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Cultura

- Publicada em 27 de Janeiro de 2021 às 18:39

Álvaro RosaCosta assume a linha de frente com canções inéditas

Em apresentação online, artista faz show 'AuTORal' no projeto 'Mistura fina'

Em apresentação online, artista faz show 'AuTORal' no projeto 'Mistura fina'


JULIANO AMBROSINI/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
A trilha da música é cheia de primeiras experiências. Mesmo para um artista com décadas de estrada como Álvaro RosaCosta, vividas tanto como compositor como ator de teatro e televisão, há sempre a oportunidade de fazer algo pela primeira vez. Nesta quinta-feira (28), às 18h30min, os apreciadores de música terão a chance de assistir um desses momentos especiais: o projeto Mistura fina apresenta o show AuTORal, primeira vez em que RosaCosta é figura de frente em um espetáculo solo. A atração será transmitida online, com acesso gratuito pelo Facebook do projeto, que direciona ao canal de YouTube.
A trilha da música é cheia de primeiras experiências. Mesmo para um artista com décadas de estrada como Álvaro RosaCosta, vividas tanto como compositor como ator de teatro e televisão, há sempre a oportunidade de fazer algo pela primeira vez. Nesta quinta-feira (28), às 18h30min, os apreciadores de música terão a chance de assistir um desses momentos especiais: o projeto Mistura fina apresenta o show AuTORal, primeira vez em que RosaCosta é figura de frente em um espetáculo solo. A atração será transmitida online, com acesso gratuito pelo Facebook do projeto, que direciona ao canal de YouTube.
"Foi uma surpresa para mim", resume o músico, em conversa telefônica com o Jornal do Comércio. Atuando na composição de trilhas sonoras para o teatro desde os anos 1990, RosaCosta está acostumado com outro contexto, no qual a música se funde ao movimento de atores e atrizes em cima do palco.
Foi a partir de seu trabalho nos arranjos e produção de um dos shows do Mistura fina no ano passado, protagonizado pela artista e companheira Simone Rasslan, que o convite para estar no centro das atenções acabou surgindo. "No princípio, minha ideia era que eu fizesse o show com a Simone, viola e piano. Mas a Leticia (Vieira, produtora do Mistura fina) insistiu: 'pode ser com a Simone, mas o foco vai ser em ti'", ri o músico. "(A ideia surgiu) porque eu trabalho com muitas pessoas, mas nunca tenho esse protagonismo. E também não tenho essa fissura de estar no primeiro plano, estar na frente é uma dificuldade para mim - o que é inclusive curioso, considerando todo o meu trabalho com o teatro."
Quem assistir à apresentação vai ter contato com pelo menos duas outras grandes novidades. O repertório será basicamente inédito, formado por composições idealizadas para um futuro espetáculo do coletivo teatral Projeto Gompa, com temática ligada à Amazônia. E o show será também a chance de ver Álvaro RosaCosta se movimentando musicalmente na viola caipira, um instrumento que não é exatamente a especialidade do músico.
Ele conta que, nos meses de pandemia, resolveu brincar com a viola que adquiriu para o espetáculo Xaxados e perdidos, de Simone Rasslan, em 2013, e que estava há anos encostada em sua casa. A exploração foi tão longe que, além de levá-lo a adquirir um instrumento melhor, resultou no esforço de composição que vai ter, no Mistura fina, sua primeira exibição pública.
"Eu tinha preparado um repertório enorme, com canções de espetáculos como Dona Flor e seus dois maridos, Cãofusão e Chapeuzinho Vermelho. Acabei suprimindo quase tudo e dando uns 90% do espaço para essas canções novas, desconhecidas", revela RosaCosta. "É a música na essência, uma relação bem honesta e simples com o instrumento. Não sou nenhum virtuose, não estou nem para Angelo Primon ou Yamandu Costa, nem para um estudante de viola. É a partir da sonoridade que surgem as composições, uma busca minha ligada ao som da viola, mesmo", acentua.
As canções de AuTORal foram registradas no apartamento onde RosaCosta tem residido durante a pandemia, junto aos tios, e aparecem em um formato voz e viola, gravadas em poucos takes e limitando os momentos de sobreposição. No futuro, o material deve ser rearranjado e expandido de forma a virar trilha sonora para o Projeto Gompa - uma situação que permitirá mais uma novidade, uma outra pequena subversão na trajetória de RosaCosta.
"No processo de composição das trilhas sonoras, é o ensaio que me nutre. Às vezes, é o aquecimento vocal do ator antes do ensaio que sugere uma sonoridade que vai me levar a uma melodia e assim por diante. A pandemia nos tirou essa presença, e eu encontrei esse diálogo na viola", reflete. "Agora que essas melodias já existem, eu tenho como provocar os atores em cena. Essas músicas que as pessoas vão assistir serão a provocação para um espetáculo, que vai se nutrir delas enquanto ganha forma."
Um show que também serve para agitar um pouco as coisas, após um ano inteiro de eventos cancelados pela presença do novo coronavírus. "O Rio Grande do Sul tem uma das maiores economias criativas do País, a quantidade de pessoas que são empregadas e se envolvem nessas produções é imensurável. Mas essa informação não chega ao público, a nossa imagem não é devidamente trabalhada", lamenta. Uma situação que, frisa o compositor, atinge de forma mais dura as pessoas negras, que precisam de esforço extra para ingressarem nos projetos em andamento.
"Participei de vários projetos inscritos na Lei Aldir Blanc, e volta e meia eu falava (para meus colegas): 'A hora de pensar nos artistas negros é agora'. Não adianta nada ter um discurso super engajado e antirracista e não ser efetivo na hora da contratação", ressalta. "Várias vezes, estou com a minha tia assistindo televisão e brinco com ela: 'Olha lá, mais um programa com 75 pessoas brancas e nenhuma negra'. Quem é o produtor desse programa? A grande chave de mudança é na hora da montagem da equipe, na diversidade dos nossos projetos."
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