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Cultura

- Publicada em 14 de Setembro de 2020 às 19:58

Um século após primeiro livro, Agatha Christie segue conquistando novos leitores

Romancista mais vendida da história, Rainha do Crime completa 130 anos

Romancista mais vendida da história, Rainha do Crime completa 130 anos


AGATHA CHRISTIE FOUNDATION/REPRODUÇÃO/JC
Roberta Requia
A maior romancista da literatura inglesa está de aniversário nesta terça-feira (15). No ano em que o lançamento de sua primeira obra fecha o ciclo centenário, também completam-se 130 anos do nascimento de Agatha Christie, no Reino Unido, em 1890.
A maior romancista da literatura inglesa está de aniversário nesta terça-feira (15). No ano em que o lançamento de sua primeira obra fecha o ciclo centenário, também completam-se 130 anos do nascimento de Agatha Christie, no Reino Unido, em 1890.
Conhecida como Rainha ou Dama do Crime, seus livros só não venderam mais exemplares que a Bíblia e obras de Shakespeare, e seu nome atravessa gerações de jovens leitores que continuam consumindo seus mistérios. Ao longo de sua vida, Agatha escreveu 66 romances policiais (alguns sob o pseudônimo de Mary Westmacott), 19 peças de teatro e diversas coletâneas de contos, reunidos no maior livro de contos registrado pelo Guiness Book.
Terceira filha da família, Agatha nunca chegou a frequentar a escola, sendo alfabetizada pela mãe e por tutores. Quando o marido, coronel, esteve na Primeira Guerra Mundial, a britânica trabalhou em um hospital e em uma farmácia. Estes locais influenciaram a Rainha do Crime em seus enredos, já que a escritora passou a ter contato com mistérios através dos suspeitos casos de envenenamento que chegavam a seu conhecimento.
Sempre com uma história instigante, Agatha Christie foi a pioneira nos romances policiais a implementar o mistério do "quem matou?", que se perpetuou como conflito em inúmeros clássicos do gênero policial e até mesmo em telenovelas. Carregados por tramas que envolvem famílias, heranças, grandes casas vitorianas e muitas intrigas, o leitor é costurado pelas páginas até acompanhar o desfecho do segredo, descobrindo que é o verdadeiro assassino.
Agatha, inclusive, teria escrito seu romance de estreia, O misterioso caso de Styles, por incentivo da irmã mais velha, que a desafiou a criar uma trama detetivesca na qual o leitor não conseguisse descobrir o assassino até as últimas páginas. No livro, seu personagem mais famoso, o detetive belga Hercule Poirot ganhou vida. Seis editoras recusaram sua publicação, e, somente quatro anos depois das primeiras tentativas, ela conseguiu enfim lançar o título.
Para a jornalista e youtuber Michelle Borges, de 30 anos, a curiosidade e a ambientação são as principais chaves para o sucesso das obras da autora: "Também tem o fato de que suas histórias são bem divertidas e fazem com o que o leitor meio que 'brinque de detetive' junto com os personagens. É muito legal quando conseguimos descobrir antes do final, mas é igualmente interessante perceber que fomos feitos de bobos e deixamos muitas pistas óbvias passarem".
E, para ela, a composição do universo da escritora traz o que de mais essencial a literatura proporciona: uma válvula de escape através de palavras e sensações. "Especialmente em 2020, um ano tão desafiador para todos nós, sinto um pouco de conforto quando leio as histórias de Agatha Christie, que proporcionam um pouco de fuga das notícias e do contexto geral do mundo. E, de certa forma, eles transmitem uma noção de segurança, pois no final sabemos que o mistério será revelado e os personagens poderão seguir com suas vidas", afirma a jovem.
Já para Tito Prates, 56 anos, biógrafo e administrador de um grupo no Facebook que reúne mais de 5 mil fãs da escritora que falam a língua portuguesa, os personagens de Agatha são o que fazem suas leituras únicas: "Um livro não se faz pelas histórias, mas sim pelos personagens, e ela foi mestra nisso. Anos após a leitura de um livro, sempre nos lembramos de algum personagem. As vezes são personagens terciários da história, mas inesquecíveis".
Para ele, a obra da autora também permanece como um documento que retrata a sociedade tradicional britânica à qual a autora gostava de satirizar. "Além disso, a obra de Agatha Christie hoje, além de seu valor em si, é o único registro vivo de 50 anos de evolução da sociedade inglesa, do pós-Primeira Guerra Mundial aos anos 1970. Ela foi a única a ter uma obra tão extensa e a produzir por tanto tempo, possibilitando essa visão da evolução", destaca Prates.
Depois de um século da primeira publicação, são mais de dois bilhões de exemplares comercializados no mundo, cerca de quatro milhões por ano. Agatha Christie, que morreu em 12 de janeiro de 1976, não só implementou a fórmula de um dos principais modelos de romance policial e detetivesco, como manteve seu reinado durante 100 anos. E, ao que tudo indica, continuará na liderança.
Alguns de seus maiores sucessos são impulsionados pelas adaptações cinematográficas de Hollywood. O clássico Assassinato no Expresso Oriente, um de seus livros mais vendidos, possui duas versões: a de 1974, dirigida por Sidney Lumet e com Albert Finney no papel de Hercule Poirot. Mais recentemente, em 2017, Kenneth Branagh atuou como diretor, produtor e ator principal no filme. A produção ganhará uma sequência na adaptação do livro Morte no Nilo, que também será comandada por Branagh e tem lançamento previsto ainda para este ano.
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