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FESTIVAL DE GRAMADO

- Publicada em 20 de Setembro de 2020 às 08:30

Parceria de vida na tela e atrás das câmeras em longa do RS que concorre em Gramado

Após um assalto em avenida de Porto Alegre, Georgia e Bruno têm suas vidas entrelaçadas

Após um assalto em avenida de Porto Alegre, Georgia e Bruno têm suas vidas entrelaçadas


FESTIVAL DE GRAMADO/DIVULGAÇÃO/JC
Fiel ao seu estilo de fazer cinema, o realizador porto-alegrense Bruno de Oliveira, de 27 anos, chega ao terceiro ano consecutivo de mostras competitivas na Serra. Nesta 48ª edição do Festival de Cinema de Gramado, ele estreia Ten-Love, concorrente ao Kikito de melhor longa gaúcho.
Fiel ao seu estilo de fazer cinema, o realizador porto-alegrense Bruno de Oliveira, de 27 anos, chega ao terceiro ano consecutivo de mostras competitivas na Serra. Nesta 48ª edição do Festival de Cinema de Gramado, ele estreia Ten-Love, concorrente ao Kikito de melhor longa gaúcho.
Os títulos concorrentes nesta seleção dos produzidos no Rio Grande do Sul podem ser assistidos no streaming do Canal Brasil até as 23h59min de quarta-feira (23). Uma série especial de entrevistas com os diretores do Estado está disponível para leitura diária no hotsite de Cultura do Jornal do Comércio.
No ano passado, o diretor já tinha estreado seu primeiro longa, Os pássaros de Massachusetts (coescrito com o realizador e montador Leonardo Michelon), na mesma mostra. Em 2018, Oliveira exibiu o curta Maçãs em fogo no evento. 
Atual e cheio de metáforas, o thriller romântico Ten-Love - estrelado pelo próprio autor, usando seu nome, Bruno - é deveras autoral e muito autobiográfico, em produção independente, trazendo para a tela uma Porto Alegre exaustivamente representada no cinema. A sequência inicial se passa na avenida Osvaldo Aranha, quando um furto vai cruzar os andares de dois pedestres. Ali, os destinos de Bruno e Georgia (Georgia Barcellos) também ficam entrelaçados. 
Além de problematizar o relacionamento a dois nos dias de hoje, com seus desafios diários, o roteiro traz críticas sutis à modernidade e apresenta um conflito – também ligado à insegurança urbana - que vai testar a ligação amorosa do casal. Entre jogos de tênis e problemas no trabalho, Georgia e Bruno acabarão envolvidos com um DJ da cena underground e a produtora de filmes adultos Diamantes Produções, e seu dono, o misterioso Joalheiro.
Os filmes de Oliveira lidam com a temática da solidão, miséria material e dificuldades financeiras, percepção do tempo, relacionamentos amorosos, amizade e a cinefilia. Ten-Love, segundo o diretor, é seu trabalho mais ambicioso em questão de produção e narrativa, buscando um apelo mais pop e tradicional em relação a seus últimos filmes.
Os pais do realizador audiovisual, Paulo e Lionara, foram sócios-proprietários da Portovideo, locadora de filmes localizada na Barão do Amazonas, entre 1985 e 1987, no boom das videolocadoras nos tempos do VHS. O gosto por filmes e, em especial, pelo homevídeo sempre estiveram em sua vida.
Durante o período de pré-adolescência, Bruno de Oliveira entrou em contato com o mundo das Histórias em Quadrinhos, tornando-se um "rato de sebo" em busca de raras edições do Homem-Aranha, no Centro de Porto Alegre, entre 2004 e 2006. Nessa época, começou a realizar seus primeiros experimentos em vídeo com uma webcam e seus bonecos, vídeos que ele ainda mantém guardados na plataforma YouTube.
Aos poucos, esse ímpeto criativo foi ganhando cada vez mais espaço na sua trajetória. Após alguns anos no curso de Economia da Ufrgs, ele decidiu tornar o cinema seu ofício profissional prioritário.

"Faço cinema porque amo e porque preciso"

Diretor Bruno de Oliveira em Gramado em 2018, quando exibiu o curta Maçãs em fogo

Diretor Bruno de Oliveira em Gramado em 2018, quando exibiu o curta Maçãs em fogo


BRUNO DE OLIVEIRA/DIVULGAÇÃO/JC
Tendo cursado dois anos da graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Pelotas, Bruno de Oliveira é um prolífico realizador do Rio Grande do Sul. Produziu mais de dez curtas-metragens - dos quais, destacam-se A antologia de Antonio (Mostra de Cinema de Tiradentes, 2017), Coração (2017) e Ocidente (2017) - e dois longas, entre 2015 e 2020. Em 2018, ainda rodou o curta-metragem Os Pirralhos, obra que ainda permanece inédita para o público.
JC – Podes fazer um resgate da tua trajetória no cinema?

Bruno de Oliveira – Minha trajetória no audiovisual é um pouco "antiga" já. Comecei a brincar com a criação em vídeo em 2006, quando era um pré-adolescente. Nunca deixei de fazer filmes, embora por muito tempo não enxergava como profissão, era apenas uma paixão minha que eu desenvolvia em meu tempo livre, fazendo filmes com vizinhos, amigos e colegas do curso de Economia da Ufrgs.
Demorei um tempo para decidir "colocar o pé na jaca" e apostar no cinema e audiovisual como ganha-pão. Estava quase nos finalmentes da conclusão do curso de Economia quando fui aprovado no curso de cinema da UFPel. Ali estudei durante dois anos, mas não concluí o curso por diversos motivos, principalmente porque precisava trabalhar para me manter e assim retornei a Porto Alegre e adentrei no mercado audiovisual, realizando os mais diversos trabalhos comerciais, de fotografia imobiliária a fotos de tênis, comidas, propagandas de TV, etc. Entre 2015 e 2019, produzi muito. Foram uns 10 curtas e dois longas. Em breve, lançarei um DVD de coletânea de curtas e faixa de comentários.

Meu trabalho com ficção nunca parou. Na verdade, qualquer trabalho comercial que eu faça financia os filmes de alguma forma. Faço cinema porque amo e porque preciso, e as exibições e reconhecimento são mera consequência. Tive o prazer de exibir um curta e dois longas em Gramado, um curta em Tiradentes e outros curtas em outros festivais do Brasil. Mas não sinto que meus filmes tiveram destaque nesses espaços. Acho que é um meio competitivo e com muitos outros filmes com pautas sociais mais urgentes, o que pode tornar meus filmes menos interessantes em alguns contextos. São filmes muito pessoais, que discutem e exploram a linguagem cinematográfica e tentam revelar um jogo entre a vida e o cinema. Quero destacar aqui meu agradecimento aos curadores que olharam com carinho para meu trabalho, como Juliana Costa, Leonardo Bomfim Pedrosa e Lila Foster. Esse olhar carinhoso e que deu a chance de meus filmes encontrarem o mundo com certeza foi um incentivo para seguir realizando filmes.

JC – Qual a importância de ser selecionado para esta competição do Festival de Gramado? Haveria uma janela de visibilidade melhor neste momento de pandemia para a estreia do longa?

Oliveira – É o terceiro ano consecutivo que exibo um filme em Gramado. Primeiro um curta, depois um longa e agora um segundo longa. Meus filmes passam por um processo meio rápido, e sua estreia nunca é totalmente planejada. Sempre inscrevo os filmes em Gramado pois é uma janela importante para o cinema nacional, especialmente o regional.
Gramado é uma vitrine para os filmes realizados aqui no Estado, e uma forma de atestar a qualidade mínima do filme. Por exemplo, acaba revelando que o filme é elegível para exibição, competição. Para mim, que realizo filmes de forma extremamente barata e independente, é legal competir junto com filmes que foram feitos com incentivos, ou de realizadores experientes, com certeza isso alimenta uma autoestima como realizador, os festivais acabam validando a obra de alguma forma. Não acho que a seleção de qualquer festival atesta a qualidade do filme em si, do meu ou de outros. Mas, para o público em geral, é um status que pode levar a pessoa a se interessar pelo filme.
Por exemplo, você que chegou ao filme graças ao festival e está me dando a chance de conversar sobre ele. Tem várias coisas bacanas. Não penso em uma janela melhor de estreia, acredito que as coisas são como tem que ser.
Se um dia estrear um filme em um festival maior ou diretamente aos cinemas, será um outro momento e aí me sentirei de uma outra forma, cada filme é um filme. Única coisa que acho uma pena é não poder ver o filme em uma sala de cinema ainda, pois ele foi pensado para a sala escura e não para o streaming.

JC – O quanto Ten-Love é autobiográfico?

Oliveira – Meus filmes são feitos com poucos recursos, e eu crio histórias com o que está "disponível" na minha vida naquele momento. São filmes que manipulam e distorcem a realidade a minha volta, na busca de fabular a realidade e pintar uma narrativa a partir de elementos da vida, mesmo. Gosto de viver, presto atenção em muita coisa e gosto de capturar esses elementos e manipulá-los na montagem.
Ten-Love é biográfico até certo ponto e ficcional em muitos outros. Ele parte da estrutura material e estética da própria vida para organizar e estilizar ela em um formato de filme. Nesse caso bastante "clássico", tradicional, narrativo, etc. Sinto que os elementos biográficos não são tão relevantes de se discutir se são reais ou não.
O filme tem suas regras próprias e sua coerência interna, acho que tem que ser experenciado pelo que é e em si isso tem que ser autossuficiente. Mas o filme mostra como era minha vida esteticamente na época em que foi gravado. Hoje já não sou o mesmo e minha vida também não se parece tanto com aquela retratada no filme. De certo modo, esse filme eterniza a atmosfera do Bruno de 2019.
JC – Qual a história desse roteiro? De onde veio a ideia para o conflito do thriller, que fortalece a relação - a violência urbana sempre teve essa intenção na narrativa?

Oliveira – Quando saí do curso de cinema, tinha minhas próprias ideias e noções sobre o processo de criar um filme. Na verdade, desenvolvi meu próprio método ao longo dos anos, e nunca paro de aprimorá-lo. Encontrei pessoas como Leonardo Michelon, Jonas Costa, Deise Hauenstein e Pedro Gossler, que ajudaram a aprimorar esse método e testar outras formas de fazer cinema que não seguissem as cartilhas dos cursos tradicionais de cinema. Ten-Love foi um misto de um roteiro clássico e tradicional com esses métodos mais experimentais e artesanais de fazer cinema.

O conceito do filme foi inspirado em Closer (2004), em um primeiro momento. As relações a dois, o desenvolvimento dramático, as cenas em câmera lenta, etc. Comecei a escrever o roteiro com minha companheira Georgia Barcellos, e muita coisa da primeira parte do filme foi inspirada em experiências nossas como casal. Georgia emprestou o nome e a vida para a personagem, além de ter realizado o filme comigo de maneira muito guerreira e que sou extremamente grato, pois isso nos fortaleceu como time de uma maneira muito forte. Queria fazer um filme mais inocente, otimista, que remetesse um pouco aos filmes mais populares do início dos anos 2000, como comédias românticas ou os primeiros filmes de super-herói. Esses filmes foram parte de nossa relação e a busca por essa inocência que é difícil de achar em filmes de hoje. Para introduzir esse elemento do heroísmo, precisava explorar um pouco o conceito do mal, da tentação, do que o dinheiro pode oferecer. Aí surgiu a parte mais thriller, fortemente inspirada na estética proposta pelos irmãos Safdie em Good Time (2017). Assisti muitas vezes esse filme e queria tentar executar essa estética mais noir-urbana, que acho que é meio intrínseca a Porto Alegre e sua cena noturna mais neon.

Quanto à violência urbana, acho que gosto de retratar Porto Alegre como uma cidade hostil e sombria, também. O assalto no começo do filme e a indiferença do pessoal que passa pela rua foi proposital. Acho que Porto Alegre não é apenas a capital do chimarrão e da lagarteação na Redenção. É também um lugar com segredos, macabrices. Mas vejo tudo como uma dualidade. Nada pode ser definido sem contrastes. Acho que as coisas bonitas e ensolaradas são complementadas e ganham valor através desde contraste com a noite, o oculto.

Ten-Love explora clichês da capital dos gaúchos e da vida contemporânea

Ten-Love explora clichês da capital dos gaúchos e da vida contemporânea


FESTIVAL DE GRAMADO/DIVULGAÇÃO/JC
JC – Uma característica da construção do roteiro são menções a elementos bem contemporâneos, como reality-shows (Masterchef e BBB), plataformas de streaming (Netflix) ou a visão “marqueteira” da gastronomia (completada pela ótima participação de Rejane Martins, que faz o Mesa de cinema). Com que intenção esses diálogos e cenas foram incluídos?
Oliveira – Acho que nunca consigo fugir totalmente de um certo senso de humor em meus filmes. Não sou uma pessoa cínica ou irônica, mas acho que gosto de provocar ou debochar de algumas coisas. Masterchef no caso é um programa que assisti bastante, e sei que tem um apelo popular. Queria referenciar isso de forma honesta e também buscar alguma conexão com quem conhece o programa. Netflix foi uma crítica mesmo, meu personagem fala que não gosta e faz uma defesa militante da mídia física. Esse sou eu. Não é que eu não goste de streaming, é só que penso que, na fala pública, tem que se pensar no efeito que surtirá para o público e quem precisa exatamente de uma defesa agora. Quero balancear mais o jogo para outros aspectos mais antiquados da vida, como a mídia física, os encontros off-line ou até mesmo o matrimônio entre duas pessoas. São coisas que acho que precisam de defesa pois estão em decadência.
Rejane é uma amiga muito antiga, já ajudou meus outros filmes de outras maneiras, mas essa é sua "estreia" na ficção, ao menos até onde eu sei. Rodrigo Bittencourt, o filho dela, divide a fotografia do Ten-Love comigo, inclusive. Ela interpretou de forma muito natural, engraçada e leve, mas a parte inventada é a visão maniqueísta da gastronomia mesmo, que pode ser lida como uma crítica ao mercado de uma forma geral, essa questão do status, da imagem, dos seguidores e do engajamento no Instagram. Ela meio que percebe que está vivendo esse contexto no mundo e no negócios e não se opõe, vai a favor da maré pois preocupa-se com seu restaurante, que é compreensível mas não deixa de ser frio e cruel. Cria-se uma dualidade interessante, pois a Rejane é calorosa, simpática. Ela mesma achou quase que um absurdo o que a personagem dela fazia e dizia nesse sentido (risos).
JC – O filme é independente. Como foi viabilizado financeiramente?
Oliveira – Viabilizo meus filmes sempre como dá e cada filme tem um processo. Na verdade, não gastei quase nada nele, e tudo que foi gasto veio do meu bolso, em termos de dinheiro. O investimento importantíssimo que se faz é com o tempo. Muitas pessoas investiram seu próprio tempo no filme. Atores, trilha sonora original, mixagem e colorização. Tirando alguns custos aqui e ali, a maioria das pessoas trabalhou voluntariamente no projeto, porque acreditou nele ou em mim. Chamo pessoas amigas e parceiras para trabalhem comigo e ofereço um processo tranquilo e diferente. Não brigo com ninguém em set e coloco a saúde mental das pessoas em primeiro lugar.
Tive um apoio técnico de equipamentos da Enquadra Digital, coprodutora, que possibilitou uma captação e finalização em 4K, o que agregou bastante ao filme esteticamente, porque deixa ele com mais "cara de filme de verdade". Mas teria feito ele com uma câmera inferior também, o importante é o filme existir.
Formo a equipe por afinidade e no que a pessoa pode somar artisticamente e pessoalmente para o projeto. Não acho que os fins justificam os meios, sabe? Se o processo não é prazeroso e leve, não tem filme bom que justifique essas dores. Faço filmes bastante pelo processo em si, e não pelo resultado. Gosto de trocar ideia e sentir que estamos concretizando algo de maneira artesanal. Gosto de ouvir as pessoas, me conectar com elas. Acabo falhando muitas vezes nesse lado mais humano porque me preocupo com muitas coisas, acumulo muitas funções nos filmes. Mas preciso sentir uma afinidade pessoal para trabalhar com a pessoa. Não pretendo abrir mão disso. Gostaria de destacar, no Ten-Love, o trabalho de trilha sonora original do Felipe Rotta, que somou em muito ao filme e na minha trajetória pessoal. É uma trilha que vale a pena ser ouvida por si mesma.
JC – As cenas dos jogos de tênis são metafóricas e muito bem feitas. Quais os desafios dessa filmagem? 
Oliveira – As cenas de jogo de tênis foram muito difíceis de serem feitas. Muito mesmo. Tanto para filmar quanto para editar. Eu já fiz muito vídeo publicitário de esporte, para clubes esportivos, e por isso tinha certa familiaridade com esse estilo, mas na ficção é diferente. Precisa ser coerente com a estética do filme e criar uma tensão e realismo que agregue ao filme. Fiz as cenas de esporte para substituírem artifícios de tensão. Não posso explodir carros, então vou fazer duas pessoas jogarem tênis e filmar isso como se fosse um duelo de faroeste ou mesmo de sabres de luz.
Há duas cenas de tênis, uma mais documental e crua, pois estava descobrindo como fazer. E outra mais calculada e madura, que só possibilitou ser feita após analisar o processo da primeira. Na segunda, nem utilizei bolas de tênis. Me inspirei um pouco no filme Wimbledon (2004), onde as bolinhas eram 3D, e quase enlouqueci editando essa cena para que ela escondesse a falta de bolinha, de habilidade tenística dos atores e ainda ficasse esteticamente interessante.
JC – A ocupação da quadra pública na 24 de Outubro foi tranquila?
Oliveira – A ocupação da quadra pública não foi tão tranquila. Ocupamos a quadra durante um dia inteiro e deixamos alguns usuários um pouco revoltados com a monopolização da quadra. "Estamos fazendo um filme!", eu dizia. Alguns achavam legal e apoiavam, perguntavam algo. Outros agiam com indiferença e queriam nos expulsar, pois isso ia contra as regras de ocupação da quadra. Mas enfim, era só apenas um dia, acho que um pouco de empatia e curiosidade cairiam bem para os impacientes. Meus filmes utilizam muitos espaços públicos de Porto Alegre, e acho que os moradores da cidade deveriam enxergar isso como algo legal, que traz identificação e representação estética desses espaços.
JC – Em que projetos está envolvido atualmente?
Oliveira – Atualmente estou com muitos filmes na cabeça, argumentos de grande orçamento, médio e baixo. Estou em uma fase bastante paciente da vida, onde não tenho pressa para nada. Farei a fotografia de um longa independente do meu primo Rafael Mog e recém concluí o roteiro de meu suposto terceiro longa-metragem. Me perguntam sobre o que ele é, mas nem eu sei direito. É um filme simbólico sobre pobreza, cinefilia e as tentações da carne. Escrevi sob métodos de exploração do inconsciente e novamente bolei um projeto com produção muito pequena, talvez o menor que já elaborei e o mais provocativo esteticamente e tematicamente. É um filme que farei por necessidade da minha alma, apenas. Não estou muito preocupado ou focado com o desenrolar da minha trajetória "profissional". O importante é fazer os filmes e creio que sempre os farei enquanto permanecer apto para isso. Tenho muitos longas na cabeça, aos poucos vou ir fazendo um por um.