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Cultura

- Publicada em 17 de Março de 2021 às 21:21

Peça teatral online revisita a condição feminina

Branca Messina é a protagonista da peça 'Te falo com amor e ira'

Branca Messina é a protagonista da peça 'Te falo com amor e ira'


ANA ALEXANDRINO/DIVULGAÇÃO/JC
Roberta Requia
Uma viagem através do tempo onde a protagonista convida o espectador a revisitar a fala, o poder e a posição da mulher na história da humanidade. A peça Te falo com amor e ira, escrita por Branca Messina e Fernanda Bond, é uma experiência teatral online que narra o encontro entre uma mulher e um homem através de uma videochamada. Da sua casa, através da câmera do celular, a personagem convida aquele homem, que é ao mesmo tempo seu interlocutor e ouvinte, a recontar de outra forma suas histórias, apresentando novos pontos de vista sobre temas como família, maternidade, sexo, trabalho e subjetividade.
Uma viagem através do tempo onde a protagonista convida o espectador a revisitar a fala, o poder e a posição da mulher na história da humanidade. A peça Te falo com amor e ira, escrita por Branca Messina e Fernanda Bond, é uma experiência teatral online que narra o encontro entre uma mulher e um homem através de uma videochamada. Da sua casa, através da câmera do celular, a personagem convida aquele homem, que é ao mesmo tempo seu interlocutor e ouvinte, a recontar de outra forma suas histórias, apresentando novos pontos de vista sobre temas como família, maternidade, sexo, trabalho e subjetividade.
O espetáculo entra em cartaz a partir de sábado (20), às 21h, até o dia 25, aos sábados e domingos, no mesmo horário. A transmissão será feita através de um link no YouTube e o ingresso, a partir de R$ 20, pode ser adquirido através da plataforma Sympla.
Te falo com amor e ira viaja através do tempo revisitando a voz de figuras históricas: Eva, Hera, Lillith, Etíope, entre outras. A dramaturgia do monólogo apropria-se das falas e experiências de mulheres contemporâneas, o que inclui também as participantes do projeto. "A personagem não foi construída a partir de um viés de unidade psicológica, ela é mutável, transborda para diferentes subjetividades e trajetórias", explica Fernanda Bond, que assina a direção da peça. A ideia, segunda ela, era mostrar que as dificuldades enfrentadas pela mulher do século 21 são muitas vezes as mesmas enfrentadas pelas mesmas personagens de diferentes épocas. "Começamos o espetáculo o mais próximo possível do que seria uma mulher contemporânea, mas ao longo da narrativa esta mulher vai incorporando mitos, visitando outras temporalidades, mas sempre com a âncora no presente e sem perder o contato e troca com seu interlocutor. E, principalmente, salientando as repetições, mostrando o quão atual são seus conflitos, o quanto continuamos entoando os mesmos mantras e repetindo as mesmas narrativas de opressão e desvalorização da mulher até hoje".
A ideia da peça nasceu da amizade e da parceria entre Fernanda e Branca. As questões profissionais e artísticas, mais do que nunca, misturaram-se à experiência da maternidade e à própria experiência de ser mulher no Brasil. Dessas vivências compartilhadas e dos estudos e conversas sobre o feminismo, surgiu o espetáculo. "Refletir sobre o que é ser mulher hoje é o que dá início a este projeto. Pensar sobre quais lugares nós mulheres estamos ocupando, como estamos ocupando, e que lugares são esses? Que grande atarefamento é esse que controla os corpos das mulheres hoje? Percebemos que não tínhamos como falar do presente, sem olhar para o passado, para as histórias que estamos contando há tanto tempo" conta Branca Messina, que além de assinar o texto com Fernanda, é a protagonista do solo.
"Nessa história que estamos contando há no mínimo três mil anos. Nós mulheres fomos colocadas a serviço do homem. Simone de Beauvoir nos conta que é a mulher tratada como 'o outro' do homem, uma casta inferior, porque nossa biologia e nossa sexualidade, ao longo dos séculos, sempre foram representadas como voláteis. Tomar a palavra e colocar o homem no lugar de escuta é um processo de cura que se faz necessário para nossa humanidade hoje", completa a atriz.
A dupla passou por muitos formatos e ideias ao longo de dois anos antes de chegar ao formato final do projeto: uma conversa, trilhada entre afetos e ressentimentos, entre uma mulher e um homem, que percorrem diferentes tempos e modos dessa relação milenar.
A diretora Fernanda Bond conta que incluir o personagem masculino na peça era fundamental. "Tínhamos o desejo de que os homens também se sentissem dentro do espetáculo, também se identificassem com as questões e se transformassem junto. Isso porque não vamos conseguir fazer nenhuma mudança sem incluir os homens neste processo." Mas ainda assim, o papel do homem na peça é apenas de escuta, onde a protagonista o trata vezes com amor, vezes com ira, abrindo seus olhos e incluindo-o nesta narrativa. "A escuta é algo fundamental, precisamos (e os homens principalmente) aprender a escutar o outro, para compreender o diferente. Essa é a proposta. Não adiantava nada criarmos um projeto destinado exclusivamente a atingir e despertar outras mulheres, mas que os homens não estivessem incluídos e não se sentissem tocados de alguma forma. Queríamos falar para todos: homens e mulheres, adolescentes em formação, jovens e adultos", finaliza.
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