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Cultura

- Publicada em 31 de Janeiro de 2021 às 21:16

Editoras gaúchas acreditam na recuperação de fôlego em 2021

Após meses difíceis, pequenas empresas do RS comemoram melhora nas vendas e projetam lançamentos

Após meses difíceis, pequenas empresas do RS comemoram melhora nas vendas e projetam lançamentos


JOYCE ROCHA/JC
Igor Natusch
Acostumadas a brigar pela própria sobrevivência, as pequenas editoras brasileiras tiveram um desafio extra em 2020, a partir das dificuldades trazidas pela pandemia do novo coronavírus. Um golpe que balançou todo o setor de livros, e deixou alguns selos à beira do desaparecimento - mas que parece ter sido superado, ao menos parcialmente, no segundo semestre do ano passado. Segundo dados do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, o varejo apresentou queda acentuada no primeiro semestre (em especial em abril, quando caiu quase 45% em relação ao ano anterior), mas recuperou-se a partir de julho, enfileirando seis meses consecutivos de números positivos.
Acostumadas a brigar pela própria sobrevivência, as pequenas editoras brasileiras tiveram um desafio extra em 2020, a partir das dificuldades trazidas pela pandemia do novo coronavírus. Um golpe que balançou todo o setor de livros, e deixou alguns selos à beira do desaparecimento - mas que parece ter sido superado, ao menos parcialmente, no segundo semestre do ano passado. Segundo dados do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, o varejo apresentou queda acentuada no primeiro semestre (em especial em abril, quando caiu quase 45% em relação ao ano anterior), mas recuperou-se a partir de julho, enfileirando seis meses consecutivos de números positivos.
Somando o bom desempenho dos livros digitais e o incremento das vendas pela internet (que saltaram de pouco menos de 18% do bolo para mais da metade das vendas no ano passado), o setor concluiu o ano de 2020 registrando crescimento de 0,87%. Um cenário de quase estabilidade, mas que ganha ares mais positivos quando se leva em conta as dificuldades óbvias do período - e que dá novo ânimo a quem se envolve nessa pequena grande aventura que é editar livros no Brasil.
"Sobreviver não requer estratégia, requer força de vontade e determinação", diz o escritor e jornalista Flávio Ilha, um dos proprietários da Diadorim. A editora sofreu, segundo ele, "um baque em termos comerciais e de ânimo" com os meses de isolamento, cancelando eventos e entrando quase em hibernação. Com a melhora do quadro no segundo semestre, as atividades foram retomadas, com direito a alguns lançamentos no final do ano.
"As vendas online ajudaram bastante, compensaram a queda nas livrarias", diz Ilha. Para o ano que se inicia, uma das estratégias é investir no formato e-book, buscando a potencialização de vendas pelo site e por redes de vendas como a Amazon - necessidade que se acentua diante do que o editor considera um esforço de desmonte do mercado por parte das esferas governamentais. "Livro físico ficou muito caro, devido à desvalorização do real. Um livro comum, de 150 páginas, não pode custar menos de R$ 45,00 reais, senão não rende nada para nós, e acaba sendo um valor muito alto também para o nosso consumidor", explica.
O ambiente virtual também ajudou na sobrevivência da Libretos. Segundo a diretora Clô Barcellos, o impacto da pandemia coincidiu com um planejamento da editora, que já tinha o reforço nas vendas online como uma das principais metas. Além disso, a Libretos se beneficiou de uma parceria entre a Câmara Riograndense do Livro e o Sebrae, que reforçou o e-commerce dos livreiros participantes da versão virtual da Feira do Livro de Porto Alegre, no ano passado. O bem-vindo aporte da Lei Aldir Blanc também ajudou a equilibrar as contas.
O investimento em melhorias no site, bem como a expansão do espaço virtual de debates Sala Libretos, estão entre as principais metas da editora para 2021. A lógica, segundo Clô, é de reforço no mercado regional. "Para fazer livro e colocar na rua precisa povo, comunicação e capilaridade. A única coisa que vai fazer a gente subir o Mampituba é a qualidade do livro. Queria ter uma pessoa só para fazer distribuição na rua, viajando, visitando livraria. Mas a nossa leitura é de que o público aqui (no Estado) tem simpatia por nós, e ainda não atingimos a maior parte desse potencial", reforça.
As vendas online também mantiveram viva a Editora Zouk, de Porto Alegre - até mesmo com um ligeiro aumento de faturamento, segundo o editor João Ricardo Xavier. "A gente vinha em uma determinada toada e, quando isso (pandemia) começou, tivemos um tempo para repensar, reconhecer o tamanho da editora e do mercado como um todo", reflete. O foco, segundo ele, ficou nos livros que tivessem um engajamento maior dos autores no processo de divulgação, além da aposta em eventos de pré-venda. "Foi necessário trazer as pessoas para o nosso site, porque as livrarias em geral seguem fechadas. Temos muitos livros consignados com livrarias universitárias, que estão fechadas até agora."
Feita a curva na estrada, o objetivo das pequenas editoras gaúchas passa a ser manter o movimento. E as perspectivas parecem boas. A Diadorim já tem dois lançamentos confirmados: a estreia de Altair Martins na poesia, com Labirinto com linha de pesca, e uma biografia do autor João Gilberto Noll, escrita por Flávio Ilha. "Acho que 2020 não ficou para trás, o panorama vai continuar desafiador. Mas vamos avançando aos pouquinhos, mantendo o nariz fora d'água", afirma.
A Zouk, por sua vez, deve ampliar em até 50% os lançamentos neste ano - fazendo alguns testes no formato e-book, mas mantendo o foco nos volumes impressos. A Libretos está elaborando o calendário de lançamentos, buscando manter a média de 20 lançamentos por ano. "Claro que dá para apostar em 2021. Se a gente apostou em 2020, por que não daria?", diz Clô Barcellos, rindo. "Se quiser andar, tem que ser para a frente. Se não quiser, tudo bem, descansa, faz um ano sabático, trabalha a distribuição, faz menos lançamento. Da nossa parte, a gente sente que as coisas estão se mexendo."
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