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FESTIVAL DE GRAMADO

- Publicada em 18 de Setembro de 2020 às 10:06

Ficção científica filmada no RS abre série de longas gaúchos em competição em 2020

Bruno Barcelos como o protagonista Jeferson, na parte de 'Contos do amanhã' que se passa em 1999

Bruno Barcelos como o protagonista Jeferson, na parte de 'Contos do amanhã' que se passa em 1999


BACTÉRIA FILMES/DIVULGAÇÃO/JC
O realizador audiovisual Pedro de Lima Marques, de 37 anos, está bastante satisfeito em exibir pela primeira vez seu longa pioneiro no 48º Festival de Cinema de Gramado, entre a competição das produções gaúchas. A ficção científica Contos do amanhã foi escrita e dirigida por ele, contando uma história futurista que também tem seu desenrolar no passado.
O realizador audiovisual Pedro de Lima Marques, de 37 anos, está bastante satisfeito em exibir pela primeira vez seu longa pioneiro no 48º Festival de Cinema de Gramado, entre a competição das produções gaúchas. A ficção científica Contos do amanhã foi escrita e dirigida por ele, contando uma história futurista que também tem seu desenrolar no passado.
No enredo, em 2165, o sequestro de Michele Medeiros (Daiane Oliveira) coloca a cidade-estado Porto 01, o último reduto humano, em guerra. Para salvar a civilização será preciso contar com a ajuda de Jeferson (Bruno Barcelos), um adolescente que vive em 1999. A obra imagina o mundo do século XXII - dividido entre a civilização de Porto 01 e a barbárie da Zona de Exclusão.
O filme foi rodado em Porto Alegre (com cenas no colégio Julinho e no recanto do Buda na Redenção), Litoral (praia de Torres) e serra gaúcha (ruínas do cassino em Canela), contando com um elenco de mais de 100 atores e figurantes - escolhidos em uma chamada pública que reuniu mais de 700 candidatos.
Os cinco longas gaúchos concorrentes (Contos do amanhã, Portuñol, Deborah! O Ato da Casa, Ten-Love e Trapaça) podem ser vistos no Canal Brasil Play da meia-noite deste sábado (19) até as 23h59min de quarta-feira (23). Uma série especial de entrevistas com os diretores do Estado começa a ser publicada nesta sexta-feira (18) para leitura diária no site do Jornal do Comércio.
A estreia comercial de Contos do amanhã em vídeo on demand/streaming está prevista para ocorrer até o fim do ano, para lançar um projeto que Marques vem nutrindo desde 2003, quando o universo do longa surgiu. “Mas a real é que ele começou mesmo, de verdade, quando eu decidi fazer cinema. Lá por volta dos meus oito anos de idade. Eu queria criar universos, contar histórias. Não sabia como, mas sabia que era isso que eu ia fazer algum dia.”
Aos 14 anos, disseram para o adolescente que teria que aprender tudo que envolvesse uma produção cinematográfica, da fotografia à logística, produção e atuação, pois ainda não existiam cursos superiores por aqui. “Tinha que aprender tudo se eu quisesse dirigir uma equipe, teria que saber o que dizer para a equipe. Hoje eu não sei se a pessoa estava querendo me apavorar ou me incentivar. Fico um pouco em dúvida (risos). Com isso fui exercendo diversas funções até me estabelecer na pós-produção. Mais tarde, quando abri a produtora, tive que abraçar de vez a produção e direção.” Nesse momento, começou a escrever o roteiro do seu primeiro curta.
O projeto de Contos do amanhã foi inscrito em um edital de financiamento pela primeira em 2008. “Fomos negados. Lembro até hoje o parecerista estava meio abismado com a ideia de fazer ficção científica em Porto Alegre. Questionava se seria possível realizar aquilo tudo aqui, se tínhamos equipamentos, etc. Saímos da avaliação meio arrasados, mas pensando que tínhamos que melhorar o projeto e tentar de novo.”
Segundo o diretor, não havia outro caminho, era aprimorar e retornar no ano seguinte: “E de novo. E depois de novo. E só mais uma vez. Agora vai! Passamos por inúmeros erros, falhas, mas sempre pensando em aperfeiçoar o projeto. Em melhorar para o próximo. Com isso, todo o Contos do amanhã foi crescendo, e resolvemos apostar todas as fichas num longa, já que era pra ousar, por que não de uma forma completa? Do 'não', a gente já tinha coleção. Mais um não faria diferença”.
Em 2013, finalmente foi aprovado no Fumproarte da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre. “Lembro da Dani (Daniela Israel, produtora do filme) me ligando e dizendo que tínhamos sido contemplados! Foi uma alegria imensa, né!? Nosso primeiro longa estava finalmente saindo do papel”, conta Marques.
A pré-produção começou em meados de 2014. “Queríamos fazer uma ampla seleção de elenco, com testes abertos onde qualquer pessoa poderia se inscrever. Queríamos oportunizar, dar espaço para quem quisesse fazer parte. Colamos cartazes em escolas, chamando para o teste, além de compartilhar nas redes sociais. Foi uma loucura. Acreditávamos que teria uma procura legal, mas não esperávamos mais de 700 inscritos! Fizemos umas quatro sessões de testes: compareceram aproximadamente umas 500 pessoas.”
O realizador afirma que todos foram testados, com uma fala e gravação em vídeo. Foi feita uma pré-seleção e um workshop de atuação para o cinema. “Este grupo está inteiro no filme, na sala de aula, nos corredores, na frente do colégio. O diretor, roteirista e preparador de elenco Ulisses da Motta foi o responsável por criar a sinergia dessa galera”, explica.
“Este filme tem propostas estéticas e de viabilidade de produção que exigiam que eu assumisse outras funções além da direção”, justifica Marques, por seu nome aparecer em grande parte dos créditos da produção. As filmagens foram finalizadas em janeiro de 2016 no estúdio. Depois disso, a montagem teve seus primeiros cortes. “O Alfredo Barros, que montou o filme comigo, com a assistência do André Oliveira, finalizou um primeiro corte com as primeiras versões da música composta pelo Renan Franzen.”
Depois de montado o longa, os anos seguintes, 2017 e 2018, foram focados nos efeitos visuais. “Nossa equipe de pós-produção era bem pequena, a Bruna Badalotti e a Victoria Ketzer na assistência de efeitos visuais, fazendo algumas rotoscopias e recortes de chroma; o Rafael Duarte como generalista 3D; a Giulia Palermo na criação gráfica das telas do futuro; e eu nas composições de efeitos visuais”, detalha o diretor. Em 2019, foi feito o trabalho de sound design, refinamentos de alguns efeitos visuais e na cor final do filme. No final do ano passado, a versão finalizada estava pronta para iniciar as inscrições no circuito de festivais.

"Não consigo imaginar uma janela melhor"

Membro da ABC, Pedro de Lima Marques tem mais de 15 anos de atuação no audiovisual

Membro da ABC, Pedro de Lima Marques tem mais de 15 anos de atuação no audiovisual


DANIELA ISRAEL/DIVULGAÇÃO/JC
Formado em Design, Pedro de Lima Marques é diretor e produtor e sócio da Bactéria Filmes e Forno FX. Membro da Academia Brasileira de Cinema (ABC), com mais de 15 anos de atuação na indústria audiovisual já dirigiu e produziu inúmeros projetos para a TV, como programas semanais, filmes publicitários e séries. Seu curta Cubos foi premiado no Festival do Minuto.
Entre 2009 e 2011, dirigiu e produziu os 65 episódios do programa semanal Galera de atitude (TVE-RS). Nos últimos anos, suas séries documentais Vida fluxo e Teatro de rua (r)existe foram exibidas em diversos canais do Brasil. Em 2019, estreou como diretor de projetos de animação com o lançamento da série Jogos de inventar e, em 2020, estreia na direção de longas com Contos do amanhã.
JC - Qual a importância de ser selecionado para esta competição dos longas gaúchos no Festival de Gramado? Haveria uma janela de visibilidade melhor neste momento para a estreia do teu primeiro longa?
Pedro de Lima Marques - O Festival de Cinema de Gramado é uma referência não só para quem trabalha ou quer trabalhar com cinema no Rio Grande do Sul, mas para todos os cineastas no Brasil. E ter a estreia do nosso primeiro longa no festival é praticamente a realização de um sonho. Poder compartilhar com equipe, elenco, todo mundo que ajudou e fez parte deste filme, desta história, deste momento, é muito bom. Não consigo imaginar uma janela melhor, para ser sincero. Em termos de circuito de Festivais, estávamos mirando nos festivais internacionais destinados ao gênero, mas a maioria foi adiado ou cancelado. Tínhamos o objetivo de, dentro do planejamento, inscrever em Gramado mas não sabíamos se seria selecionado e nem que a estreia seria no festival. Ficamos muito contentes com o resultado e iniciamos a nossa trajetória de exibições com sucesso.
JC - Há uma certa tradição no RS dos diretores terem como produtoras de seus filmes as respectivas esposas. Mesmo de uma geração posterior, segues essa linha. Como é a parceria com a Daniela Israel?
Marques - A Dani e eu conversamos muito a respeito disso desde o início da produtora. A nossa parceria profissional começou antes da pessoal. Trabalhávamos num estúdio de criação, ela produzindo e eu na pós-produção (na época trabalhava mais com animação 3D, mas sempre de olho na direção). Nos tornamos amigos e depois parceiros pra vida. A Bactéria Filmes, nossa produtora, surgiu quando saímos desse estúdio e estávamos trabalhando como freelancers para outras produtoras. Queríamos produzir histórias fantásticas que tínhamos em mente mas não encontrávamos espaço em outras produtoras para levar adiante esses projetos. Dá para dizer que a nossa aproximação começou comigo falando do Contos do amanhã, ainda como curta, lá em 2007. Comentando com ela no intervalo do nosso trabalho - comendo pão de queijo - sobre a história que tinha em mente e em como realizar os efeitos visuais e tal. Acho que foi ali de fato o início da BAC (apelido que damos à produtora). Somos aficcionados por universos fantásticos, animações e queríamos produzir esse tipo de conteúdo audiovisual. Durante alguns anos realizamos diversos projetos para a TV e sempre dividimos a produção, ela mais na produção criativa, cuidando da formatação dos projetos, indo a eventos de mercado, falando com players e eu mais na produção executiva, direção de produção e supervisão de pós-produção. Costumo dizer que ela cuida da produção para fora da produtora e eu pra dentro da produtora. Formamos uma dupla criativa de realização audiovisual. Os próximos longas da BAC, aliás, são direção da Daniela e produção minha.
Eu acredito que ao longo do tempo, fique mais evidente a nossa quebra de paradigma. Na esteira já temos projetos ficcionais como O Jardim da Rua 13 e De volta ao Jardim da Rua 13, com criação de Viviane Juguero e direção de Daniela Israel; História atrás da porta, com criação de Mariani Ferreira, Rodolfo Castilhos e Gautier Lee; e Sonhos de Velazquez, uma coprodução internacional com direção e roteiro de Tatiana Nequete e Frederico Pinto, além dos documentários Moda orgânica, com direção de Daniela Israel, e o Rebojo, com direção e roteiro de Denise Marchi e Daniel Almeida.
JC - O gênero fantástico no Brasil está conquistando cada vez mais espaço na indústria do audiovisual. Com uma trama futurista que viaja no tempo, é um exercício bem trabalhoso amarrar um roteiro como o teu. O que te fez escrever sobre esse tema, querer contar essa história de ficção científica em um paralelo tecnológico bem diferenciado, “arcaico”? Foste um adolescente da era da internet discada? O bug do milênio te marcou?
Marques - Eu frequentei aquela sala de aula do Julinho em 1999 com os meus 16 anos. Sentei perto da janela e me comunicava com meus colegas com papéis durante a aula. As referências nesse sentido sempre foram muito próximas. Existe muito de mim e dos meus amigos no Jeferson (protagonista do longa). Acho que pra todo mundo que curtia muito tecnologia na época ficava fascinado com a internet e apavorado com o bug do milênio. Eu comecei a trabalhar nessa época numa lanchonete, e comprei meu primeiro computador usado depois de alguns meses juntando dinheiro. Era um PC todo engembrado com peças de diferentes máquinas. Minha curtição era ficar a madrugada toda na internet vasculhando sites, descobrindo coisas, baixando músicas. Levávamos horas pra baixar umas duas ou três músicas, com sorte. No outro dia acordava atrasado para ir pra aula.
Dá pra dizer que tem duas cenas no filme que foram inspiradas na vida real: a entrada do colégio pela garagem (quando se estava atrasado não dava para entrar pela frente) e a cena logo no início do filme em que o Jeferson é acordado pelo professor. Ali claramente sou eu acordando nas aulas, porque eu estava sempre com sono e volta e meia dormia com a cabeça na mesa. Mas o engraçado é que essa história de 1999 foi a última a ser criada dentro do universo do Contos do amanhã. Eu comecei a escrever e criar esse universo de 2003 para 2004. Eram pequenos textos que eu publicava no meu blog com histórias de personagens vivendo no futuro. Como seria viver num mundo que se modificou, por questões ambientais, ou outras forças que obrigaram todos a se adaptar, o que não deixa de ser curioso com o momento em que o filme estreia. Eram sempre histórias narradas em primeira pessoa, como se alguém do futuro estivesse narrando através de um blog.
Aos poucos estas ideias foram criando forma. Até que certo dia, depois de produzir uns três curtas de amigos, de forma independente, eu pensei que poderia começar a produzir um longa-metragem de forma fragmentada, produzindo curtas que depois se juntariam num único filme. Assim surgiu a ideia do Contos do amanhã. Quando decidi juntar os roteiros e criar um longa-metragem, pensei no elemento que faltava para conectar todas as histórias: um adolescente do fim da década de 1990 me parecia perfeito! Robert Zemeckis e Bob Gale, criadores do De volta para o futuro, disseram que a história do filme surgiu quando eles olhavam as fotos dos pais deles na época da escola e imaginavam como seria voltar no tempo e se encontrar com os seus pais, com a mesma idade deles. De certa forma esse olhar deles influenciou muito na criação do Marty Mcfly, assim como a criação do Jeferson. Não saberia ambientar um adolescente no mundo de hoje, ficaria caricato. Já na década de 1990 eu tenho uma ampla bagagem (risos).
JC - Quais foram os desafios da direção de arte em uma concepção de ambientação de futuro (2165) e também na recriação do passado (1999) – computadores, disquetes, o mundo do telefone fixo, internet discada, figurino, caracterização etc?
Marques - Acho que o grande desafio de viabilizar um cenário futurista é que precisamos criar cada detalhe, cada figurino, cada botão, cada parte do que se vê na tela. Precisamos criar e realizar. Como podemos fazer o núcleo, o computador central? O cenário da janela? Até onde construímos e o que pode ser resolvido com efeitos visuais. Como não tínhamos uma referência local em termos de escala de projeto, tivemos que desenvolver cada uma das etapas, dos processos. Estudávamos outras produções para tentar entender como poderíamos aplicar as ideias no filme. Como eu e a Cristy Figueiredo, diretora de arte do filme, já trabalhávamos em diversos outros projetos, já tínhamos um entendimento de como repensar e reaproveitar outros materiais que viabilizassem a produção. Então, foi uma troca muito importante e enriquecedora. O filme contou com mais de 500 planos com efeitos visuais ou algum tipo de intervenção digital. Mas boa parte deles só foram possíveis por causa desses estudos no desenvolvimento e pré-produção.
Já o passado tivemos um desafio quase arqueológico. Por mais incrível que pareça, alguns objetos não são tão fáceis de achar hoje em dia. Computadores antigos, disquetes, videogames, TV de tubo, videocassete, LPs, walkmans. Enfim, uma série de objetos. Nesse sentido tem duas curiosidades interessantes sobre os objetos. O telefone do Jeferson foi super complicado de achar. Eu sei que dei trabalho pra equipe de arte porque eu realmente queria aquele telefone transparente que quando toca vemos a luz piscando. Não fazia sentido na cena se fosse outro e foi super difícil achar. Pessoal rodou a cidade atrás do tal telefone até que conseguiram achar um que funcionasse, porque claro, tinha este outro detalhe: tinha que funcionar. Outra curiosidade foi a calça usada pelo Jeferson. A moda na época era usar uma calça cargo, mais folgada e em 2014 era praticamente impossível de achar algo parecido. Tivemos que fazer umas três ou quatro calças pra ele, sob medida, porque não existia no mercado. A gente pensa que por ser passado - e um passado mais próximo da gente - vai ser mais fácil de achar esses objetos, mas não. Já se passaram 20 anos e muita coisa se perde.
JC - Catharina Conte está excelente como a Boneca no filme. Quais foram as referências para a construção das personagens e dos cenários daquele momento futurista?
Marques - Esse trecho específico é sobre os DCBs, os Demônios da Cidade Baixa que são liderados pela Boneca e dominam a Zona de Exclusão. A Zona de Exclusão é a área fora da cidade-fechada, um local meio inóspito, onde vivem algumas pessoas em 2165. A Zona de Exclusão é uma terra sem lei com o domínio dos DCBs. A Boneca surgiu como uma liderança, que nasceu do caos e tem uma força gigantesca que extrapola os limites do corpo. O visual dela foi baseado na ideia de que ela estaria sempre querendo se cobrir com pedaços de outras roupas, de outras pessoas, e tinha essa fixação por muita maquiagem de diferentes tipos até que tudo isso se transformasse num outro rosto, numa outra máscara revelando diversas camadas da personagem. E por transitar entre essas diferentes camadas de forma tão rápida ela acaba rompendo os visuais, ficando tudo meio rasgado, meio destruído. O que é a representação daquele ambiente onde ela vive. Todo o figurino e maquiagem foram criados pela Cristy Figueiredo e pela Hanny Barcelos. Levava um bom tempo para maquiar e preparar ela.
O Exército da Pacificação eu queria que remetesse a algo muito diferente do que pensamos e visualizamos de imediato quando falamos de exército, militar, policia, força. Eles precisavam parecer meio sobrenaturais, meio alienígenas no sentido de serem completamente diferentes dos DCBs, numa linha quase fantasmagórica. A nave deles não tem aerodinâmica, a voz é diferente e a força que eles oprimem é meio inexplicável: não vemos como e nem por que fazem o que fazem. Tinha que causar um certo medo e tranquilidade ao mesmo tempo. Gosto muito do resultado da cena e a Catharina está fantástica.
JC - Como foi o processo de escolhas das locações para as filmagens, que são espaços bem emblemáticos para o espectador gaúcho: o colégio Julinho, o reduto do Buda na Redenção, a praia de Torres?
Marques - Algumas escolhas foram por familiaridade mesmo. Eu estudei no colégio Júlio de Castilhos, o Julinho. Era o cenário perfeito para o filme.. Eu escrevi o roteiro pensando naquele Colégio. O Buda também, era um local comum na minha adolescência, um ponto de encontro com o pessoal no parque da Redenção. A praia de Torres foi uma escolha que veio principalmente numa pesquisa de locação que fizemos uns anos antes para o projeto, quando ainda era um curta. Sempre gostei daquela vista com a água do mar batendo nas pedras. Imaginava as águas do mar, no futuro depois dos oceanos subirem, batendo nos muros da cidade.
A locação das ruínas (para o momento futurista) fica em Canela. Chamam de ruínas do cassino. É interessante porque o cassino nunca foi construído, no meio da obra, o jogo foi proibido no Brasil e não terminaram. Tem ruínas de muitas décadas e vegetação. É perfeito para um local pós-apocalíptico.