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Cultura

- Publicada em 23 de Novembro de 2020 às 19:51

Felizes coincidências de Anaadi para seguir iluminando caminhos

Cantora premiada com Grammy Latino lança single 'Corcovado' e prepara faixas do segundo disco

Cantora premiada com Grammy Latino lança single 'Corcovado' e prepara faixas do segundo disco


MARLON LAURÊNCIO/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
Longe de ser ciência exata, a expressão artística muitas vezes tem sua origem no potencial mágico do acaso. A carreira ascendente da cantora Anaadi, é claro, é fruto direto de muito trabalho - mas não deixa de fazer uso de algumas felizes coincidências como tempero em seu caldeirão musical.
Longe de ser ciência exata, a expressão artística muitas vezes tem sua origem no potencial mágico do acaso. A carreira ascendente da cantora Anaadi, é claro, é fruto direto de muito trabalho - mas não deixa de fazer uso de algumas felizes coincidências como tempero em seu caldeirão musical.
Peguemos como exemplo Corcovado, single em colaboração com o baixista e arranjador Edu Martins, que foi lançado nas plataformas digitais no último dia 13 de novembro. A vontade de gravar a canção de Tom Jobim acompanhava a intérprete e compositora gaúcha há um bom tempo, mas contou com uma feliz dose de inesperado para se concretizar. "Estava conversando com o (produtor musical) Leo Bracht sobre essa música, de como queria um dia fazer uma versão mais jazzística e contemporânea dela, e ele me sugeriu que falássemos com o Edu Martins", conta ela ao Jornal do Comércio. "Quando conversamos, ele me disse 'Ana, eu já tenho o arranjo dessa música!'. Eu cheguei no estúdio (para gravar) sem nunca ter ouvido o que ele tinha feito. E era lindo! O Edu me mostrou na hora, gravamos praticamente ao vivo, e tudo foi muito fácil de fazer."
A gravação de Corcovado faz parte do projeto Geleia Caseira, conduzido por Martins e que tem caráter instrumental - exceção, é claro, aos momentos em que a voz de Anaadi se fizer presente. A cantora, que usava o nome Ana Lonardi antes de assumir a atual assinatura artística, deve aparecer também no vídeo promocional da música, assim que estiver disponível em plataformas como o YouTube nas próximas semanas. "É uma música que fala de amor de uma forma muito otimista, de a pessoa realmente encontrar a felicidade. E isso de gravar de uma forma mais orgânica, com o sentimento de momento, ajudou a criar essa atmosfera de liberdade e de conexão (entre os músicos), que deixou a gravação com uma sonoridade bem leve", explica.
A nova faixa é uma chance para os fãs se reencontrarem com a voz de Anaadi, enquanto o sucessor do álbum Noturno (2017) não chega. Dizer que o disco de estreia foi um sucesso é quase minimizar seu impacto: com ele, a cantora conquistou o Grammy Latino de 2018 na categoria Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa. "Por eu ter respeitado profundamente o tempo de concretização do Noturno, sabia que ele seria um disco do qual me orgulharia por muito tempo", pondera ela. "Ele tem vida própria. A gente chega em um momento da criação em que, quando ela se revela para o mundo, ela ganha vida própria, se expande além das próprias pretensões do artista. Isso aconteceu com o Noturno, e quero que aconteça no meu próximo disco também."
Sim, o esperado novo álbum já está a caminho. Batizada de Iluminar, a obra está em pré-produção, e deve ser a segunda parte de uma trilogia criativa. "Noturno seria inspirado no purgatório, relacionando esse conceito com o mundo em que a gente vive. Acho que isso está bem claro hoje em dia, nessa questão da pandemia", diz ela, rindo e falando sério ao mesmo tempo. "E o Iluminar seria uma alusão ao paraíso, mas no sentido de como a gente pode se transformar esse mundo-purgatório em um paraíso, desde que cada um busque a transformação de si. Vai ser um disco mais vibrante, mais leve e solar do que o Noturno", garante ela.
Para atingir esse resultado, haverá uma mudança de estilo: enquanto Noturno foi guiado pelo jazz e R&B, Iluminar deverá trazer o samba como principal assinatura sonora. "Desde o início da minha carreira, com 17 ou 18 anos, eu tinha um conflito muito grande se iria cantar jazz ou MPB. Muitas das minhas primeiras composições eram sambas", relembra. "Quando fizemos o Noturno eu já tinha vários sambas compostos, e a gente concluiu que isso (concentrar os sambas em um segundo trabalho) faria sentido. Iluminar é inspirado naquele samba que revela uma nobreza de valores, de nomes como Paulinho da Viola e Cartola, trazendo conselhos e axiomas bonitos e fortes para nossa ética do dia a dia, para a vida."
Como falamos, as coincidências são belezas imprevistas que pontuam a trajetória da alma artística. E Anaadi, que se tornou conhecida do grande público pela participação na edição de 2013 do programa televisivo The Voice Brasil, certamente contará com algumas delas para a concretização de Iluminar, que ainda não tem data de lançamento. Uma delas é a música Toda menina é sagrada.
"No meu aniversário no ano passado, em dezembro, publiquei um poema (nas redes sociais), que era sobre a conexão da mulher com a criança interior", relembra. "Dias depois, a (cantora e compositora) Bianca Obino me mandou um áudio dizendo 'Ana, achei lindo esse poema e criei uma melodia'. Foram tantas coisas no final do ano passado que perdi essa mensagem. Aí neste ano, devido ao lançamento do Mas que nada (single e videoclipe em colaboração com a Raíces Jazz Orchestra dos Estados Unidos), fui atrás de uma outra Bianca, dançarina de salsa, e acabei encontrando esse áudio de uma Bianca que, até então, eu nunca tinha conversado na vida. Estava sentada na cama quando ouvi a música, e caí para trás. 'Não acredito que isso está acontecendo'", afirma, rindo com o presente que o acaso trouxe para ela.
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