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Cultura

- Publicada em 07 de Setembro de 2020 às 20:50

Exibido em Veneza, filme 'Narciso em férias' estreia com exclusividade no Globoplay

Caetano Veloso dá depoimentos no documentário de Renato Terra e Ricardo Calil

Caetano Veloso dá depoimentos no documentário de Renato Terra e Ricardo Calil


GLOBO/DIVULGAÇÃO/JC
O documentário Narciso em férias, de Renato Terra e Ricardo Calil (os mesmos de Uma noite em 67 - resgate histórico do 3º Festival de Música Popular Brasileira), fez sua estreia mundial no Festival de Veneza nesta segunda-feira (7). E, a partir desta data, também fica disponível, com exclusividade, no Globoplay.
O documentário Narciso em férias, de Renato Terra e Ricardo Calil (os mesmos de Uma noite em 67 - resgate histórico do 3º Festival de Música Popular Brasileira), fez sua estreia mundial no Festival de Veneza nesta segunda-feira (7). E, a partir desta data, também fica disponível, com exclusividade, no Globoplay.
No filme, Caetano Veloso faz um relato íntimo e detalhado de sua prisão pela ditadura militar em dezembro de 1968, pouco tempo após a promulgação do AI-5: os dias na solitária, as canções que marcaram o período de confinamento, os episódios vividos com seu amigo Gilberto Gil, preso no mesmo dia. Em Narciso em férias (título que faz referência ao fato de o protagonista não se enxergar no espelho nesse período), Caetano também lê e comenta uma série de documentos secretos da ditadura que estavam inéditos até hoje.
Selecionado para o 77º Festival de Veneza, em uma mostra fora de competição, o longa é uma realização da Uns Produções, produzido por Paula Lavigne e coproduzido pela VideoFilmes, de Walter Salles e João Moreira Salles. No roteiro, Caetano Veloso relembra sua prisão na ditadura militar, quando ele e Gilberto Gil foram retirados de suas casas em São Paulo por agentes à paisana no dia 27 de dezembro de 1968. Sem receber explicações do regime, foram levados ao Rio de Janeiro, deixados em duas solitárias por uma semana e depois transferidos para celas. Caetano ficou 54 dias encarcerado.
Dos dias na solitária, Caetano lembra: "Eu tinha que comer ali no chão mesmo. Isso durou uma semana, mas pareceu uma eternidade. Eu comecei a achar que a vida era aquilo ali. Só aquilo. E que a lembrança do apartamento, dos shows, da vida lá fora era uma espécie de sonho que eu tinha tido. Me lembro muito de uma frase que o Rogério Duarte me disse logo que eu fui solto: 'Quando a gente é preso, é preso para sempre'. Acho que é assim mesmo", afirma Caetano no documentário.
“A beleza deste filme está na maneira como Caetano Veloso, hoje com 78 anos, é capaz de nos levar de volta àquela cela e nos fazer partilhar da impotência do rapaz preso. A simplicidade da encenação - um homem sentado de pernas cruzadas diante de uma parede de concreto, nada mais - dá voz ao essencial, uma escolha ao mesmo tempo estética e moral. Diante da violência, qualquer excesso seria injustificado. Este é um filme sobre o Brasil de antes e talvez de amanhã. Os fantasmas continuam entre nós”, analisa o coprodutor João Moreira Salles.
Narciso em férias respeita e amplifica cada palavra, memória, gesto, silêncio de Caetano", afirma o diretor e roteirista Renato Terra. "É um filme que fala do passado do Brasil, por meio das memórias de Caetano Veloso sobre sua prisão na ditadura, mas também tem muito a dizer sobre o presente do País", complementa o diretor e roteirista Ricardo Calil.
O título do filme também dá nome ao capítulo sobre a prisão do músico em seu livro Verdade Tropical (1997) e foi tirado do romance Este lado do paraíso, do escritor norte-americano F. Scott Fitzgerald. Ele se refere ao fato de Caetano ter passado quase dois meses sem se olhar no espelho. Na mitologia grega, Narciso ou O Auto admirador era um herói famoso por sua beleza e orgulho.
Foi na prisão que o compositor recebeu de sua então esposa Dedé um exemplar da revista Manchete, com fotos inéditas da Terra vista do espaço, o que inspirou a composição da música Terra 10 dez anos depois. Na cadeia, compôs Irene, lembrando a risada de sua irmã mais nova.
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