Neste sábado (3), Porto Alegre ganha a abertura de uma mostra individual de vulto. O artista visual Gelson Radaelli, com curadoria de Eduardo Veras, inaugura a exposição de pinturas No espelho não sou eu na galeria Bolsa de Arte (Visconde do Rio Branco, 365).
Com uma grande produção nessa época de reclusão, o pintor escolheu uma parte desses quadros para compor uma série de obras de múltiplos formatos, todos executados em óleo sobre tela e com o uso farto de cores e soluções técnicas e estéticas, que acusam a condição do ser diante da pandemia.
As imagens confrontam o homem e a natureza, refletindo o encantamento e a desarmonia. As pinturas contemplam três atos: O ser - pinturas de retratos de anônimos em estado de loucura ou vítimas do novo coronavírus ou em estágio de “derretimento"; A natureza - pinturas principalmente de flores secas, que retratam vasos que o artista dispõe nos ambientes onde circula e com esses tempos cinza secaram se tornando uma metáfora concreta e triste dessa época; O ser e a natureza - nesses quadros existe um não diálogo entre a figura humana e a mãe Gaia. O ser está sempre de costas para os elementos naturais, pensando somente nas suas coisas, em suas conquistas, no dinheiro, no prazer e no poder, se esquecendo - e agredindo - a força que é a essência da vida e responsável pelo equilíbrio do planeta.
"Os corpos se contorcem. As naturezas-mortas se inflamam. Os rostos não têm paz. Mesmo aqueles retratos muito frontais, que eram para ser duros feito 3x4, se derretem sem cerimônia. A visceralidade que Radaelli vinha experimentando na escultura se emplasta mais do que nunca sobre o tecido. As pinturas assimilam a maleabilidade do barro. As figuras se desmancham: nervos expostos, formas deformadas", afirma o curador Eduardo Veras, crítico, historiador da arte e professor da Ufrgs.
A visitação vai até 14 de novembro, de segunda a sexta-feira, das 13h às 17h.