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Cultura

- Publicada em 21 de Dezembro de 2020 às 19:16

Filme nacional 'Cidade Pássaro' chega na Netflix nesta terça-feira

Longa conta a história de dois irmãos nigerianos que buscam respostas um sobre o outro na cidade de São Paulo

Longa conta a história de dois irmãos nigerianos que buscam respostas um sobre o outro na cidade de São Paulo


Divulgação/Primo Filmes/JC
Roberta Requia
Ancestralidade, pertencimento e crenças chegam no catálogo da Netflix em Cidade pássaro, longa dirigido por Matias Mariani que estará disponível na plataforma de streaming a partir desta terça-feira (22). A produção da Primo Filmes acompanha a história do nigeriano Amadi (OC Ukeje), da etnia Igbo, que vem para São Paulo para encontrar o irmão mais velho, Ikenna (Chukwudi Iwuji), que desaparece sem dar notícias após aparentemente se estabilizar como um professor de matemática bem-sucedido no Brasil.
Ancestralidade, pertencimento e crenças chegam no catálogo da Netflix em Cidade pássaro, longa dirigido por Matias Mariani que estará disponível na plataforma de streaming a partir desta terça-feira (22). A produção da Primo Filmes acompanha a história do nigeriano Amadi (OC Ukeje), da etnia Igbo, que vem para São Paulo para encontrar o irmão mais velho, Ikenna (Chukwudi Iwuji), que desaparece sem dar notícias após aparentemente se estabilizar como um professor de matemática bem-sucedido no Brasil.
Ao chegar na cidade, Amadi começa a descobrir uma rede de mentiras inventadas pelo irmão. Ao mesmo tempo, ele é envolvido em uma misteriosa trama envolvendo teorias físicas sobre apostas, reencarnação e sequências numerológicas, enquanto percorre o traço de pistas deixados por Ikenna. O longa, que fez sua estreia no Festival de Berlim e também foi exibido na 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, agora estará disponível em 190 países através da Netflix.
Rodado em São Paulo em 2017, a história se desenrola no Centro da cidade em meio a uma efervescência de etnias, comércios e culturas diversas, característicos da região. Segundo o diretor, Matias Mariani, a ideia original era produzir um filme sobre um estrangeiro em São Paulo. Ele e a primeira roteirista a entrar no projeto, Maíra Bühler, chegaram até uma comunidade de estrangeiros comerciantes na Galeria Presidente, principal ponto de encontro dos personagens do filme.
"Em um primeiro momento só sabíamos que eram africanos. Resolvemos então dar aulas de português gratuitas num centro cultural ao lado da galeria, e através dessas aulas fomos conhecendo os recém-chegados, e entendendo que eles faziam parte de uma etnia específica, os Igbos, vindos principalmente do Sul da Nigéria", afirma Mariani. Após seis meses de aulas, a dupla resolveu viajar até a Nigéria para conhecer as famílias, amigos e locais onde os alunos haviam crescido. Foi a partir desta viagem que o roteiro começou a tomar forma.
Cidade pássaro apresenta elementos de gêneros diferentes: mistério, realismo fantástico e ficção científica. Para Mariani, o longa não se enquadra em nenhum, mas transita entre eles. O universo mitológico da história é baseado na religião tradicional dos Igbo, conhecida como Odinani. Mariani conta que teve o apoio de uma Dibia, sacerdotisa Odinani que o ajudou a retratar a cosmologia Igboniana de maneira fidedigna na produção. "Ao contrário da mitologia Iorubá, mais conhecida no Brasil, a Odinani se baseia em conceitos mais abstratos e menos incorporados em figuras sobre-humanas, e um desses conceitos é o de reencarnação dentro da mesma linhagem de descendência", conta o diretor.
A cultura Igbo também serviu como inspiração para um dos principais elementos do filme, a trilha sonora: "Talvez a dimensão que mais se impôs, durante todo o processo de criação do Cidade pássaro, tenha sido justamente a música. Assim que Maíra Bühler e eu definimos, através da pesquisa, que os personagens principais seriam da etnia Igbo, começamos a pesquisar seu universo sonoro. Entramos em contato com um gênero que estava muito atrelado à luta do povo Igbo pela sua independência, que deu origem à Guerra de Biafra, mas também as músicas que ficaram atreladas a esse ato de resistência: o highlife".
Vindo de Gana, o estilo musical nasceu com influências caribenhas e se mixou com os ritmos locais. O que começou nos anos 1920, ao longo do tempo foi se ligando cada vez mais às classes coloniais, e na década de 1970 já estava ligado à identidade cultural Igbo, conforme explica Mariani.
Outro componente intrínseco para a conexão entre os personagens de Cidade pássaro é a língua. São quatro idiomas falados no filme. Amadi fala em inglês mas não português, o que no início complica sua comunicação com Emília (Indira Nascimento), brasileira que conheceu Ikenna.
"A situação narrada era refletida no filme: OC Ukeje (Amadi) não falava português, enquanto Indira Nascimento (Emília) não falava inglês, portanto tiveram que encontrar um modo não-verbal de se relacionar durante os ensaios e filmagens, o que foi muito interessante. Usamos essa limitação a nosso favor, fazendo por exemplo que eles tivessem que passar um dia juntos andando pela cidade sem terem uma língua em comum, procurando formas de se fazer entender e de entender o outro. O filme fala muito sobre isso, sobre como muitas vezes conseguimos nos comunicar através das margens da linguagem, da entonação, dos silêncios", conta Matias Mariani.
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