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Cultura

- Publicada em 02 de Março de 2021 às 18:53

Paola Kirst apresenta show 'Vertigem' no projeto 'Mistura Fina'

Ao lado de Lorenzo Flach, cantora explora possibilidades sonoras e visuais no trabalho inédito

Ao lado de Lorenzo Flach, cantora explora possibilidades sonoras e visuais no trabalho inédito


VITORIA PROENÇA/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
O isolamento é feito de diferentes universos. De certa forma, nenhuma mente de isola das outras do mesmo jeito - e nenhum distanciamento é igual ao outro, nenhuma experiência coletiva de solidão bate nas pessoas do mesmo jeito. E é com a disposição de olhar para essas diferentes separações que Paola Kirst traz o show Vertigem, atração desta quinta-feira (4) no projeto Mistura Fina.
O isolamento é feito de diferentes universos. De certa forma, nenhuma mente de isola das outras do mesmo jeito - e nenhum distanciamento é igual ao outro, nenhuma experiência coletiva de solidão bate nas pessoas do mesmo jeito. E é com a disposição de olhar para essas diferentes separações que Paola Kirst traz o show Vertigem, atração desta quinta-feira (4) no projeto Mistura Fina.
A cantora estará acompanhada pelo instrumentista Lorenzo Flach, em um universo que promete unir música, teatro e performance artística, com momentos de improviso e experimentação. O resultado agradou tanto a artista que irá virar um disco, com o mesmo nome da apresentação e que estará nas plataformas digitais a partir de sexta-feira (5). Tudo começa às 18h30min de quinta (4), e poderá ser acessado gratuitamente em www.facebook.com/misturafinamusica/.
"O processo criativo, para mim, é sempre algo coletivo", diz Paola, em conversa por telefone com o Jornal do Comércio. E essa disposição é bem clara em Vertigem. O espetáculo foi produzido pelo coletivo Pedra Redonda, de Porto Alegre, em parceria com o ator e figurinista Mauricio Rodrigues. Juntas, essas mentes todas se dedicaram a explorar as possibilidades do vídeo além de ideias pré-estabelecidas, gerando uma espécie de "álbum visual", como descreve a cantora.
"Foi muito bom ter tempo para pensar em uma proposta bacana, que fugisse um pouco do formato convencional de ter um câmera fixa e o músico ali, focado apenas no som. Sair do convencional de uma live gravada e trabalhar elementos de teatro, da performance, do movimento de câmera do cinema, de roteiro", enumera. "As coisas partem muito da minha cabeça, mas com total liberdade para que esses artistas explorem essas estéticas e experimentem também."
Experimentar as fronteiras entre música, corpo, palavra e estética é algo natural para Paola Kirst, formada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande (Furg). Lançado pelo selo Escápula Records em 2018, seu primeiro álbum, Costuras que me bordam marcas na pele, fez com que a artista recebesse o prêmio Açorianos de Revelação do Ano. Nascido a partir desse disco, o álbum e espetáculo Costuras ao vivo é acessível em Libras, mantendo-se fiel à busca de novos caminhos e sensibilidades que, sendo música, consigam se mover para além dela.
Quem assistir à apresentação desta quinta-feira (4) terá a chance de ver Paola e Lorenzo explorando as fronteiras entre diferentes referências musicais, em um caminho marcado pelo novo e pela surpresa. De fato, parte do repertório foi improvisado na hora, em uma sinergia livre entre guitarra e a voz. "A gente gosta muito desse terreno do desconhecido. Eu sou improvisadora da voz, gosto de brincar com a voz, com pedais. É uma costura de sons", descreve.
Há também composições novas, que Paola escreveu em parceria com outros músicos, além introduções e interpretações de texto. O espetáculo ainda faz uma visita ao projeto As longas viagens, do compositor Maurílio Almeida, e uma releitura de Passada, escrita por Alessandra Leão e Arthur de Faria.
"Todo o Vertigem fala sobre sentimentos de fúria e impotência. Uma coisa meio autobiográfica, mas que também tem tudo a ver com o momento que a gente está passando", descreve Paola. O que se refletiu, é claro, no próprio processo de realização do projeto - afinal, o coletivo precisou romper com o isolamento, justamente para poder criar e fazer pensar sobre o tema. "A gente estava tão carente da presença do outro que todo mundo estava muito concentrado. Boa parte das gravações acabaram sendo em um único take. Uma sede pela troca de fazer música e arte que fez todo mundo cair em um estado de vertigem, mesmo, de intensidade e de entrega."
Uma conexão que, somada à qualidade de áudio do estúdio da Pedra Redonda, fez com que a decisão de transformar Vertigem também em álbum fosse absolutamente natural. Outra subversão nesse projeto cheio delas: ao contrário do processo usual, é o disco que surge como desdobramento da realização de um projeto audiovisual, e não o contrário.
"Acho que todo som que uma pessoa cria é uma obra. A diferença é que, às vezes, é gravado com mais qualidade", reflete a cantora. "No caso do Vertigem, como a gente fez tudo em estúdio e o resultado sonoro ficou muito bom, não há motivo para que eu não o lance também como álbum musical. Quem assistir o vídeo vai ter uma experiência, e quando apenas ouvir o áudio vai ser outra experiência. Isso me interessa muito, é o mesmo trabalho atingindo as pessoas em diferentes potências", acrescenta.
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