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Cultura

- Publicada em 28 de Outubro de 2020 às 17:36

Gaúcho Alegre Corrêa lança teoria musical sobre DNA da MPB

Com Gabriel Grossi, guitarrista dissemina acordes de 'Brasileto', composição identificada na MPB

Com Gabriel Grossi, guitarrista dissemina acordes de 'Brasileto', composição identificada na MPB


ALEXANDER SIEDEL/DIVULGAÇÃO/JC
Roberta Requia
Uma sensação harmônica a partir de acordes que despertam o sentimento transmitido pela música brasileira. Na maioria das vezes, causada por canções que já viraram hinos populares do cânone da MPB e do samba. Foi a partir desta provocação que o músico gaúcho Alegre Corrêa e o brasiliense Gabriel Grossi descobriram o Brasileto, estrutura musical composta por 32 compassos, que constroem caminhos sonoros de uma harmonia já conhecida.
Uma sensação harmônica a partir de acordes que despertam o sentimento transmitido pela música brasileira. Na maioria das vezes, causada por canções que já viraram hinos populares do cânone da MPB e do samba. Foi a partir desta provocação que o músico gaúcho Alegre Corrêa e o brasiliense Gabriel Grossi descobriram o Brasileto, estrutura musical composta por 32 compassos, que constroem caminhos sonoros de uma harmonia já conhecida.
O início desta descoberta contribui para a compreensão do estudo. Quando Alegre Corrêa lecionava Música em Viena, seus alunos propuseram compor e tocar uma canção que fosse genuinamente brasileira e que causasse a sensação despertada por uma música desse estilo. Ele até procurou em suas composições algo que encaixasse com o pedido, mas foi através de uma nova que encontrou o ritmo.
"Intuitivamente, busquei essa estrutura dentro da música brasileira pra apresentar esse tema para o grupo e a gente tocar. Deu certo, tocamos, todo mundo adorou. Só que isso criou uma vida muito mais longa do que eu imaginava, muito amigos começaram a gostar", comentou o músico em entrevista ao Jornal do Comércio.
Ao longo do tempo, Corrêa foi entrando cada vez mais no ritmo e se aprofundando em pesquisas e composições: "Fui me dar conta de que outros compositores, como Baden Powell, fizeram trabalhos exatamente dessa mesma forma. Comecei a observar que, dentro da música brasileira, também existia essa estrutura. Passei a conversar com colegas e parceiros. Mas era uma coisa difícil. É muito difícil você começar a conversar sobre uma coisa nova, e que a princípio parece que quer fechar uma ideia", relata.
Foi, então, por volta de 2015, que surgiu a parceria com Gabriel Grossi: "Ele imediatamente se apaixonou por essa tese e detectou muitos temas com essa estrutura. Começamos a fazer um estudo de análise na música popular brasileira de temas que tivessem essa estrutura. Denominamos Brasileto, a partir de pesquisas, e fomos envolvendo mais pessoas".
A partir da definição do Brasileto, a dupla acredita que exista também a identificação das derivações regionais do ritmo: composições e estruturas harmônicas que despertem sensações através das músicas regionalistas, principalmente no tradicionalismo gaúcho e nordestino. "Os compositores, seja de qual região, vão fazendo seu trabalho e ao mesmo tempo criando uma linguagem musical coletiva inconsciente por causa da região", afirma Corrêa.
"Ou seja, é uma forma criada pela cultura musical dos povos, que é uma forma fixa e ao mesmo tempo uma forma liberta. Ela tem uma regra que instiga a criação, renova, coloca pessoas em contato. A intenção do Brasileto é se tornar um movimento de músicos. Um respiro da música popular brasileira, da criação cena da cultura musical brasileira", completa.
Ele exemplifica essa identificação com o ritmo blues, que consegue ser identificado por quem o ouve, mesmo que o ouvinte não conheça nada sobre a teoria musical do gênero. Segundo ele, o Brasileto ainda nesse quesito se caracteriza como um produto brasileiro já que, ao contrário do blues que possui 12 compassos, possui 32 compassos, sugerindo novas cores, ritmos e melodias, miscigenado e diversificado, como a mistura étnica brasileira.
Agora, os dois planejam expandir os estudos e fazer com que a melodia chegue a mais músicos e compositores, pois acreditam no papel de ferramenta de união e renovação da música brasileira que o Brasileto pode causar. "A gente viu o potencial que ela tem de tornar novos compositores conhecidos, como se fosse um grande festival e uma febre nova. É valorizar e renovar nossa cultura, também fora do País", afirma Corrêa.
"O Brasil é conhecido lá fora com alguns dos melhores trabalhos da música brasileira. É um dos nossos patrimônios mais fortes. A gente quer que novos compositores continuem aparecendo, e que eles façam do Brasileto uma nova ferramenta de exposição", finaliza.
Para mais informações sobre o Brasileto e a pesquisa, a dupla lançou o site www.guiapraticodecomposicao.com.br, onde está disponível para download a estrutura do Brasileto. A partir do e-mail [email protected], músicos que quiserem compartilhar sua composição ou então participarem dos estudos podem entrar em contato com Corrêa e Grossi. Também pode ser acessada a página do Facebook.
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