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Cultura

- Publicada em 12 de Janeiro de 2020 às 22:15

Porto-alegrense Ramiro Levy se arrisca por novos caminhos

Integrante da banda Selton traz seu show solo, no qual interpreta clássicos de Chet Baker, para a Capital

Integrante da banda Selton traz seu show solo, no qual interpreta clássicos de Chet Baker, para a Capital


LIVIA GIACOMINI/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
Assumir riscos é um dos elementos centrais em qualquer trajetória artística. Para o porto-alegrense Ramiro Levy, esse é praticamente o ponto de partida, já que foi em uma viagem sem pretensões pela Europa que fixou-se na Itália e formou a banda Selton, de grande sucesso naquela região. E o músico traz a Porto Alegre um novo momento de ousadia: a primeira apresentação na cidade de seu projeto solo, no qual faz uma releitura (no formato voz e guitarra) de temas seminais do jazzista Chet Baker.
Assumir riscos é um dos elementos centrais em qualquer trajetória artística. Para o porto-alegrense Ramiro Levy, esse é praticamente o ponto de partida, já que foi em uma viagem sem pretensões pela Europa que fixou-se na Itália e formou a banda Selton, de grande sucesso naquela região. E o músico traz a Porto Alegre um novo momento de ousadia: a primeira apresentação na cidade de seu projeto solo, no qual faz uma releitura (no formato voz e guitarra) de temas seminais do jazzista Chet Baker.
A apresentação no Instituto Ling (João Caetano, 440), que acontece hoje, às 20h, está com ingressos esgotados. Mas um show extra está agendado para amanhã, na Casa Musgo (Vieira de Castro, 80), também às 20h. O ingresso sai por R$ 20,00, e a entrada é por ordem de chegada.
Para marcar esse passo novo na carreira, Ramiro resolveu assumir um nome artístico específico. No EP Khaled Levy sings Chet Baker vol. I, base do show que já foi apresentado em algumas cidades italianas, ele resgata um apelido dos tempos de escola - o que traz a seu trabalho solo um sentimento de retorno às origens e, ao mesmo tempo, um caráter de renovação.
"Esse projeto existe dentro da minha cabeça há anos, mas é a primeira vez que consigo encontrar o espaço e a forma para colocar ele para fora", diz Ramiro, em entrevista ao Jornal do Comércio. "É muito forte a experiência de se colocar em jogo outra vez, sozinho na frente de um microfone, com uma guitarra na mão e uma história para contar. Para mim está sendo uma descoberta incrível."
O contato de Ramiro com a obra de Chet Baker teve início já na Itália, enquanto ele estudava na Scuola Civica di Jazz de Milão. "Foi a primeira vez que estudei música através da voz e não da guitarra, e isso fez com que naturalmente eu começasse a ir atrás de referências", explica. "No momento em que escutei pela primeira vez Time after time cantada pelo Chet Baker, algo muito forte brilhou dentro de mim, e comecei um processo intenso de descoberta da minha voz. A maneira dele de cantar, de enxergar a melodia, de se colocar em relação à música foram determinantes para a minha formação, como intérprete, músico e, enfim, como artista."
Em vários aspectos, o trompetista e cantor norte-americano encarnava o que se costuma associar com o estereótipo de "artista atormentado" - algo que Ramiro garante só ter descoberto muito depois de se apaixonar pela obra de Chet. "Acredito que a vulnerabilidade dele fosse fruto de uma sensibilidade extrema que, na minha opinião, sempre se manifestou de maneira brilhante na sua música. Fiquei muito impressionado (quando soube do histórico do músico), justamente por sua música ter sempre me transmitido o oposto: extrema calma, lucidez e serenidade." Para honrar esse jogo de luz e sombras, Ramiro Levy optou por um formato minimalista, no qual "cada nota preenche um espaço muito importante".
Lidando com um artista tão singular, a escolha do pseudônimo Khaled Levy acaba sendo também uma forma de pontuar uma singularidade. Ao usar o novo nome, o músico cria, de forma consciente, um imaginário em torno deste momento de sua carreira. "De alguma maneira, o nome Khaled sempre me pertenceu. Meu pai é egípcio, e, desde pequeno, os meus amigos mais próximos me chamam assim. Gosto do nome Khaled porque ele ajuda a contar um pouco sobre quem eu sou, de onde venho", comenta.
O ano de 2020 promete ser de ritmo acelerado para Ramiro Levy. Além de promover Khaled Levy sings Chet Baker vol. I, o músico toma fôlego para as atividades da Selton, que deve lançar um novo CD. O novo trabalho, ainda sem título confirmado, deve ter a participação de diversos produtores e músicos, oriundos de diferentes países - um deles, o brasileiro Guilherme Kastrup, produtor dos trabalhos mais recentes de Elza Soares. "A contaminação sempre foi uma constante no nosso trabalho, mas, desta vez, decidimos realmente fazer um disco aberto, colorido, com o toque de muitas mãos diferentes. Assim que eu voltar para Milão, nos fecharemos em estúdio para finalizar a produção do disco", revela.
O que não significa, é claro, que o recém-descoberto sabor da carreira solo será deixado de lado - ou que o recém-surgido Khaled vá sumir do palco em um futuro próximo. "Esse EP e essa turnê são a primeira semente de algo que eu gostaria de levar adiante com o tempo", garante. "Sinto que ainda tenho muito o que dar e muito o que aprender com o Khaled. Hoje, através do Chet Baker; no futuro, quem vai saber?"
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