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Cultura

- Publicada em 05 de Abril de 2021 às 20:38

Mostra coletiva do Vila Flores terá exposição itinerante em Porto Alegre

Mostra portátil será composta por caixas contendo peças artísticas que serão enviadas ao público

Mostra portátil será composta por caixas contendo peças artísticas que serão enviadas ao público


SOFIA PERSEU/DIVULGAÇÃO/JC
Roberta Requia
Sonhos refletem aspectos do nosso subconsciente. O ambientalista e filósofo Ailton Krenak escreveu em seu livro A vida não é útil (Companhia das Letras, 2020) que os sonhos são possibilidades de conexão entre a realidade cósmica e o cotidiano e que, em caráter premonitório, orientam escolhas coletivas no mundo real. E é baseada na leitura cosmológica de Krenak que, para continuar despertando sonhos do lado de cá da realidade, o Vila Flores inicia a exposição itinerante Sonhamos (Fora da caixa). Como um convite ao encontro e construção da arte de maneira coletiva, a mostra portátil será composta por caixas contendo peças artísticas que serão enviadas ao público.
Sonhos refletem aspectos do nosso subconsciente. O ambientalista e filósofo Ailton Krenak escreveu em seu livro A vida não é útil (Companhia das Letras, 2020) que os sonhos são possibilidades de conexão entre a realidade cósmica e o cotidiano e que, em caráter premonitório, orientam escolhas coletivas no mundo real. E é baseada na leitura cosmológica de Krenak que, para continuar despertando sonhos do lado de cá da realidade, o Vila Flores inicia a exposição itinerante Sonhamos (Fora da caixa). Como um convite ao encontro e construção da arte de maneira coletiva, a mostra portátil será composta por caixas contendo peças artísticas que serão enviadas ao público.
"Nesse sentido, esperamos que a caixa seja um convite a olharmos para o nosso inconsciente com mais atenção, alimentando nossos horizontes e convocando os participantes do projeto a sonharem com outras configurações de mundo possíveis", comenta Sofia Perseu, coordenadora da mostra. A partir do dia 16 de abril, 20 caixas serão entregues a 20 pessoas de Porto Alegre, selecionadas mediante inscrição prévia pelo link linktr.ee/devilaavila.
Como uma mostra itinerante, a principal peculiaridade da exposição está na sua própria continuidade: cada pessoa contemplada com a caixa deverá repassá-la adiante para algum amigo, vizinho, conhecido, colega ou até mesmo familiar. Esse inclusive é um dos requisitos exigidos pela curadoria: "Um dos critérios utilizados para o recebimento da caixa é o compromisso de seguir em contato com a gente e nos enviar breves registros da sua experiência em texto, foto, vídeo ou áudio, além de nos conectar com o próximo a receber a mostra. À medida que acompanhamos esse percurso, vamos desenhar um mapa por onde a caixa viajou, como forma de registrarmos a memória da Sonhamos", comenta Sofia.
Inicialmente a mostra foi idealizada como uma ação presencial. Porém, com o agravamento da pandemia em Porto Alegre, o projeto ganhou asas e agora se expande para além dos muros do Vila Flores. "Uma exposição é sempre um convite ao encontro; Sonhamos surge então como uma possibilidade de fruição conjunta, porém segura. Nosso desejo é de que essa caixa possa levar um pouco de arte e afeto nesse momento difícil e desafiador para todos. E que cada um encontre nesse pequeno universo uma forma de sonhar coletivamente", explica a coordenadora.
Na ideia inicial, no projeto Diário dos Sonhos, residentes do Vila Flores iriam compor uma espécie de banco de sonhos da pandemia. Ao longo dos meses, foram coletados relatos dos sonhos, produzidas por seus próprios sonhadores em formato de desenho, fotografia, colagem ou qualquer outra forma de representação. Sofia revela que, a esse material, associou-se o olhar de uma analista Junguiana, que produziu uma série de textos relacionados ao ato de sonhar. Dessa forma surgiu o Diário dos Sonhos.
Cada mostra individual a ser enviada contém uma gravura original do Diário dos Sonhos e um álbum com 10 reproduções impressas de miniaturas de outras gravuras, acompanhadas de textos que discorrem sobre o ato de sonhar. Além disso, materiais em cerâmica, costura e restauro produzida por mulheres em situação de vulnerabilidade social que participam do projeto De Vila a Vila. Também compõem a exposição registros em áudio dos relatos das crianças do coletivo parental Aldeinha sobre seus sonhos. Para completar a experiência, um caderno de sonhos para que cada um que receber a caixa possa registrar seus devaneios.
O projeto idealizado pelo complexo cultural Vila Flores foi contemplado pelo edital Aldir Blanc. Sofia conta que, com a chegada da pandemia e o cancelamento dos eventos promovidos no local, 85% da renda do coletivo foi suspensa. Mesmo com as dificuldades, ela acredita que a cultura e a arte estejam exercendo um papel essencial na atual conjuntura.
"Nesse momento tão difícil para a cultura, poder viabilizar um projeto é de uma alegria e de uma responsabilidade imensas. Esperamos seguir pensando, articulando e executando projetos de interesse público e social, por um mundo mais parecido com aquele que a gente tanto sonha", relata. Para ela, ações desse tipo fomentam a aproximação entre o público e a arte que, por conta do distanciamento, precisaram encontrar novas formas de interação.
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