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patrimônio

- Publicada em 22 de Junho de 2020 às 20:45

Novo título do cineasta Zeca Brito entra na grade do Canal Curta!

Sétimo longa do diretor, documentário 'Trinta povos' investiga as missões jesuíticas

Sétimo longa do diretor, documentário 'Trinta povos' investiga as missões jesuíticas


ANTI FILMES/DIVULGAÇÃO/JC
Sétimo longa do cineasta gaúcho Zeca Brito, o documentário Trinta povos estreia nesta terça-feira (23), às 18h, no Canal Curta!. Escrito, produzido e dirigido pelo bajeense que lançou em 2019 Legalidade, o novo título aborda o legado das missões jesuíticas na América Latina. A produção da Anti Filmes e da Boulevard Filmes investiga a história do Brasil, Argentina e Paraguai através de ruínas e reminiscências de arquitetura, pintura e mitologias.
Sétimo longa do cineasta gaúcho Zeca Brito, o documentário Trinta povos estreia nesta terça-feira (23), às 18h, no Canal Curta!. Escrito, produzido e dirigido pelo bajeense que lançou em 2019 Legalidade, o novo título aborda o legado das missões jesuíticas na América Latina. A produção da Anti Filmes e da Boulevard Filmes investiga a história do Brasil, Argentina e Paraguai através de ruínas e reminiscências de arquitetura, pintura e mitologias.
As reprises no Canal Curta! serão na quarta-feira (24), às 4h e às 12h; quinta-feira (25), às 6h; sábado (27), às 7h, e domingo (28), às 3h40min.
O trabalho de pesquisa reunido para o filme analisa os três países separados por águas e linhas imaginárias, porém unidos pela cultura e por uma história comum: um passado jesuítico, barroco e guarani. Também assinam a produção Frederico Ruas, Letícia Friedrich, Lourenço Sant’Anna, e Zuleika Borges Torrealba (1933-2019). O financiamento é do Fundo Setorial do Audiovisual através da Ancine e BRDE.
A première mundial foi no Festival de Cine de Punta del Este, em fevereiro, no Uruguai.

Dança das águas nas Cataratas do Iguaçu encanta os olhos na abertura da obra

Dança das águas nas Cataratas do Iguaçu encanta os olhos na abertura da obra


ANTI FILMES/DIVULGAÇÃO/JC
A obra foi dividida em quatro capítulos, nesta ordem: Fé e martírio, Nativos e invasores, Barroco Jesuítico-Guarani e El Gran Paraguay - A terra prometida.
Explorando a magnitude das Cataratas do Iguaçu, como um ponto de intersecção entre os três países, a narrativa se inicia dando indícios de por que "a terra prometida" poderia ser encontrada ali, com recursos naturais em abundância. Aquele chão em que tudo que se planta pode crescer...
A produção foi rodada no Rio Grande do Sul (Caibaté, São Miguel das Missões, Santo Ângelo, São Borja, Santa Maria, Porto Alegre, Candelária, São Nicolau e São Luiz Gonzaga), em Foz do Iguaçu e em cidades da Argentina (San Ignacio Miní, San Ignacio Guaço, Posadas, Concepción de la Sierra, Santa Maria de La Mayor, La Cruz) e Paraguai (Assunción, Santiago, Jesus Tavarangüé, Santa Rosa de Lima, Santisima Trinidad e Encarnación) em 2019.

Legado artístico, arquitetônico e simbólico por nativos e pesquisadores

TRINTA POVOS - Ruínas como a de San Ignacio Miní, na Argentina, tornaram-se pontos turísticos

TRINTA POVOS - Ruínas como a de San Ignacio Miní, na Argentina, tornaram-se pontos turísticos


ANTI FILMES/DIVULGAÇÃO/JC
Conforme o diretor Zeca Brito, a proposta de Trinta povos era resgatar o legado artístico, arquitetônico, pictórico e simbólico do processo de colonização jesuítico-guarani. “O grande desafio do trabalho foi costurar uma história fragmentada geopoliticamente, um passado comum entre três países que hoje se encontram separados, divididos por questões distintas, mas com elementos culturais, históricos e etnográficos que os ligam”, explica o realizador, que divide o roteiro com Maria Elisa Dantas e Jardel Machado Hermes - este último, também responsável pela montagem, que chama a atenção pelos nexos entre os temas explorados e locais visitados.
Em pouco mais de uma hora, o documentário reúne e contrapõe diversos depoimentos de nativos e pesquisadores sobre arte, religião, política territorial e outros assuntos. Entre os entrevistados, estão diversos guias turísticos das reduções jesuíticas (Carolina Gross, Cesar Lucas Aguillar), o escritor Alcy Cheuiche (que conversa com a equipe na Sala Missioneira do Museu Julio de Castilhos), Ariel Ortega (Cacique Guarani – Aldeia Tekoa Koenju), Bozidar Darko Sustersic (Doutor em História da Arte), Carlos Alberto Beloye (professor de História) e José Herter (escultor de santos).
“É um filme que faz uma visão crítica sobre a história e traz questões políticas acerca da ocupação territorial que começa em 1606 com a chegada do jesuíta e chega aos dias atuais com os conflitos agrários nesse território”, conclui Brito. A questão da reforma agrária aparece no longa mais precisamente com o Movimento Paraguaio Campesino, mostrando uma bandeira do País com os dizeres "Terra sin males", fazendo alusão à missa homônima, uma proposta paradoxal de homenagem aos mártires da causa indígena no campo da Igreja Católica, trazida pelos colonizadores (ou invasores) espanhóis.

Pela religião, o protagonismo das artes

Arquitetura, escultura e música são pontos altos do filme

Arquitetura, escultura e música são pontos altos do filme


ANTI FILMES/DIVULGAÇÃO/JC
Zeca Brito opta por uma obra de grande vulto estético e contribuição para o campo das artes. As decisões da narrativa demonstram que os realizadores não se preocupam com um didatismo histórico excessivo, como evidencia a abordagem sutil e breve dos personagens Roque González e Sepé Tiaraju. A relevância do tema a que se dedicam se dá mais pelos registros visuais do que pela voz dos especialistas. O primeiro plano é a arte; nele, estão a arquitetura, pelas suas ruínas, e a arte, nas esculturas missioneiras em madeira, um estilo que permaneceu através do tempo.
Mais do que as representações pictóricas dos santos da Igreja Católica, os anjos músicos e bochechudos saídos das mãos dos indígenas guaranis parecem estar tocando e cantando diretamente da tela para o espectador. A trilha original, assinada por Clarissa Ferreira, merece destaque, auxiliando neste sentido. A direção musical é de Rita Zart.
Entre as composições de Clarissa, foram utilizados os temas Cunumi, Matecito e Lucidez, que contaram com os instrumentistas Neuro Júnior (no violão de 7 cordas), Miguel Tejera (no contrabaixo acústico), Renato Müller (na gaita-ponto) e Lucas Ramos (no bombo leguero), além da própria autora no violino.
A canção guarani Oreru Nhamandí Tupã também é importante na condução do documentário. Ainda estão presentes Suite for orchestra N. 3, de Bach, e Missa San Ignacio: Gloria, de Zipoli.
A produção contou com consultoria histórica de Paula Ramos e, iconográfica, de Flávio Gil e Bozidar Darko Sustersic (um dos depoimentos do longa).