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Cultura

- Publicada em 23 de Agosto de 2020 às 18:02

Como ferramenta de inclusão, Aloizio Pedersen desenvolve oficinas de pintura no IPF

Artista plástico com a tela 'Arte e vida', em homenagem ao célebre pintor norte-americano Pollock

Artista plástico com a tela 'Arte e vida', em homenagem ao célebre pintor norte-americano Pollock


JOYCE ROCHA/JC
Roberta Requia
A arte chegou por acaso na vida de Aloizio Pedersen, quando o artista tinha 36 anos. Em 1989, após uma consulta com um astrólogo, resolveu fazer o curso de artes apenas: "para provar que não tinha nada a ver com a pintura". Três anos depois, já artista, abria sua primeira exposição individual, apresentado pelos artistas Alice Brueggmann, Paulo Porcella e Vera Wildner.
A arte chegou por acaso na vida de Aloizio Pedersen, quando o artista tinha 36 anos. Em 1989, após uma consulta com um astrólogo, resolveu fazer o curso de artes apenas: "para provar que não tinha nada a ver com a pintura". Três anos depois, já artista, abria sua primeira exposição individual, apresentado pelos artistas Alice Brueggmann, Paulo Porcella e Vera Wildner.
Atualmente, aos 67 anos, o pintor desenvolve um trabalho artístico com o projeto Artinclusão, trabalhando com apenados do Instituto Psiquiátrico Forense do Rio Grande do Sul (IPF). Nas oficinas, professor e alunos buscam juntos, através da arte, ferramentas para a luta contra o preconceito e o estigma da doença psiquiátrica. Pedersen é artista plástico, arte educador, arte terapeuta, ativista, ator e diretor de teatro.
O Artinclusão é uma sequência do projeto Escola Sem Violência, que junto da Escola Estadual Padre Reus, entre 2006 e 2017, trabalhou artes plásticas com jovens alunos para aplacar ondas de vandalismo, agressividade e bullying. A escola inclusive recebeu prêmios em concursos estaduais de teatro, vídeos e artes plásticas após o programa, que ganhou visibilidade e novos locais de atuação como cadeias públicas do Estado e abrigos de menores infratores.
Entre 2019 e 2020, Pedersen realizou 33 oficinas no projeto graças ao Prêmio Fumproarte da prefeitura de Porto Alegre, cujo patrocínio inclusive tornou possível uma exposição no Paço dos Açorianos, com artistas crianças e adolescentes ensinando o público a pintar. "Todos as propostas são por demais significativas, já que o Artinclusão é um método encadeado e sequencial, que vai aprimorando as capacidades de quem o executa", declara. Além do Fumproarte, o programa também recebeu o prêmio da Ajuris, em 2017.
Recentemente, Pedersen apresentou ao público a obra Esperando Van Gogh, na qual, em uma homenagem ao pintor holandês, mesclou as telas Noite estrelada e Corvos no campo de trigo. O trabalho de Van Gogh serviu como inspiração para Pedersen, que convive com o estigma da arte e da loucura em suas oficinas do Instituto Psiquiátrico Forense. "Há três anos, ministro essas oficinas no IPF. Minha atuação, interrompida pela pandemia, é justamente trabalhar no combate deste preconceito, a este triste estigma que acompanha a instituição e seus internos, e apresentar para a sociedade gaúcha sua arte detrás de seus muros", relata o artista. "Com referência às artes produzidas por eles, também há um preconceito absurdo, já que, desde 1922, com a divulgação das descobertas do psiquiatra suíço Hans Prinzhorn, revelando que o processo criativo de uma pessoa com doença mental é o mesmo que uma pessoa dita 'normal', quando vários artistas, tendo Paul Klee como um dos primeiros, que passou a frequentar os manicômios para se inspirar em suas obras, enriquecendo o expressionismo no mundo."
As atividades têm impacto positivo direto no tratamento dos apenados, apresentando melhora em casos de depressão e ansiedade, melhor coordenação motora, coerência na fala e aumento no vocabulário, além de aproximar as famílias ao tratamento. Já foram feitas 17 exposições com obras da oficina, feitas pelos detentos. Recentemente, a instituição foi transformada em um show room com 250 obras em pronta-entrega, com verba integral para seus autores. "Assim, eles estão adquirindo óculos, aparelhos de som, roupas, calçados. Ou também o que é melhor: pedem um xis e um refrigerante da padaria do bairro", comenta Pedersen.
Atualmente, o artista tem usado o tempo da pandemia para dar sequência a obras individuais, em especial a duas séries: Selos da pandemia, onde fotografa canários, e Quando vier a primavera, em que fotografa beija-flores, ambas em acrílico. Ou então outra homenagem a um pintor célebre, o norte-americano Jackson Pollock (1912-1956), cuja morte foi lembrada em 11 de agosto. A tela Arte e vida foi produzida a partir do ritual "dripping" (gotejamento), técnica que consagrou o artista referência do movimento do expressionismo abstrato.
"Estou ultimando o vídeo documentando minhas 33 oficinas, pelo Prêmio Fumproarte/Prefeitura Municipal de Porto Alegre, junto ao Abrigo AR7/Fasc, com crianças e adolescentes em vulnerabilidade e tutelados pelo Ministério Público." Além disso, Pedersen ainda tem participado de lives com oficinas para escolas de todo o Rio Grande do Sul, falando sobre suas obras particulares e seu trabalho social.
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