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Cinema

- Publicada em 06 de Abril de 2020 às 19:30

Um dos grandes nomes do cinema, Francis Ford Coppola completa 81 anos

Diretor de 'O poderoso chefão' redefiniu conceitos da sétima arte

Diretor de 'O poderoso chefão' redefiniu conceitos da sétima arte


TIZIANA FABRI/AFP/JC
A infância de Francis Ford Coppola não foi totalmente saudável. Com oito anos, ele contraiu poliomielite, o que fez com que ficasse quase um ano inteiro de cama. Segundo seu próprio relato, passava boa parte do tempo sozinho, se distraindo com uma série de engenhocas, às vezes concebidas por ele mesmo. Outras invenções daqueles dias eram mais artísticas: brincando com marionetes, o jovem Francis passava boa parte dos seus dias imaginando enredos, personagens e histórias.
A infância de Francis Ford Coppola não foi totalmente saudável. Com oito anos, ele contraiu poliomielite, o que fez com que ficasse quase um ano inteiro de cama. Segundo seu próprio relato, passava boa parte do tempo sozinho, se distraindo com uma série de engenhocas, às vezes concebidas por ele mesmo. Outras invenções daqueles dias eram mais artísticas: brincando com marionetes, o jovem Francis passava boa parte dos seus dias imaginando enredos, personagens e histórias.
Inventar tornou-se, de fato, a principal atividade de Francis Ford Coppola na vida adulta. O diretor e roteirista, nascido no dia 7 de abril de 1939 - ou seja, está completando 81 anos nesta terça-feira -, é uma verdadeira lenda viva do cinema, com vários de seus filmes listados entre os grandes clássicos da tela grande. Com um estilo marcado pela intensidade visual e por cenas longas (muitas vezes em contraste com certa economia nos diálogos), Coppola construiu uma carreira errática, com sucessos estrondosos e longos períodos de ausência, mas que ajudou a redefinir conceitos fundamentais da sétima arte.
Nascido em uma família de imigrantes italianos, Francis viveu em muitas cidades diferentes na infância, devido às muitas viagens de seu pai Carmine, um flautista. Ainda assim, sempre considerou Nova York sua cidade natal, e foi nela que começou a desenvolver sua carreira artística. De início, estava decidido a escrever peças teatrais - mas, ao assistir Outubro, do russo Sergei Eisenstein, concluiu que o cinema era a forma mais poderosa de contar uma história.
A primeira obra profissional de Coppola é Tonight for sure (distribuído no Brasil como Os amantes do nudismo), um longa experimental misturando comédia, faroeste e softcore. A estética bizarra, que não guarda qualquer semelhança com os clássicos posteriores, seria também a marca de Demência 13, produzido por Roger Corman e que, anos depois, passaria a ser um filme de culto entre apreciadores de terror de baixo orçamento.
Formado pela prestigiosa UCLA de Los Angeles, Coppola era um dos principais nomes de um movimento chamado Nova Hollywood, ao lado de realizadores como Brian De Palma, George Lucas, Martin Scorsese e Steven Spielberg. Esse grupo começou a ganhar destaque a partir de 1971, quando Coppola ganhou, ao lado de Edmund H. North, o Oscar de Melhor Roteiro Original pelo filme Patton, lançado no ano anterior. Além da ênfase em narrativas que fugissem dos modelos clássicos, a Nova Hollywood consolidou a ideia do diretor como autor intelectual de um filme, tirando o holofote dos produtores, que, até então, eram a assinatura mais importante nos créditos.
Lançado em 1972, O poderoso chefão não apenas cristalizou essas mudanças, como se tornou rapidamente um marco na história do cinema. A complexa história sobre os mafiosos da família Corleone é, praticamente desde quando entrou em cartaz, presença constante na lista de melhores filmes de todos os tempos, e ganhou duas continuações, em 1974 e 1990 - a segunda parte foi a primeira continuação a ganhar o Oscar de Melhor Filme, e seu enorme sucesso fez com que a ideia de sequências, antes restrita a produções distantes do mainstream, se tornasse comum nos grandes estúdios cinematográficos.
Mesmo com a fama consolidada (ou, talvez, justamente por isso), Francis Ford Coppola nunca se manteve distante de polêmicas e sobressaltos. O clássico Apocalypse Now (1979) recebeu várias diferentes edições no decorrer dos anos, e o fracasso comercial de O fundo do coração (1981) forçou Coppola a vender seu estúdio Zoetrope e a trabalhar, durante o restante da década, quase exclusivamente para pagar seus credores. A terceira parte de O poderoso chefão foi criticada pela presença de Sofia Coppola, escolhida de última hora para interpretar o papel que seria de Wynona Rider - mais tarde, a filha do realizador se transformaria em uma diretora respeitada, pelos próprios méritos.
Desde O homem que fazia chover (1997), a produção de Francis Ford Coppola caiu sensivelmente, com algumas poucas obras experimentais e recepção pouco efusiva da crítica. Porém, se engana quem pensa que ele desistiu da direção: no momento, está envolvido com a pré-produção do épico Megalopolis, que trata da reconstrução de Nova York após um acontecimento catastrófico. O mundo do cinema aguarda, com muita expectativa, por mais uma chance de mergulhar na visão cinematográfica grandiosa de Coppola.

Dez filmes fundamentais de Coppola

Caminhos mal traçados (1969) - Mesmo pouco lembrado, esse drama sobre uma mulher que "tira férias" do casamento ao descobrir que está grávida traz elementos fundamentais para a produção futura de Coppola
O poderoso chefão (1972) - Narrando a trajetória da família mafiosa de Don Vito Corleone, é amplamente reconhecido como revolucionário e um dos filmes decisivos na história do cinema
A conversação (1974) - Ganhador da Palma de Ouro em Cannes. Nele, um investigador contratado para espionar um casal de amantes passa a questionar os efeitos negativos de suas ações
O poderoso chefão II (1974) - Três anos depois dos eventos da primeira parte, Coppola retorna ao cotidiano dos Corleone, em uma trama que muitos consideram superior ao filme anterior
Apocalypse Now (1979) - No Vietnã, um experiente agente do Exército dos EUA recebe a missão de matar um coronel que enlouqueceu e virou líder de um culto messiânico
O selvagem da motocicleta (1983) - Surgido em um período de queda na carreira de Coppola, esse drama sobre gangues de motociclistas é elogiado pela estética ousada e recursos inovadores para a época
Peggy Sue, seu passado à espera (1986) - Outro destaque da "entressafra" do diretor, mistura drama, comédia e fantasia para narrar a saga de uma mulher de meia-idade que volta magicamente para os tempos de faculdade
O poderoso chefão III (1990) - Encerramento da saga dos Corleone, agora focado na trajetória de Michael, que tenta dar aos negócios da família uma carga de respeitabilidade
Drácula de Bram Stoker (1992) - Sombria e romântica releitura da clássica história de horror, centrada em um vampiro que sofre por um amor que atravessa os séculos
O homem que fazia chover (1997) - Último grande filme do diretor, traz um jovem advogado que assume o caso de uma família que tenta forçar uma companhia de seguros a bancar a cirurgia do filho