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Cultura

- Publicada em 23 de Março de 2021 às 22:01

Nani Medeiros apresenta repertório do fado ao choro no projeto Mistura Fina

Artista trará composições emblemáticas também do cancioneiro nacional em apresentação online

Artista trará composições emblemáticas também do cancioneiro nacional em apresentação online


TOM SILVEIRA /DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
Há muitas trilhas unindo Portugal e Brasil, Europa e as Américas - e a arte, por óbvio, é parte fundamental de várias delas. Em sua trajetória artística, Nani Medeiros tem vivenciado essa união de forma cada vez mais intensa. E no espetáculo desta semana do projeto Mistura Fina, que acontece nesta quinta (25), às 18h30min, será possível ver a cantora transitando por esses universos, em um repertório que une o fado português às brasileiríssimas sonoridades do choro, do samba-canção e da bossa nova.
Há muitas trilhas unindo Portugal e Brasil, Europa e as Américas - e a arte, por óbvio, é parte fundamental de várias delas. Em sua trajetória artística, Nani Medeiros tem vivenciado essa união de forma cada vez mais intensa. E no espetáculo desta semana do projeto Mistura Fina, que acontece nesta quinta (25), às 18h30min, será possível ver a cantora transitando por esses universos, em um repertório que une o fado português às brasileiríssimas sonoridades do choro, do samba-canção e da bossa nova.
Acompanhada pelo violonista João Pita, Nani trará composições emblemáticas do cancioneiro nacional como Foi assim (Lupicínio Rodrigues), Último desejo (Noel Rosa) e Saudades do Brasil em Portugal (Vinícius de Moraes), além de temas que remetem à sua vivência no fado, intensificada a partir de sua mudança para Lisboa no final de 2019. Há espaço também para músicas ainda não conhecidas do grande público, que devem aparecer em trabalhos futuros da intérprete. O acesso ao show é gratuito, a partir do link facebook.com/misturafinamusica.
É a segunda aparição de Nani Medeiros no projeto. Ao contrário de 2018, quando a cantora elevou sua voz no foyer do Theatro São Pedro, desta vez tudo acontecerá em ambiente virtual, uma inevitável contingência em tempos de pandemia. "É claro que é ruim não poder ter o olho no olho, o calor da presença do público. A gente, como artista, precisa muito da emoção das pessoas para a interpretação, para o canto. Mas os shows online acabam sendo algo vital para o artista que está em casa e precisa não apenas trabalhar, mas viver de alguma forma essa troca com o público", diz ela, em conversa telefônica com o Jornal do Comércio.
A apresentação no Mistura Fina surge em bom momento, e não apenas para manter a artista próxima dos apreciadores de seu trabalho. Apesar dos pesares, o distanciamento provocado pela pandemia tem sido uma oportunidade de consolidar, na alma artística de Nani Medeiros, essa proximidade entre o cantar brasileiro e o português. O processo ganhou movimento em 2016, a partir de seu relacionamento com João Pita, filho de portugueses - e o show de amanhã traz, no repertório e na voz de Nani, uma versão amadurecida dessa ponte entre universos.
"Quando comecei a cantar fado, descobri que era possível chegar até ele a partir do que eu já fazia no samba-canção e na seresta. O lamento que existe no samba-canção e no choro, que eu sempre busquei no meu cantar, eu consigo conectar e aproximar do fado", comenta. "O Armandinho (lendário guitarrista do fado português) vem ao Brasil, conhece o Jacob do Bandolim, e o próprio Jacob manda fazer seu bandolim inspirado na forma da guitarra portuguesa. Temos compositores como Lupicínio Rodrigues, Nelson Cavaquinho e Cartola, e os fadistas tomam como fado aquelas canções, porque a coisa mais importante para o fado é a poesia do que se está cantando. É uma conexão sentimental e interpretativa."
Nani Medeiros estava em Portugal há poucos meses quando a sombra da Covid-19 caiu sobre o mundo. A necessidade de resguardar-se acabou prejudicando um período de crescimento no cenário musical de Lisboa. Entre as muitas realizações, está a participação no projeto Rua das Pretas, que aproxima as músicas brasileira e portuguesa e que recentemente lançou o álbum Um copo de fado, dois de bossa nova, com várias participações de Nani nos vocais. "As coisas começaram a voltar até um pouco antes do esperado (em Portugal). Cheguei a trabalhar lá durante a pandemia, quando começou o verão europeu. Saímos dos teatros e fomos para as vinícolas, em espaço aberto, com número reduzido de pessoas", descreve.
Após voltar ao Brasil para visitar parentes, no final do ano passado, ela e o marido estão em São Paulo, aguardando a oportunidade de voltar ao Velho Mundo. Enquanto isso, ela se engaja em iniciativas como o Todos Pela Graxa, movimento do Sarau dos Artistas de Porto Alegre que arrecada recursos para ajudar quem trabalha na montagem de sistemas de som, iluminação e estrutura de palco para espetáculos - e que, desde a chegada da pandemia, está quase sem alternativas para garantir o próprio sustento.
Em paralelo, a cantora tem recebido músicas de diferentes compositores, e planeja o lançamento de algumas delas para breve. Por enquanto, a perspectiva de um novo álbum completo, após a estreia com Valentia (2017), não está nos planos. "Não tenho pensado tanto em formato disco ultimamente, me sinto muito mais voltada para os singles. Me parece que, atualmente, rende mais trabalhar bem as possibilidades de uma música específica do que o processo de lançamento de um álbum inteiro. Tenho bastante coisa para colocar na mesa", garante. "A ideia é estar ativa, acordada, e não ficar pensando em quando isso vai acabar. Acho que é preciso trabalhar com o presente, com o que está ao alcance", completa, esperançosa em dias melhores - no Brasil, em Portugal, na música e no mundo.
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