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Cultura

- Publicada em 29 de Março de 2020 às 17:17

Pinceladas de cor e de vida para comemorar o aniversário de nascimento de Van Gogh

'A noite estrelada' é uma das obras mais famosas do artista nascido em 30 de março de 1853

'A noite estrelada' é uma das obras mais famosas do artista nascido em 30 de março de 1853


VINCENT VAN GOGH/REPRODUÇÃO/JC
Igor Natusch
Nas pinturas de Vincent Van Gogh, as cores e pinceladas tinham conteúdo não apenas expressivo, mas quase filosófico. Longe de buscar a representação fiel, o lendário pintor holandês, nascido no dia 30 de março de 1853, queria que as pessoas vissem, em cada quadro, o mundo que o próprio artista enxergava dentro de si. 
Nas pinturas de Vincent Van Gogh, as cores e pinceladas tinham conteúdo não apenas expressivo, mas quase filosófico. Longe de buscar a representação fiel, o lendário pintor holandês, nascido no dia 30 de março de 1853, queria que as pessoas vissem, em cada quadro, o mundo que o próprio artista enxergava dentro de si. 
"Retenho da natureza as sequências, uma determinada correção na disposição dos tons. Eu estudo a natureza de forma a não fazer tolices e me manter razoável", diz o artista, em uma das inúmeras cartas enviadas ao irmão Theo. "Mas eu não me importo nem um pouco se as minhas cores são precisamente as mesmas, na medida em que elas pareçam tão boas, na tela, quanto parecem na vida."
Após uma vida que virou quase uma definição do gênio atormentado, as cores de Van Gogh se tornaram um dos elementos mais marcantes da arte mundial. Sua influência vai muito além dos pincéis e cavaletes: o livro Cartas a Theo, surgido a partir da correspondência que trocou com o irmão, é um dos mais profundos mergulhos na alma do artista em toda a literatura, e seu estilo expressionista transbordou para outras telas, transformando-se em um padrão estético frequentemente evocado no cinema.
Filho de uma família de classe média da zona rural holandesa, Van Gogh era uma criança séria e silenciosa, com muitas dificuldades de adaptação nas escolas que frequentou. De acordo com o próprio, sua juventude foi "austera e fria" - e a arte, desde muito cedo, parece ter surgido como forma de transcender um cotidiano que o sufocava e fazia infeliz.
Sua produção artística teve cerca de uma década de duração, e soma mais de duas mil obras, a maioria delas datando de seus dois últimos anos de vida. Uma produção tão intensa quanto trágica: das inúmeras cartas trocadas com Theo, surge uma personalidade triste e angustiada, e boa parte de suas telas (em especial, as mais antigas) foram criticadas e menosprezadas à época.
Ao mesmo tempo em que pintava quadros hoje vistos como obras-primas (como A noite estrelada, Quarto em Arles, O café à noite e seus vários autorretratos e girassóis), Vincent van Gogh enfrentava abalos emocionais que fizeram fracassar sua parceria com Paul Gauguin e o levaram ao famoso incidente em que decepou a própria orelha (em dezembro de 1888) e à morte, pouco mais de um dia depois de dar um tiro contra o próprio peito, em 27 de julho de 1890.
Segundo o irmão e companheiro Theo (que morreria meses depois, amargurado com a perda de Vincent), as últimas palavras do gênio da pintura foram "a tristeza vai durar para sempre" - uma despedida tão dolorida e desconsolada quanto sua própria vida.
Hoje, a maior coleção das obras do pintor está no Museu Van Gogh, concebido pelo seu sobrinho Vincent Willem e que é o espaço cultural mais visitado da Holanda, chegando aos 2,7 milhões de visitantes em 2017. Boa parte de suas telas está espalhada por outros museus e coleções particulares ao redor do mundo.
Em 2002, duas pinturas - Vista do mar em Scheveningen e Congregação deixando a igreja reformada em Nuenen - foram roubadas do Museu Van Gogh, em um crime que se tornou infame nos círculos da arte; as telas foram recuperadas 14 anos depois, em meio à coleção clandestina de um mafioso italiano.
Para quem deseja um mergulho mais profundo na figura atormentada de Vincent Van Gogh, uma sugestão é o longa-metragem No portal da eternidade (2019), dirigido por Julian Schnabel e que apresenta Willem Dafoe no papel do pintor. O filme se concentra em um momento-chave da vida do artista: sua estadia em Arles, no Sul da França, para onde rumou aconselhado por Paul Gauguin e onde viveu uma das fases mais prolíficas (e conturbadas) da carreira.
Outra bela transposição para as telas do cinema está em Com amor, Van Gogh (2017), de Dorota Kobiela e Hugh Welchman. Neste caso, a referência é acima de tudo visual: reproduzindo o inconfundível estilo do holandês, a animação conta com 65 mil quadros pintados manualmente por 125 artistas, que trabalharam sobre frames das cenas rodadas com atores reais. A história tem caráter biográfico, usando como gancho uma suposta carta de Vincent a Theo, não entregue enquanto ambos viviam e que, agora, precisa encontrar um destinatário adequado.
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