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Cultura

- Publicada em 01 de Julho de 2020 às 19:04

Otto Guerra celebra inclusão na Academia de Hollywood: "Fica bom no currículo"

Cineasta gaúcho é um dos brasileiros convidados a integrar organização que seleciona filmes ao Oscar

Cineasta gaúcho é um dos brasileiros convidados a integrar organização que seleciona filmes ao Oscar


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Igor Natusch
“É uma coisa boa para o currículo, dizem. Colocar que é membro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood... É um baita nome, não é? Já é mais do que o nosso ex-ministro da Educação (Carlos Alberto Decotelli)”, ri o cineasta Otto Guerra, que surgiu na terça-feira (30) entre os nomes da nova turma do colegiado norte-americano – responsável, entre outras coisas, por votar nos indicados ao Oscar. O realizador, que trabalha com obras de animação, é um dos 819 nomes convidados a se juntar à organização, ao lado de artistas e executivos de cinema de todo o mundo.
“É uma coisa boa para o currículo, dizem. Colocar que é membro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood... É um baita nome, não é? Já é mais do que o nosso ex-ministro da Educação (Carlos Alberto Decotelli)”, ri o cineasta Otto Guerra, que surgiu na terça-feira (30) entre os nomes da nova turma do colegiado norte-americano – responsável, entre outras coisas, por votar nos indicados ao Oscar. O realizador, que trabalha com obras de animação, é um dos 819 nomes convidados a se juntar à organização, ao lado de artistas e executivos de cinema de todo o mundo.
A nova lista reforça, entre outras coisas, a disposição da Academia em construir um júri mais diverso e inclusivo. Dos convidados, 45% são mulheres, 36% de comunidades étnicas ou raciais sub-representadas e 49% de fora dos Estados Unidos, englobando 68 países. Outros brasileiros listados incluem Mariana Oliva e Tiago Pavan (produtores do documentário Democracia em vertigem, que foi indicado em 2020), a montadora Cristina Amaral e os documentaristas Julia Bacha e Vincent Carelli - que nasceu na França, mas foi criado no Brasil e trabalha com temáticas ligadas aos povos indígenas.
A indicação, garante Otto, o pegou completamente de surpresa. “Não tenho ideia de como isso aconteceu. (Quando soube), eu disse: ‘não, isso é uma pegadinha’. Achei que alguém estava me sacaneando”, diverte-se. Para ele, sua inclusão dialoga com esse esforço da Academia em abrir-se para o mundo. “Acho que tem a ver com querer tirar deles aquela coisa do cinemão, dar uma arejada. O (filme sul-coreano) Parasita ter vencido o prêmio principal neste ano é um indício de que estão mesmo tentando abrir para outras línguas e culturas, e isso é interessante tanto para nós quanto para eles.”
Além disso, Otto Guerra acredita que sua presença entre os convidados reforça o momento positivo vivido pela animação no Brasil. Em 2016, O menino e o mundo, de Alê Abreu, chegou a ser indicado ao Oscar de longa em animação. “Temos uns 20 longas de animação em produção no Brasil, só entre os que eu fiquei sabendo. Dois deles são nossos (da Otto Desenhos Animados), então talvez seja algo por aí, mesmo”, diz Otto.
Ele se refere a Lica pode tudo, roteirizado por Lena Maciel e que será o primeiro longa infantil da produtora, e O filha da puta, com roteiro de Carla Guimarães e que conta a história de um menino, filho de uma prostituta famosa no Sertão brasileiro, que inicia uma jornada em busca do pai. Os dois filmes estão em pré-produção, e o realizador espera que a entrada no universo da Academia ajude a obter investidores internacionais que ajudem a fechar as contas de ambos.
O momento do estúdio de Otto Guerra é bom. Seu último longa-metragem, A cidade dos piratas, coleciona honrarias em festivais como Gramado, Havana, o Anima Latina de Buenos Aires e o Cinanima da cidade de Espinho, em Portugal. Por sua vez, a série Rocky & Hudson – os caubóis gays já está nas mãos do Canal Brasil, que deve começar a exibir os episódios a partir de agosto.
“Quando teve o golpe na (ex-presidente) Dilma, em 2016, eu já senti que o Brasil ia entrar nesse período de decadência, que tudo que foi construído ia ser atacado. Então, chamei uma produtora a mais e montamos um monte de projetos (para financiamento). Estamos cheios de trabalho, mas porque me dei conta lá atrás que a coisa ia ficar como está. Se vamos ter que aguentar o governo Bolsonaro, que seja trabalhando”, acentua, para, logo em seguida, voltar ao tom divertido habitual. “Por isso que é bom ficar velho. O pessoal na produtora dizendo ‘deixa de ser pessimista’, ‘que paranoia’. Está aí a paranoia”, brinca, dando uma risada.
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