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Cultura

- Publicada em 08 de Março de 2021 às 18:57

Por quatro semanas, 12 artistas dialogaram com comunidades do Litoral Norte

Daniel Caballero montou uma espécie de museu temporário 
para instigar moradores sobre riquezas da região ameaçadas

Daniel Caballero montou uma espécie de museu temporário para instigar moradores sobre riquezas da região ameaçadas


/KIM COSTA NUNES/DIVULGAÇÃO CASCO/JC
Roberta Requia
A primeira edição do projeto Casco - Programa de Integração Arte e Comunidade movimentou pequenas comunidades no Litoral Norte neste verão. Durante quatro semanas de trabalho, 12 artistas participaram do projeto construindo obras de arte que dialogassem com as paisagens e a cultura dos habitantes da região. Viabilizada com recursos da Lei Aldir Blanc, a ação planejava aproximar artistas visuais de regiões pequenas que não possuem galerias ou museus nas redondezas.
A primeira edição do projeto Casco - Programa de Integração Arte e Comunidade movimentou pequenas comunidades no Litoral Norte neste verão. Durante quatro semanas de trabalho, 12 artistas participaram do projeto construindo obras de arte que dialogassem com as paisagens e a cultura dos habitantes da região. Viabilizada com recursos da Lei Aldir Blanc, a ação planejava aproximar artistas visuais de regiões pequenas que não possuem galerias ou museus nas redondezas.
As localidades envolvidas no projeto foram Maquiné, Barra do Ouro e Morro Alto, Itati, Aguapés, Borussia, Passinhos, Santa Luzia e Atlântida Sul, Terra de Areia e Sanga Funda e Três Forquilhas. Artistas de diversas localidades do País atuaram nas intervenções: Arthur L. do Carmo (Curitiba, PR), Carolina Cordeiro (Belo Horizonte, MG), Charlene Bicalho (João Monlevade, MG), Daniel Escobar (Santo Ângelo, RS), Daniel Caballero (São Paulo, SP), Dirnei Prates (Porto Alegre, RS), Fabiana Faleiros (Pelotas, RS), Lilian Maus (Salvador, BA), Pablo Paniagua (Giruá, RS), Tereza Siewerdt (Rio do Sul, SC), Thiago Guedes (Recife, PE) e Tomaz Klotzel (Pelotas, RS).
Uma das curadoras do Casco, Paola Fabres, conta que a proposta precisava interessar e envolver a população local, além de promover olhares artísticos sobre quem vinha de fora. "Nesse sentido, tentamos articular um projeto em que a comunidade pudesse não ser apenas o 'tema' da obra de arte, nem apenas o 'público' ao qual a obra seria destinada, mas que ela pudesse ser parte constituinte no processo de pesquisa de cada artista e no processo de escuta e de anotações sobre cada local", comenta.
Ela também relata que construir o projeto seguindo os protocolos de distanciamento social recomendados foi o maior desafio das equipes. É da natureza de intervenções desse tipo a criação de relações de diálogo e confiança entre os artistas e a comunidade envolvida.
"Pudemos ver grupos moradores abrindo diálogos espontâneos sobre as suas impressões frente aos trabalhos artísticos que estavam sendo realizados e isso foi ampliando a compreensão sobre o nosso próprio trabalho. Fizemos grandes amizades com pessoas que nunca encontramos pessoalmente e aprendemos mais nesse processo todo que poderíamos prever", narra Paola. Além disso, cada artista teve o apoio de um articulador local que atuava como um parceiro no processo de pesquisa e de elaboração do trabalho.
Por conta do momento crítico envolvendo a pandemia, muitos artistas optaram por apresentar seus trabalhos em formato de imagens e vídeos. O porto-alegrense Dirnei Prates, por exemplo, criou um conjunto de três vídeos projetados simultaneamente. Sua obra aponta a relação ambivalente do distrito de Santa Luzia com a instalação da Petrobras, sobrepondo imagens de um passado marcado por uma promessa de futuro e um presente afetado pelos efeitos contraditórios da modernização.
Em Itati, Pablo Paniagua, natural de Giruá (RS), construiu uma escultura de cerâmica que alude ao Rio Três Forquilhas, composta por pequenos módulos feitos a partir do barro recolhido nas próprias margens do rio.
O paulista Daniel Caballero montou uma espécie de museu temporário, o Museu Passageiro do Artesanato Regenerativo do Banhado de Aguapés. O artista instigou moradores da região a debater sobre a relação que se dá entre riquezas ameaçadas: a vegetação e a artesania típica de Aguapés, um distrito de Osório.
As expectativas da curadoria (além de Paola participaram também Luciano Nascimento Figueiredo, Maria Helena Bernardes e o historiador Maurício Manjabosco) girava em torno das possibilidades criadas a partir do encontro entre a arte contemporânea e a própria região, desprovida de locais tradicionais de circulação de arte. Paola também diz que uma das premissas propostas foi garantir a liberdade poética e ao mesmo tempo promover o envolvimento dos artistas com a paisagem e a dinâmica locais.
Após a apresentação das obras finalizadas, o projeto agora está encaminhando um pequeno documentário, cuja função será divulgar os resultados do projeto para as comunidades envolvidas. Também será produzido um livro que pretende apresentar as múltiplas facetas das obras, além de reunir reflexões da curadoria, ponto de vista dos artistas e da população envolvida.
O documento será distribuído gratuitamente entre moradores e instituições locais e regionais e não estará disponível para a venda. Quem quiser entrar em contato com esse material poderá consultá-lo nas bibliotecas públicas e instituições culturais do Estado. Além disso, o conteúdo do livro será disponibilizado no site cascoresidencia.com.br a partir de maio.
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