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Cultura

- Publicada em 28 de Novembro de 2020 às 11:36

Artes visuais gaúchas perdem muito com morte do pintor Gelson Radaelli

Artista faleceu na madrugada deste sábado (28), depois de uma noite de trabalho no Atelier de Massas

Artista faleceu na madrugada deste sábado (28), depois de uma noite de trabalho no Atelier de Massas


TULIA RADAELLI/DIVULGAÇÃO/JC
Através das tintas, massas e vinhos, Gelson Radaelli era um professor da vida. O pintor administrava ao lado do irmão Cesar Radaelli o renomado restaurante Atelier de Massas. Ele morreu em casa, na madrugada deste sábado (28), aos 60 anos, de um ataque cardíaco fulminante, após uma noite de trabalho no estabelecimento do Centro de Porto Alegre.
Através das tintas, massas e vinhos, Gelson Radaelli era um professor da vida. O pintor administrava ao lado do irmão Cesar Radaelli o renomado restaurante Atelier de Massas. Ele morreu em casa, na madrugada deste sábado (28), aos 60 anos, de um ataque cardíaco fulminante, após uma noite de trabalho no estabelecimento do Centro de Porto Alegre.
Até a metade deste mês de novembro, o artista plástico expôs a mostra No espelho não sou eu na galeria Bolsa de Arte, na Capital, com obras produzidas durante a pandemia, e concedeu entrevista ao Jornal do Comércio. "Sei muito bem que a arte hoje está mais voltada para conceitos, crítica do cotidiano e da política. Meu trabalho não faz parte desse pensamento. Crio pra fazer a vida valer a pena, ter ar para respirar", declarou na ocasião.
Toda a classe artística da Capital está desolada com a triste notícia repentina, fazendo manifestações nas redes sociais, com artistas e curadores arrasados com o acontecido. Nascido em Nova Bréscia em 1960, o ex-publicitário constituiu carreira nas artes visuais com pesquisas cromáticas e formais, sobrepondo camadas e criando empastamentos, em uma combinação entre figura e gesto.
Arte-historiador, professor da Ufrgs, amigo e admirador de Radaelli, Francisco Marshall conversou com o JC na manhã deste sábado, ainda muito emocionado: "A cidade desolada, a floresta devastada. A condição humana, o mundo, as linguagens, tumultuados, com força, exigindo a carga poética de resposta, de inteligência, de sensibilidade, que só a grande arte pode realizar. E ali estava Gelson Radaelli, um dos maiores de sua geração, que soube herdar de Iberê Camargo e grandes mestres a linguagem expressionista que ele levou muito adiante, com sinceridade, grandeza, talento, o que o consagrou como um dos maiores do seu tempo".
Para Marshall, mais do que grande artista, Radaelli era "um homem generoso, cordial, elevado, pronto para apoiar a Cultura em Porto Alegre, por meio de seu restaurante, o Atelier de Massas, o melhor restaurante de massas do planeta Terra, nem na Itália há rival, onde todos eram bem acolhidos, em um ambiente cálido em arte, vinho e elevação pela amizade". Segundo ele, a perda é devastadora: "Estamos todos em luto na cidade. Fica no seu legado a reflexão, a verdade do mundo da arte, reveladas, em pintura, em tintas, em gestos de grandeza".
Em 2017, Radaelli apresentou um trabalho de vulto no Margs, Neon, que teve muita repercussão. O colunista do JC Ivan Mattos conversou com o artista, fazendo a conexão entre a gastronomia e a produção artística. Assista ao vídeo com Radaelli
"Era um mestre, tanto das imagens e das cores quanto dos sabores. O próprio restaurante tão bem ambientado já contém a miscelânea de cores e texturas de sua arte. Ele pintava entre condimentos e sabores inesquecíveis. É mais uma imensa perda entre esses dias sem luz", comenta Ivan Mattos.
Marshall complementa que Radaelli fez exposição no seu centro cultural, o StudioClio (José do Patrocínio, 698), onde lançou o catálogo da série Neon: "Ainda estão expostos os quadros nos painéis das janelas do instituto. Apoiava o StudioClio e a muitos artistas".
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