: um quadro de madeira pintado de preto, com carvões colados e um rio azul atravessando a pintura em diagonal. "Não lembro o que me levou a fazer, talvez alguma queimada acontecendo em algum lugar. Queimadas para abrir campos para agricultura e pecuária, importantes para o desenvolvimento. Hoje tudo continua num ritmo acelerado. O dinheiro é insaciável. Faz parte da natureza humana. Em detrimento do planeta, de todos os recursos naturais", desabafa.
Considerando-se um artista contemporâneo, o trabalho de Laércio em Deus da Humanidade remete à técnica do fauvismo, tendência que usa a cor pura, sem misturas, para delimitar, dar volume e perspectivas às obras. Compostas por colagens de carvão, fotografias, pinturas e até galhos secos sobrepostos, a coleção remete ao pop art por usar um elemento cultural cotidiano e ressignificá-lo em nova composição. As composições, quando geométricas, são cuidadosas, e a paleta de cores joga bem com o grafismo e coloração insinuada do dinheiro, impresso com linhas muito finas. "Nas infografias o dinheiro cobre, sem pudor, as imagens que remetem a reis, profetas e à tão sacra e simbólica cruz, objeto de pura adoração. Tudo é feito dele, incluindo a figura humana. É dourado, reluzente, é chocante, é cru. É nu", finaliza.
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