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Cultura

- Publicada em 13 de Fevereiro de 2021 às 12:15

Dificuldades técnicas deixam Centro Municipal de Cultura fora do Porto Verão Alegre

Festival teve que cancelar 15 peças no Centro Municipal de Cultura devido à falta de infraestrutura

Festival teve que cancelar 15 peças no Centro Municipal de Cultura devido à falta de infraestrutura


CLAITON DORNELLES/ARQUIVO/JC
Adriana Lampert
Sem condições de disponibilizar os cabos de iluminação cênica da Sala Álvaro Moreyra (que tiveram a fiação furtada) nem o ar-condicionado do Teatro Renascença (cuja tubulação foi retirada por vândalos), o Centro Municipal de Cultura (CMC), em Porto Alegre, está fora da grade de programação do Porto Verão Alegre 2021. Os equipamentos foram levados no início de fevereiro, quando invasores entraram pelo telhado do prédio localizado na avenida Erico Verissimo, 307.
Sem condições de disponibilizar os cabos de iluminação cênica da Sala Álvaro Moreyra (que tiveram a fiação furtada) nem o ar-condicionado do Teatro Renascença (cuja tubulação foi retirada por vândalos), o Centro Municipal de Cultura (CMC), em Porto Alegre, está fora da grade de programação do Porto Verão Alegre 2021. Os equipamentos foram levados no início de fevereiro, quando invasores entraram pelo telhado do prédio localizado na avenida Erico Verissimo, 307.
Com isso, a atual falta de infraestrutura dos espaços impossibilita as apresentações previstas pelo festival, que tinha datas agendadas para o início de março. Ao todo, 15 espetáculos foram prejudicados e estão sem espaço definido para ocorrer.
O Porto Verão Alegre chega ao 22º ano em 2021. Tradicionalmente, o festival acontece em janeiro e fevereiro, mas neste ano o evento passou para março, para ocorrer com público limitado e seguindo protocolos de segurança para evitar disseminação da Covid-19.
Responsável por mudar o hábito dos gaúchos no verão, o evento vem acontecendo de forma ininterrupta, com audiência formada por pessoas de diversas cidades do Estado. Além de espetáculos de artes cênicas, promove atividades artísticas paralelas de literatura, artes plásticas e cinema, e ao longo dos anos já atraiu mais de meio milhão de pessoas, somando uma média de 40 mil pagantes por edição. O projeto privado é realizado pela Mezanino Produções, liderada pelos atores Rogério Beretta e Zé Victor Castiel.
Segundo Beretta, a produção do evento ainda está buscando um plano B para realocar parte da programação prevista para ocorrer entre os dias 10 de março e 15 de abril nos espaços do CMC. O ator e produtor ressalta que, junto com o também coordenador Zé Victor Castiel, lamenta o furto ocorrido, "que foi o que impossibilitou a realização do festival neste espaço este ano", e se limita a dizer que "não tem nada a declarar referente ao acontecido".
De acordo com o diretor do Centro Municipal de Dança (localizado no CMC), Airton Tomazzoni, a segurança do prédio estava fragilizada desde que a ronda noturna da Guarda Municipal foi retirada - ainda antes da pandemia - durante a gestão de Nelson Marchezan Júnior (PSDB). "Na época, veio uma normativa para reduzir ao máximo os serviços (além da segurança, também de limpeza), já que os prédios não estavam em funcionamento", recorda Tomazzoni, que é servidor público municipal. "A limpeza também foi reduzida a uma equipe limitada (em 50%)", comenta.
Já o secretário de Cultura, Gunter Axt, observa que a antiga gestão da prefeitura também havia reduzido a periodicidade da poda e capina de todos os prédios. "Recebemos todos com grama alta e poda por fazer, o que foi providenciado ainda em janeiro, logo que assumimos." Axt destaca que a situação da segurança está sendo revertida com o retorno da Guarda Municipal, que já está mantendo uma viatura à noite em frente ao CMC, e observa que chegou a oferecer à produção do Porto Verão Alegre a possibilidade de uma alternativa, mas os organizadores do festival "não mostraram interesse". 
O episódio é apenas um entre uma série de fatos que apontam desafios para a nova gestão da Cultura em Porto Alegre. Para este ano, houve redução do orçamento da pasta - que ficou em 0,38% na Lei Orçamentária Anual (LOA) - herança do desmonte ocorrido na última gestão. Para se ter um comparativo, em 2012, a Cultura contava com 0,93% de recursos previstos na LOA e com mais da metade do atual quadro de servidores.
"Contamos com mais ou menos R$ 30 milhões para a Cultura em 2021. Tirando o custeio, pagamento de pessoal (R$ 12 milhões), Procempa, manutenção dos prédios, e as emendas, sobra R$ 1,2 milhão - é de fato um orçamento muito ruim", admite Axt. "Faz parte do desafio desta gestão reconstituir a dinâmica de financiamento da Cultura na cidade, mas é claro que não vamos resolver isso de um dia para o outro", pondera.
De acordo com dados do Observatório de Cultura da Secretaria Municipal de Cultura, já em 2017 o orçamento foi reduzido a 0,59% do total da despesa municipal (R$ 8.409.792.985). Nestes últimos quatro anos, o quadro funcional foi enxugando, por conta da saída de funcionários que se aposentaram ou morreram. No Centro Municipal de Cultura, além da ronda da Guarda Municipal reestabelecida, também a portaria conta com um funcionário terceirizado e atualmente seis pessoas estão fazendo a limpeza dos espaços. 
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